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Zeitegeist

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No outro dia bebia um copo com uns amigos espanhóis e falávamos um pouco de história dos nossos dois países quando um deles comentava que as nossas histórias eram paralelas, que com muitos poucos anos de diferença os bens da Igreja tinham sido vendidos ao tempo do Liberalismo. Isso fez-me pensar noutras questões, por exemplo se, na história, existem ventos aos quais se não nos podemos opor.  Os alemães têm um termo próprio para isto o "Zeitgeist", traduzido à letra o "Espírito do Tempo". Na nossa história podemos encontrar inúmeras questões em que era muito nítido que estaríamos a lutar contra os ventos da história: o colonialismo é naturalmente um deles, mesmo que possamos ver que nele jogavam muitas forças, como a Guerra Fria. Mas onde se joga a questão da convicção, em que mesmo que todo o mundo diz que devemos mudar, nos devemos manter iguais?  Há que ser inteligente e perceber. Como se diz na gíria, só os burros não mudam! O Leopardo de Lampedusa é bem sintomát...

Crónica do Tempo que passa

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Na semana passada assisti pelo youtube, muitos anos depois de o ter feito, a um discurso de Barack Obama no Parlamento inglês. Em cerca de 1 hora, frente a uma extensa plateia de ambas as câmaras suspensa no seu poder de exposição, Obama foi o "primo americano" arauto do mundo livre, defendendo porque continua a fazer sentido a América e Inglaterra continuarem de mãos dadas. Fiquei realimente impressionado com a sua capacidade de pensar o mundo e de o fazer na base de valores. No final, creio que foi à presidente da Câmara dos Pares a quem coube fechar a sessão e agradecer... que ele incorporaria bem aquela máxima de "liderar com poesia e governar com prosa". Essa mesma noite, procurei um filme para ver à noite e encontrei, entre muitas opções, "Michelle e Obama, o Primeiro Encontro", um filme de 2016. Filme muito bem feito, com uma narrativa simples relativa ao primeiro encontro que terão tido. Michelle, um tanto desconfiada das aproximações de Obama, vai...

Ver turvo

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Não podemos deixar que o trabalho excessivo seque a fonte viva do nosso interior. Há uma tendência muito actual de medir o nosso valor por aquilo que fazemos. Ora, nós somos mais do que isso. Por vezes, na voragem dos dias, em que tantos e tantos afazeres nos vão consumindo toda a energia, damo-nos conta que apenas nos arrastamos. Arrastamos os pés. Byung Chul-Han um filósofo sul-coreano radicado na Alemanha tem escrito bastante sobre esta sociedade do fazer, a que chamou a "sociedade do cansaço". Há um grande campo para repensar a forma como vivemos.  Muitos movimentos têm sido criados no mundo ocidental e a juventude está atenta à necessidade de encontrar uma forma de vida mais saudável. Alguns vão buscar inspiração a práticas espirituais orientais. Penso que será necessário às religiões ocidentais pensarem como deverão também viver nestes tempos em que o trabalho parece secar a realidade. Como fazer para que as religiões sejam uma forma que revitalize e dê de novo a energi...

Um importante debate - educação vs. fiscalidade

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Ontem, dia 28, o programa "Circulatura do Quadrado" foi no Palácio de Belém, com o Presidente da República como anfitrião de José Pacheco Pereira, António Lobo Xavier e Ana Catarina Mendes. Numa das suas intervenções, já o programa ia a mais de meio, José Pacheco Pereira coloca uma questão pertinente que me fez pensar: refere as ideias da Iniciativa Liberal, nomeadamente que o que há que fazer sobretudo é diminuir o peso do Estado, engordado pelos governos do PS e do PSD, aquilo que seria um certo modo "socialista". Segundo ele, a questão não estaria aí: estaria antes nas qualificações da população portuguesa. Não crescemos menos que a República Checa porque temos uma fiscalidade má; crescemos menos porque as qualificações nesse, e noutros estados da Europa de Leste que nos passaram à frente, são melhores que as nossas. Pacheco Pereira referiu também o protestantismo. Concordo que a massa cinzenta é talvez o maior "asset" das economias pujantes. Pense-se n...

Réussir, de Michel Quoist

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" Si tu veux te mettre tout entier dans l'action, si tu veux te donner totalement, si tu veux être pleinement disponible, si tu veux aimer de tout ton cœur, si tu veux prier de toutes tes forces, possède parfaitement ton corps, ton cœur, ton esprit et leur débordante vitalité.  Possède-toi, alors tu pourras dire : J'agis, je me donne, je suis disponible, j'aime, je prie."    Pe. Michel Quoist

Sem palavras, o nosso país e o que sentimos muitas vezes

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A moeda de prata e a moeda de ouro

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Quando era pequeno e abria e remexia em gavetas na esperança de nelas encontrar a própria razão da sua curiosidade, um conjunto de 3 moedas de prata, reluziu como tesouro inesperado.  E logo o brilho da prata encandeou sua razão e fê-lo preparar um plano espantoso para que uma dessas moedas lhe fosse a si atribuída com propriedade, de forma indiscutível: pegou numa delas, saiu de casa de seu avô e pouco depois surpreendeu os adultos como o achado extraordinário de uma visita à rua...  Os adultos pouco nisso repararam.  Ninguém o contrariou, mas ainda hoje se pergunta a si próprio se no fundo alguém terá percebido o embuste, aquele embuste por si criado quando tinha menos de 10 anos de idade. Passaram-se entretanto mais de 30 anos e, surpresa, um cliente seu, em sinal de gratidão pela assistência que lhe prestara enquanto advogado, sentados à mesa, estende-lhe numa pequena bolsa um objecto e diz-lhe: " isto é para si, muito obrigado pelo seu trabalho ".  Era...