Ao mexilhão
Cumprimenta-me.
“João, fazemo-nos à «estrada»?", pergunta-me ele.
Faço sinal com a cabeça, em assentimento.
Saímos.
Quase que não há vento, apenas uma leve brisa. Mas é assim todas
as manhãs e depois, mais tarde, aí pelas 2 horas da tarde, levanta-se sempre
vento.
Gosto muito da manhã e hoje está um dia bonito. O rio à nossa
frente está calmo, parece um espelho de água. A sua cor é agora acinzentada
mercê das nuvens, mas de um cinzento leve e que não deixa de brilhar. As nuvens
no céu estão brancas, dum branco puro, formando um conjunto com as velas das
embarcações amarradas ao pontão de madeira. Está uma manhã fresca e agradável.
Não vai chover e tenho a ideia que o céu se vai abrir para a tarde.
Avanço à frente. Temos de andar um pouco pois de manhã iremos no
pequeno barco a motor que está a uns 500 mt da minha casa. Levo comigo uma rede uma vez que vamos agora ao mexilhão. A maré está agora baixa
e é a altura ideal .
Iremos descer o rio até chegar a Tróia e e daí até mais ou menos ao pé do Portinho da
Arrábida aproveitando o mar calmo e depois seguimos até ao Cabo Espichel onde o mar é normalmente mais batido e onde há certamente mexilhão.
Estamos já os dois dentro do barco, o “Aurora”, e enquanto o Manuel iça a âncora eu vou para junto do motor e do leme para o pôr a trabalhar. Puxo a corda uma vez e o barco não pega. Uma outra vez e o mesmo. É normalmente à terceira que pega. E foi, efectivamente, à terceira! A água está bastante fresquinha.
Estamos já os dois dentro do barco, o “Aurora”, e enquanto o Manuel iça a âncora eu vou para junto do motor e do leme para o pôr a trabalhar. Puxo a corda uma vez e o barco não pega. Uma outra vez e o mesmo. É normalmente à terceira que pega. E foi, efectivamente, à terceira! A água está bastante fresquinha.
O “Aurora” está agora a acordar e não posso ainda puxar muito
por ele. O Manuel vai sentado no banco do meio e eu sentado ao leme, junto ao
motor. São 8.30 e queremos chegar ao Cabo Espichel antes das 9.00.
O caminho fazemo-lo em silêncio. Apenas falamos quando avistamos
um grupo de golfinhos.
Vamos para uma rocha “desabitada”, tanto eu como o Manuel
arregaçamos a camisa, e, pegadas as facas, debruçamo-nos sobre a mesma rocha. O
mexilhão que está mais abaixo é maior e por isso temos que nos “atirar” a ele
molhando para isso as nossas camisas. Depois de uma rocha vamos para outra, e depois para outra. As
mãos abrem-se em ferida ao raspar na rocha áspera.
Aí perto das 14.00 arrancamos já satisfeitos com a faina.
Apanhámos 20
kg de mexilhão que será vendido
na lota em Setúbal amanhã de manhãzinha.
Regresso a casa. Como alguma coisa e o Manel e eu pegamos
novamente no barco perto das 15.30 para ir à sardinha. Ficaremos aí o resto do dia
e a noite inteira e descarregaremos toda a pesca, o mexilhão apanhado também,
na lota de Setúbal. Dormiremos depois.
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