Os irmãos
Pedro e Miguel nunca se entenderam. Eram água e azeite, que não se misturam.
A principal diferença entre os dois era mais do que acreditarem em coisas diferentes - isso era uma consequência de carácteres diferentes, de personalidades muito distintas. A ideologia foi apenas um motivo que cristalizou o ódio e que foi incendiando mais e mais.
Arrastaram um país para a guerra, uma guerra civil, que só terminou com o exílio dum e a morte pouco depois do outro.
Nesse frémito das armas, Pedro dava o seu corpo às balas, por pouco não foi morto.
Inclino-me para achar que nenhum tinha razão: o ódio é um monstro de muitas cabeças e sem racionalidade - e o séc. XIX foi uma febre que incendiou, houve rachas tectónicas que se foram cavando.
Pedro e Miguel, dois irmãos que se davam mal e que não se aguentaram quando o mundo em que nasceram tremeu. O conflito nasceu, o Brasil dum lado, Portugal do outro; foram vítimas das circunstâncias e só mesmo um trabalho grande interior permitiria que pudessem não ceder às paixões.
A mãe Carlota Joaquina nunca escondeu a preferência por Miguel e pode dizer-se que ela é em grande parte responsável pelo conflito que se deu.
A luta desastrada entre os dois não creio que fosse muito diferente de todas as lutas que se dão no seio das famílias e que despertam quando é preciso partilhar os bens deixados em herança.
Diz a Wikipedia:
"Segundo o partido
constitucionalista, D. Miguel foi um usurpador do título monárquico de sua
sobrinha D. Maria da Glória e fora apenas regente. Por sua vez, o chamado
partido miguelista contrapunha que D. Pedro I do Brasil perdera o direito à
Coroa Portuguesa e, por isso, a designar um seu sucessor (no caso, sua filha,
D. Maria da Glória) desde o momento em que erguera armas contra Portugal,
declarara a independência do Brasil e se tornara imperador desse novo País.
Com efeito, de acordo com as Leis
Fundamentais do Reino, um príncipe herdeiro que levantasse armas contra
Portugal ou ascendesse ao trono de um estado estrangeiro, perderia o direito ao
trono português. De acordo com esta interpretação, D. Miguel seria assim o
legítimo sucessor de D. João VI, vindo a ser legitimado pelas Cortes após a
morte de D. João, em 10 de março de 1826, em conformidade com as leis
tradicionais vigentes antes e após a revolta liberal de 1820".
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