Um jardim para redimir o homem digital
Do filósofo Byung-Chul Al, artigo publicado no El País, 14.03.2019 Desde que trabalho no jardim, vejo o tempo de uma forma diferente. Acontece muito mais devagar. Ele dilata. Parece-me que há quase uma eternidade até que a próxima primavera chegue. A queda de folhas de Outono se esconde-se a uma distância inconcebível. Até o Verão parece infinitamente distante. O Inverno já é eterno. O trabalho no jardim de Inverno prolonga-o. O Inverno nunca foi tão longo como no meu primeiro ano como jardineiro. Sofri muito com o frio e as geadas persistentes, mas não por minha causa, mas sobretudo por causa das flores de Inverno, que continuavam a desabrochar mesmo na neve e nas geadas prolongadas. A minha maior preocupação eram as flores, por isso ajudei-as. O jardim afasta-me do meu ego. Não tenho filhos, mas com o jardim estou aos poucos a aprender o que significa dar assistência, cuidar dos outros. O jardim tornou-se um lugar de amor. O tempo do jardim é um tempo diferente. O jardim tem o se...