"Um futuro que não nos pertence"

Cruzei-me por acaso no outro dia com este texto, vale a pena lê-lo:

"Ao longo de toda a nossa vida, não contribuímos senão com uma pequena parcela para o empreendimento que é a obra de Deus. Nada do que começamos ficará completo, nada daquilo a que nos propomos será verdadeiramente terminado por nós, porque o Reino é muito mais vasto, estender-se-á muito para além do espaço curto de uma vida.
Porque nenhuma frase diz tudo o que poderia ser dito.
Nenhuma oração expressa totalmente a nossa fé.
Nenhuma confissão nos libertará para sempre do pecado.
É isto que somos, é disto que somos feitos.
Semeamos as sementes que um dia darão fruto.
Regamos sementes que alguém semeou porque sabemos a promessa de vida que elas guardam em si.
Espalhamos adubo que produz efeitos muito para além das nossas capacidades.
Lançamos alicerces sobre os quais alguém construirá.
Não podemos fazer tudo.
E como é profundamente libertador perceber isso!

Porque perceber que não podemos fazer tudo permite-nos fazer apenas
um quase nada, um "algo" pequeno, mas fazê-lo bem.

Um "algo" que é pouco e pequeno, mas possível.
Um gesto incompleto que é um começo, um passo ao longo do caminho e,
sobretudo, uma oportunidade para deixar o Espírito Santo fazer o resto.
É essa a diferença entre o arquitecto e o construtor.
Nós somos os construtores, não os arquitectos.
Nós somos os ministros, mas não o Messias.
Nós somos apenas profetas de um mundo que não nos pertence".

Beato Óscar Romero


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