Um homem à beira mar

Não vejo ali arrogância. Naquela sorriso simpático e naquele jeito do lábio vejo sinceridade. Homem tímido. Homem bom. Daqueles que vão para o Céu. Daqueles que pertencem ao clube dos bons. Pertencer ao clube dos bons é muito importante. Papa Benedetto XVI é como se diz em italiano. Ele é alemão. Mas o dizer que é alemão ofusca. Ele é já velho. Foi leal. Foi constante. Foi esclarecido. Estudioso. Exigente. Sério. Empenhado. É discreto, não por astúcia, mas por personalidade. Não gosta de chocar. Não gosta do excesso: nele há a palavra, o gesto a atitude certa. Não floreia. Gosta da beleza, mas na beleza há disciplina. É um bom pastor. Daqueles que tudo faz para edificar o Reino. É um homem profundo. É um homem inteligente, sensível. Nele sente-se a dificuldade que tem em ser próximo, cool. Ele é mais um avô que um pai. Ele é mais uma voz para meditar do que uma voz que entusiasma. Ele não é político. Ele é o quê? Um avô será uma presença necessária? Um avô só mais tarde se recorda. Um avô será para agora? Um homem de acção, de rasgo, de carisma antecede-o. No tumulto do séc. XX, um homem de combate e de combates. Um santo de sapatilhas. E este? UM VELHO para fechar a porta? Um velhinho para contar a história da Humanidade? Tantas perguntas. Tantas perguntas. Tantas perguntas... Um homem para que se respire um bocadinho depois de tanta acção. Não quero dar respostas. Um homem santo. Será que o vemos como expressão da bondade a que todos temos que aspirar? Será que o vemos e ouvimos como o verdadeiro pastor? Não fala para o povo. Fala para cada cristão. Este homem veio não para falar às massas, este homem veio para o encontro connosco, com a nossa identidade, com a verdade. Por isso ele rejeita tudo o que são ídolos. A sua sabedoria, a sua simplicdade, a sua serenidade fazem dele o nosso melhor conselheiro. Num tempo atribulado, ele senta-se connosco a olhar para um pôr-de-sol e põe-nos a perguntar-nos o que vale mesmo a pena. O que vale mesmo a pena é o amor. É a amizade. É a alegria. É a paz. É a bondade. É o dom de nós. Este homem é aquele senhor que passeia na praia, com um chapéu e que, descalço, sente a frescura da água nos seus pés. Não veio para impôr, veio para nos acompanhar e dar o seu amor. Para ser nosso amigo. Um grande nosso amigo. Para nos ajudar. Obrigado por seres tão bom, Bento XVI.

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