Someday is not a day in the week
Neste dia que o Conselho Europeu se reúne em Bruxelas, a atenção de todos se volta para acompanhar o que dali resultar, num que é talvez dos momentos históricos mais dramáticos da construção europeia. Como muito bem acentuava ontem António Esteves Martins, o nosso decano jornalista para a União Europeia, que as declarações dos políticos normalmente "douram a pílula" - fazem sempre um discurso que na verdade pretende sempre colher dividendos e nunca admite derrotas. É importante ver o que daí sairá e que tipo de declarações se farão. O que é certo é que temos caminhado desde há muito neste tipo de "fingimento" que adia a resolução dos problemas e que basicamente consiste em declarações bonitas por parte dos Chefes de Governo e num pedido à Comissão para levar a coisa avante - perdoe-se-me a expressão!
O dramatismo da situação é inegável. E Portugal, um país periférico teria muito a perder se as coisas corressem mal.
Portugal, como país exíguo, tem a sua geo-estratégia limitada por múltiplos condicionantes. É bom assim o papel que Passos Coelho tem exercido na Europa, a de dar credibilidade ao nosso País, a de mostrar que Portugal é um país que merece a confiança de quem aqui pôs dinheiro, que somos um parceiro fiável. A Grécia e, nomeadamente Pampadreu, demonstraram exactamente o contrário: contas viciadas, voltes-face surpresa, etc.
Portugal, como país exíguo, tem que ser aquele miúdo mais pequeno que na turma se faz valer não pelo seu tamanho e músculo, mas por compromissos sempre bem pensados e que apostam em várias frentes.
A Portugal, país exíguo importa negociar com minúcia e detalhe - algo diferente do que aquilo que acusam por ex. Jaime Silva de ter feito no passado, entregando sem dó ou piedade a nossa agricultura. Mais do que apostar em discursos grandiloquente, é ter o trabalho de casa bem feito e discutir a concretização, com discrição e competência.
A Portugal, país exíguo importa mandar Portas para a América Latina, para África, abrindo linhas comerciais, pois como "pequena casa comercial" temos que gerar a nossa clientela, sobretudo a contar numa inteligente gestão de contactos.
Se a realidade demonstrar que a Europa não foi capaz de se soltar das amarras que a prendem - dum certo imobilismo que me parece culpa da forma como se foi construindo -, isso será uma tristíssima realidade a verificar. Oxalá Sarkosy e Merkel estejam à altura do desafio!
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