Abrir-nos ao mistério
Cada coisa, cada ser encerra em si um mistério, algo que não se detecta apenas num olhar. Também as pessoas.
Quando não conseguimos ir ao encontro e descobrir no outro a sua verdade, entabulando um diálogo com a diferença do outro, limitamos o campo da relação a um mero facciendi, muito redutor.
Escrevi há algum tempo que a vida é um continuum, que é uma aventura. Quando não somos capazes de dar uma perspectiva mais ampla da vida e não conseguimos contar uma história, onde se encontra o desenhar dum percurso, passamos a ser apenas uns autómatos, que por acaso acordam diariamente.
A aventura da vida é a capacidade de viver entusiasmado com o que lá vem. É a virtude de encontrar novos começos, novos objectivos, novos propósitos.
Em vez de blasés, de pessoas habituadas a tudo, que não veem nada de interessante e motivante no mundo, devemos sim manter um olhar interpelante e aberto ao mistério. Realmente há tanto mistério nas coisas, tantas coisas que são mais ricas do que o que possamos imaginar.
Abrir-nos ao mistério das coisas é saber que há coisas que não podemos possuir. Que há coisas que são dom. Que há coisas que valem por si.
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