Estávamos no ano do Senhor de 1325. Por entre o calor da campina, a modos de promessa, por entre um séquito silencioso, avançava curvada e incógnita Isabel de Aragão, a Rainha. Seu marido, velho e agastado pelas longas guerras com os seus dois filhos Afonsos, morrera nesse Inverno. Entristecida pela morte de D. Dinis, a quem se devotara desde praticamente a sua infância, Isabel partia em peregrinação ao túmulo do Apóstolo, em Santiago de Compostela. O amor de mulher e rainha levava-a a carregar no coração o peso de uma vida, a dum homem de acção, generoso e enérgico, mas tantas vezes desviado pela intrepidez e o sobressalto, a ponto de poderem fazer dele um homem vingativo. Por isso, como consorte do Reino de Portugal e do Algarve, era importante ir rezar ao túmulo do Apóstolo, encomendando a alma de seu marido, o falecido Rei. O amor ao seu Senhor de sempre, Àquele que transcende a morte, superior a todos os príncipes e potestades, levá-la-ia a se prost...
O filósofo Josep Maria Esquirol pode não ser o melhor dos oradores, mas a reflexão que tem vindo a fazer é um convite irrecusável que nos faz a leituras proveitosas de reencontro connosco e a afinar as nossas cordas interiores. "Resistência Íntima - Ensaio de uma Filosofia de Proximidade", é um percurso pela condição humana de pequenas verticalidades num espaço horizontal, i.e., existir é para Esquirol um acto de transgressão contra a desagregação que nos leva, com o tempo, ao normal da horizontalidade. Segundo o autor " a ideia de resistência permite desenvolver uma reflexão num duplo registo que se pode entrelaçar. Por um lado, uma filosofia da proximidade que centra a atenção no outro - o amigo, o companheiro, o filho -, no ar que se respira, no trabalho, no quotidiano..., bem como nas articulações do si-mesmo (memória, sentimento, esperança...). Capas de intimidade, articulações complexas e variáveis que são abrigo íntimo, resistência íntima; uma resistência que disp...
Comunidade é interessar-se pelas pessoas. É lembrar que o sobrinho estudante de Engenharia é o menino querido da tia Olga e rejubilar com a amarga solteirona quando ele passa nos exames e obtém a sua licenciatura. É deslocar-se a um subúrbio remoto para visitar a chorosa «Paulinha», a quem uma empregada da família já falecida tinha criado e amado. É arrostar com a artrite, subindo cinco lanços de escada e descendo os mesmos cinco lanços para trazer pastilhas da tosse a uma velha prostituta que se tornou vizinha por parar à esquina da rua durante anos enquanto espera por clientes. O mundo do Burgher e da sua comunidade era pequeno e estreito, de vistas curtas e asfixiante. Cheirava a esgotos e afogava-se na sua própria má-língua. As velhas idéias nada valiam e as novas eram imediatamente rejeitadas. Havia exploração e ganância nesse mundo e as mulheres sofriam. Como a contenda idiota da Avó por causa do apartamento, podia ser mesquinho e rancoroso. Mas os valores que possuía - respeito ...
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