Hamburgueres 4 all
Há dois dias, quando chegava a casa após um dia de trabalho intenso ligo a televisão e enquanto ela ainda apenas debita som e imagem, vou à cozinha e abro o frigorífico: a minha mãe deixara-me uma saladinha de massa e camarão! Volto à sala e no Odisseia um documentário sobre a América - título exacto ainda não claro -, falando de Tocqueville, aborda essa sociedade e os seus hábitos. Quando a minha atenção se prende compreendo que o que se trata: é da questão do individualismo, pegando exactamente sobre a vertente dos hábitos sociais e das famílias. A vantagem do capitalismo, dizia-se, estava precisamente na liberdade que confere aos indivíduos. Na América pós-guerra há um crescimento da indústria automóvel, expoente máximo desta filosofia de vida.
O programa acaba por se revelar mais interessante ainda porque tem que ver com os hábitos alimentares e com a questão, muito singela, das sandwiches. Perguntando a um americano o que é uma refeição ele dirá que é uma sandwiche com alguma coisa lá dentro. Depois disto, há toda uma parte histórica da invenção dos hamburgueres - os imigrantes de Hamburgo, cidade portuária, tinham por hábito, nas suas viagens de barco por perto da sua terra, prepararem uma sandwiche com carne. Este que é um dos símbolos da América, espalhou-se pelos "4 cantos" do Mundo e mudou hábitos - como por exemplo na China e no Japão.
Está sempre tudo a mudar e não há que ser saudosista. Enquanto comia a minha saladinha de massa e camarão, frente à televisão, sozinho, não há que ter discursos moralistas.
O modelo de desenvolvimento do nosso País, reside, sem dúvida na supremacia do automóvel.
Em Lisboa pretende-se alterar de alguma maneira este paradigma, apostando mais no transporte público. Não creio que seja fácil.
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