Distrito de Beja
No seu livro "Portugal, o Sabor da Terra" José Mattoso fala das terras planas e barrentas de Beja, excelentes para cereais, terras das mais ricas do país e que são agora servidas também pela grande barragem do Alqueva. Mas o resto do distrito é pobre em geral, pouco apto para a agricultura e pouco servido de água.
Há 2 anos, com amigos, desci em bicicleta a costa, desde Tróia até a Sagres. Passámos por Odemira, era tempo de pandemia, não se via ninguém. Além da beleza extraordinária da costa, não pudemos deixar de nos espantar com o número de estufas. É uma realidade recente, algo polémica, por razões ecológicas (uso excessivo de água) e também por razões humanitárias que vieram a lume, de populações orientais que vivem em condições deploráveis. Mais do que me envolver na discussão, interessa-me perceber como é que aquele enorme território poderá ter viabilidade e conseguir fixar população. O turismo, dada a beleza daquelas paisagens é naturalmente um pólo de desenvolvimento, mas também a agricultura, que mostra um bom desempenho. Tudo isto tem que ser feito com regras e com respeito pela sustentabilidade e aqui coloca-se o problema tanto do ponto de vista ambiental, como sociológico.
O chamado "hinterland" é algo que conheço menos bem, nomeadamente Beja. Esta cidade não tem a beleza de Évora, mas ainda assim tem um centro histórico bonito, com castelo e uma grande torre que José Mattoso diz dominar a grande planície. Ao se chegar a Beja, avista-se essa torre e uma torre cerealífera de um enorme silo, um e outro símbolos dessa cidade que é um marco administrativo e um marco económico, que se destacam na paisagem e apontam a relevância da cidade. Historicamente porém, desde tempos imemoriais e que recuam aos tempos do início da nacionalidade, a cidade foi perdendo a sua relevância, com a mudança dos centros políticos para Norte (Lisboa e Évora) e já não Mérida (Período Romano) ou Visigótico (Toledo). Tenho alguns amigos que têm propriedades agrícolas no distrito e que as gerem bem, tirando delas bons rendimentos. Campos de olivais modernos por exemplo, têm mudado um tanto ou quanto a paisagem e há também espanhóis a investir e a comprar grandes propriedades. Naturalmente estamos a falar de latifúndios que, à semelhança do que se passa com o Alto Alentejo, também é a forma de propriedade agrícola mais característica desta zona.Para um lisboeta como eu, Beja está bastante longe e acaba por ser lugar de visitas muito ocasionais. Mesmo cidades como Serpa que são cidades bonitas e onde há monumentos interessantes a visitar acabam por ser esquecidas dada a sua distância.
Mértola e o Guadiana valem muito uma visita e já lá estive - e hei de repetir.
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