A Esperança segundo o Papa e JH Saraiva

Acabei recentemente de ler a Encíclica do Papa Bento XVI a "Esperança Cristã", 38 páginas claras e bem construídas. O que fica da sua leitura são sentimentos contrários: por um lado a exposição duma fé num mundo que há-de vir, e a elisão de toda e qualquer pretensão de que este mundo será possível atingir nesta terra; por outro lado, o sentimento de que o Homem não vê senão por "apalpadelas" a eternidade e nela se manifesta a impotência que temos  - e por aí é um documento verdadeiro e, ao mesmo tempo, também muito  desconcertante, porque não nos dá certezas absolutas... Daí os sentimentos contrários: por um lado a paz, por outro lado, o não ver o horizonte.

Talvez possa ajudar nisto a experiência que podemos aproveitar de pessoas que viveram situações limite: ouvi já relatos impressionantes de histórias assim, de pessoas que se sentiram fora do seu corpo, a olharem para si do alto duma sala de operações por ex., a verem a sua vida em rápida sucessão -, podendo identificar momentos de bondade e de maldade, a serem levados num túnel, a paz que os atraía para uma luz ao fundo do túnel.
Realmente agora "vemos como num espelho" (quando isto foi escrito, os espelhos eram objectos que reflectiam mal a imagem), mas um dia veremos "face-a-face".
Por isso, a morte é um mistério e a vida, a vida, não deixa de o ser também.

No fim-de-semana passado, creio que no Domingo, José Hermano Saraiva deu uma entrevista à televisão. De tudo o que disse, debilitado, ficou-me a sabedoria da resposta quando ao perguntar-lhe sobre o que seria de Portugal, responde: 

"seja o que for, o certo é que continuará a haver noites de luar, a haver a Serra de Sintra, e o Tejo continuará a desaguar no mar". 

É uma resposta impressionante! Minutos antes, não sei se por reserva particular, deixara por responder a pergunta se teria fé. Parece-me que esta resposta sobre Portugal é clara quanto a isso.






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