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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Em busca do Leopardo perdido

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Aquele que um dia escreveu que é “preciso que tudo mude, para que continue tudo na mesma” disse que o seu romance Leopardo nasceu porque precisava da memória da sua Sicília antes dos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra. Com a destruição de Palermo, corria o risco de perder a sua identidade. Das pedras que se põem a falar, José Sarmento Matos, ressuscita as pessoas que lá viveram, e restora-nos a um tempo e a uma cidade que se foi esquecendo por entre camadas que se sobrepuseram. Despontam é evidente, manifestações desses tempos: a Sé de Lisboa, a Cerca Fernandina, o Castelo, o Convento do Carmo, entre tantos outros edifícios. Nesta Lisboa que é um cenário montado junto ao Tejo, sobre-elevado em colinas ondulantes, o antigo e o novo convivem lado a lado. Uma cidade heterogénea, de traçados antigos mas também de boulevards modernos que, tal qual secções de pista de comboios de Natal, se associou àquilo que, de tempos imemoriais, se construíra nessas colinas. Uma cidade que nas...

Ser pelos valores, ou ser pelos interesses

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Creio que vivemos profundamente desintegrados. Enquanto proclamamos a moral, continuamos a agir como se ela não existisse. No mundo das empresas, o mais das vezes reina apenas a procura do lucro, sendo que o bom profissional é aquele que tem um desempenho mais eficiente e que traz resultados. Nunca vemos uma empresa como uma unidade orgânica, enraizada na sociedade, com responsabilidades. O primado vai antes para o desempenho. Neste Natal conversei um pouco com o João, que é médico. Estava eu a dizer-lhe que talvez como em nenhuma outra profissão se viva hoje no confronto entre a humanismo e o utilitarismo como na profissão médica: como poder avaliar o acto médico se o critério é o da eficiência? O que é a eficiência considerada em termos médicos? É curar a pessoa? É curar a dor? É curar a doença? No passado, se calhar, seria curar a pessoa. O médico era um alquimista. Era um sábio.  Comecei por dizer que vivemos profundamente desintegrados. Vivemos assim porque em sociedade ...