Gratidão

Comecei o meu dia hoje por um enorme passeio pela natureza. Hoje, ao final do dia, revejo o que passou - e só muito tardiamente no meu exercício me lembro que há que agradecer. 

Virar-nos para tentar ver aquilo que o dia nos deu, com um coração reconhecido. Desde a natureza no parque - as lindas árvores nas suas cores outonais, ao lago e aos animais que vi, ao café agradável tomado a seguir e aos vários encontros com outros, ao longo da jornada de trabalho. Foram muitos momentos em que tentámos fazer caminho com pessoas que contam connosco. E, depois, o dia fecha-se e cai a noite - e, entregues ao espaço interior da casa e reunidos connosco mesmo, fazemos as nossas coisas, aquilo que tanto gostamos como tomar um duche para relaxar - comemos algo, e depois tentamos dizer adeus ao dia que passou, da melhor forma possível. Foi um dia que vivemos, onde tantos gestos pequenos preencheram os segundos e os minutos, as horas; mas nada do que foi feito foi em vão, tudo é importante, tudo teve uma razão. Na verdade, como no outro dia li, não há coisas pequenas. Tudo é grande, como o gesto da mulher em baixo a compor as flores na jarra da mesa da casa de jantar.

No silêncio da noite esperamos pela manhã que há-de vir, desejando que as nossas mãos se entreguem aos gestos que a nossa consciência ditar, apostando que o fazemos com um sentido, com um Norte. Não  gestos gastos, nem indiferentes. O olhar centra-se no que é justo e a mão estende-se para pegar outra/s  mão/s. Olhar nos olhos (mesmo que não o façamos explicitamente), não dizer palavras ocas, vazias (isso torna os dias insignificantes, perdidos). O ser prático é também importante - faz o barco avançar: é colocar a colher na boca da criança, embora por vezes haja palavras que não vêm à superfície e nem só de pão vive o homem. Mas queira Deus que nos gestos práticos ou não práticos, construamos humanidade: isso é o mais importante. E deixo uma prece, agradecendo ter podido viver o dia de hoje: na sua banalidade tentei vivê-lo da melhor forma que pude e isso já é muito bom.

                                                     Table du Dîner, de Henri Matisse (1879)


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