Long time, no see

Entrado no blog, pescando à linha uma frase de menina com diário fechado à chave, e que começa sempre por "meu querido diário", referindo-se ao próprio sempre na 2.ª pessoa do singular, aqui estou eu, face ao blog que criei sobre assuntos de educação, ou melhor, de pedagogia.
Muito tempo de facto, se passou sem que "a ti viesse" dar conta de mim.
Mas foi tudo que mudou, foi o todo do mundo que se mudou e que vertiginosamente mudou, tal páginas de livro que, esvoaçado pelo vento, apresenta as suas páginas em rapid motion (aqui recordo a imagem do livro de João Paulo II, em cima daquela caixa de madeira a que se convencionou chamar numa palavra feia "caixão", no dia do seu velório).

Em cima da mesa encontro revista da Ordem dos Advogados em que na capa figura D. José Policarpo que fala do mundo. Uma voz avisada, prudente, esclarecida e sobretudo pedagógica e interpelante sobre a actualidade, sem deixar de ter um enraizamente fundo e sapiencial.

Muda o mundo, muda a nossa Pátria. Muda a sociedade, mudamos nós. Como dizia Camões o "mundo é feito de mudança".

Neste "sucessivo suceder" do tempo, mudam-se caras e protagonistas. Um esgueirar de esperança espreita pela porta no nosso País.

Mas mantém-se tanto do já falado, mas repetem-se tantos erros.

Esta semana gostei de ouvir Morais Sarmento e Francisco Assis: mas entre tantas promessas perdidas, na esperança que espreita, normalmente concretiza-se o fecho da porta. Será o vento? Será o quê afinal?!! Entre portas que se fecham, novas janelas se abrem, janelas que temos a esperança de cabermos nelas e que pretendemos "esticar" para portas. A esperança assim dita. Mas a ilusão falsa que nos fez pensar que eram portas, casa-se com a desilusão subsequente de se acabarem como miragens de portas onde sopra o vento, que as fecha com estrondo. Ambas não realidade, ambas ilusórias a ilusão e a desilusão. O futuro só está na verdade e na realidade, no caminho de passos sólidos.

É por isso que o caminho só está em construir peça-a-peça. Sei que não se trata de substantivos com justaposição, mas quero aqui expressar movimento e consequencialidade.

Está no trabalho.

E isto é tudo para mim um retorno, uma reminiscência que revisito aqui e ciclicamente.

Por isso tudo aprecio muito quem, além do mais, labuta no dia-a-dia na realização dum trabalho certo, rigoroso, metódico. Há muita gente assim.

O malabarista que joga com "plusieurs" bolas, que acena, salta e meneia o tronco por entre risadas e chamadas de atenção, e de que esta semana se deu bem o exemplo na figura daqueles futuros magistrados que copiaram no exame do CEJ, aplaudidos por não menos indolente público que os responsáveis pela instituição que fingiram não ver a batota!

O malabarista é espalhafatoso mas a sua actuação é uma circunstância que apenas serve para os traseuntes se entreterem momentaneamente. Quem tem da vida um sentido mais forte, não pára mais que cinco minutos para o ver e, concerteza, não confia a sua vida nas suas mãos.

"O principal valor da ética é a competência" diz-nos o médico Lobo Antunes. Não confio a minha vida às mãos de um cirurgião que aprendeu medicina com passagens administrativas.

Espero que todos possamos dormir mais descansados nas mãos de um Governo que trabalhe com método e empenho, com saber e competência. Neste momento a tarefa de governar é verdadeiramente pôr-nos nas mãos de cirurgiões para uma operação delicada.

Mudo eu também, todos os dias. O teu dia mais importante é hoje. Sim!

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