Em busca do Leopardo perdido
Aquele que um dia escreveu que é “preciso que tudo mude, para que continue tudo na mesma” disse que o seu romance Leopardo nasceu porque precisava da memória da sua Sicília antes dos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra. Com a destruição de Palermo, corria o risco de perder a sua identidade. Das pedras que se põem a falar, José Sarmento Matos, ressuscita as pessoas que lá viveram, e restora-nos a um tempo e a uma cidade que se foi esquecendo por entre camadas que se sobrepuseram. Despontam é evidente, manifestações desses tempos: a Sé de Lisboa, a Cerca Fernandina, o Castelo, o Convento do Carmo, entre tantos outros edifícios. Nesta Lisboa que é um cenário montado junto ao Tejo, sobre-elevado em colinas ondulantes, o antigo e o novo convivem lado a lado. Uma cidade heterogénea, de traçados antigos mas também de boulevards modernos que, tal qual secções de pista de comboios de Natal, se associou àquilo que, de tempos imemoriais, se construíra nessas colinas. Uma cidade que nas...