Coragem na política
Para me entreter enquanto fazia horas para um jantar fui à Bertrand das Amoreiras e aí peguei num livro sobre Nelson Mandela. Trata-se dum livro escrito pelo biógrafo dele e que apresenta as lições que o mesmo considera ter recebido de Mandibba.
Sempre apreciei ler livros de grandes figuras: Nelson Mandela é um homem que me tem fascinado desde há uns pelo menos bons 10 anos. O que mais aprecio nele é a sua nobreza, a sua nobreza de carácter e enorme dignidade. Uma das coisas que se diz no livro é que são poucos os homens maduros. Nelson Mandela é-o.
A sua coragem, a força da sua consciência, que gritou internamente primeiro dentro dele e que o levou a intervir externamente - para grande prejuízo da sua tranquilidade e conforto - são marcas suas e que o distinguem como grande homem.
Sai da prisão um homem maduro. Dominado. Domina os seus nervos, domina a sua impulsividade: é um homem que age norteado pela sua consciência, que comete poucos erros, que tem de si e guarda de si o maior respeito. Diz ele que há coisas pelas quais pode morrer.
No livro "Retratos de Coragem" John F. Kennedy retrata senadores americanos que se distinguiram pela sua coragem. Diz ele "este é um livro sobre a mais admirável das virtudes humanas - a coragem... estas são as histórias das pressões sentidas por oito senadores dos Estados Unidos e da elegância com que as suportaram - dos riscos para as suas carreiras, da impopularidade dos seus percursos, da difamação das suas personalidades, e, por vezes, mas infelizmente apenas por vezes, do reconhecimento das suas reputações e dos seus princípios".
Kennedy faz, também no Capítulo I, uma citação de Walter Lippmann:
"Com excepções tão raras que são encaradas como milagres e aberrações da natureza, os políticos democráticos bem sucedidos são homens inseguros e intimidados. Eles progridem politicamente apenas enquanto prevaricam, satisfazem, subornam, seduzem, burlam, ou conseguem manipular doutro modo os elementos exigentes e ameaçadores do seu eleitorado. A consideração decisiva não é se a proposta é boa, mas se é popular..."
No outros dia, o Afonso Vaz Pinto tocou na ferida: eu citava Bagão Félix e falava do seu testemunho de seriedade, testemunho que passa talvez despercebido. Ora o Afonso disse que isso era ser cristão. Ser cristão é morrer na cruz, é morrer um pouco na cruz como Cristo morreu. Talvez perder as eleições, mas salvar alguma coisa. Uma vitória moral?!
Nisto tudo tenho pensado ultimamente na pedagogia jesuítica que no seu princípio e fundamento nos diz que não devemos querer mais saúde que da doença, riqueza que pobreza, sucesso que insucesso. E tenho pensado muito nesta questão: na questão da riqueza. Não viverei mais feliz por ter dinheiro: o homem grande vive feliz pelo que é!
Reflictamos nas palavras que sobre Abraham Lincoln, Agostinho da Silva escreveu "... e posto o civismo, o desinteresse, a energia, a inteligência, a bondade como características essenciais de uma nobre existência".
Comentários