Formação Parental?
1. "De acordo com o mais recente relatório de Pisa, os pais são responsáveis em mais de 50% pelo sucesso escolar dos filhos. A sua influência sobre a evolução da aprendizagem é superior à soma das influências dos professores que os ensinam e dos conteúdos das matérias que lhes são ensinadas", informação que colhemos de um artigo publicado no Die Welt (20.02.2009), e que nos chegou às mãos por cortesia de Gabriela Hauser da Costa Santos e José Gamboa Maló Rocha, que o traduziram do alemão.
"Muitas medidas tomadas a nível da Política de Educação, não tiveram grandes resultados. Acreditamos na formação dos pais como elemento decisivo na melhoria do sucesso escolar dos filhos", dizem Adolf Timm e Klaus Hurrelman, citados no referido artigo e, respectivamente, ex-director da Escola da Europa (Europashule) e professor na Universidade de Bielefeld. É assim que se tem defendido na Alemanha a formação parental como formas de "tornar os pais ajudantes de aprendizagem dos filhos."
Segundo o mesmo artigo, "a Escola Secundária Nikolaus-Otto, em Berlim, introduziu esta estratégia há 5 anos; agora as crianças só são admitidas se os pais se comprometerem a seguir uma formação de 25 horas. Diz o Director: os alunos só têm sucesso quando pais e professores "puxam" em conjunto no mesmo sentido. Esta escola regista agora grandes progressos quanto à aprendizagem das crianças".
2. No que se refere ao nosso País, não posso deixar de me lembrar dos esforços da Professora Helena Águeda Marujo, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e uma das autoras do excelente livro "Educar para o Optimismo". Lembro-me de há cerca de 5/6 anos ter desenvolvido um trabalho em conjunto com a Câmara Municipal de Sintra chamado "Geografia dos Afectos" em que ela e uma equipa doutros psicólogos percorreram Juntas de Freguesia, Escolas e Centros Comunitários para ir falar com pais sobre Educação. Tive o privilégio de acompanhar duas sessões dessas. Algumas delas, como a desenvolvida no Centro Comunitário de Rio de Mouro e numa escola em Cabriz foram muito concorridas por pais e professores. Gostei particularmente do bom senso, capacidade de comunicação e vontade de ajudar da professora e dos outros profissionais que a acompanhavam. Vi alguns pais ansiosos e com muitas dúvidas sobre o que fazer.
3. Há uns anos, não muitos, lembro-me de ter lido um artigo em que o antigo Ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo dizia que Portugal padece de um déficit cultural e dava números: 80% dos empresários portugueses só tinham 9 anos de escolaridade; 60 % da população adulta só tinha 6 anos de escolaridade. Não sei se o panorama mudou muito com as Novas Oportunidades (...), mas o que é certo é que esta é a base cultural das nossas crianças todos os dias quando voltam da escola para casa. E isto reflecte-se em muitos aspectos, como obviamente, na dificuldade que os pais têm em ajudar os seus filhos na sua escolaridade.
4. "Esperando o Sucesso" é um quadro de Henrique Pousão. Um menino pobre do sul de Itália senta-se no atelier improvisado do pintor e brinca com um desenho que o próprio fez num pequeno papel. É um quadro que mostra uns olhos a brilhar de quem tem, pelo menos, curiosidade. Muitas vezes em meios rurais se ouve "o meu filho não foi feito para os estudos, ele é assim..." Meu Deus, quanta ignorância não se esconde nisso?!
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