Ser feliz como um peixe na água? E se fosse verdade?
Tive hoje um almoço com o meu amigo Nuno
Cunha Rolo na Gulbenkian e estivemos a conversar sobre o que é uma "vida bem-sucedida".
Apesar de achar que não vivermos "com
a corda na garganta" é muito importante, concordo essencialmente de que o
meu objectivo na vida não é ser "milionário".
Recentemente comprei uma série de livros
na Livraria Bertrand sobre melhoria pessoal. Um dos livros que me tem
surpreendido muito pela positiva é o livro "Os 7 Hábitos das Pessoas
Altamente Eficazes" (Gradiva). O título deste livro de que o Duarte Stilwell já me falara é francamente mau e não
expressa a riqueza dos seus conteúdos, passando muito mais por um livro tipo
para "formação de vendas", do que na realidade um livro sobre
transformação pessoal, que é. O autor é Stephen Covey de quem assisti esta
semana a vídeos em que o próprio fala sobre os 2 primeiros capítulos: que temos
ser mestres da nossa vida (ou seja que a atitude é muito importante, mas não de
uma forma superficial) e basicamente à volta do propósito e
do enorme trabalho interior que isso exige.
O Nuno, que conheci há uns anos em
projectos de voluntariado, é uma pessoa muito empenhada civicamente e que gasta
quase 50% do seu tempo útil em projectos dessa natureza, como o da Associação
"Transparência Internacional". É uma pessoa com uma forte consciência
cívica, muito empenhado. Gosta de aprender, de viver com convicções e de
dar o seu contributo para um mundo melhor.
Na nossa conversa tocámos vários pontos
sobre o que nos faz felizes (é bom habituar-nos a falarmos sobre coisas que são
importantes). Eu disse-lhe que das coisas que mais me faz feliz são as relações
e estar com os outros em ambiente agradável.
Trabalhar o propósito é algo que tem sido
um esforço pessoal meu, sobretudo tentar não me comparar com os outros e valorizar
aquilo que são as minhas lutas, mesmo que sem resultados financeiros. Na
verdade, como dizia ao Nuno, foram muitos os projectos em que me envolvi e em
que gastei bastante dinheiro. Do ponto de vista financeiro eram certamente
desaconselháveis e hoje em dia soa a disparate quem toma este tipo de decisões
(ontem falava com uma outra amiga e chegáramos à conclusão que as novas
gerações eram muito conscienciosas do que poderiam retirar de proveito de
qualquer iniciativa, nomeadamente por exemplo do voluntariado - positiva, p.e.
para o "cv"; se calhar a minha geração era um tanto ou quanto mais
"pura" e idealista neste aspecto).
O dinheiro é certamente uma coisa importante, mas não devemos ser escravos dele, ao ponto de sacrificarmos demasiadamente a vida à sua conta. É certamente importante fazermos escolhas racionais do ponto de vista da forma como utilizamos o dinheiro. Eu não sou uma pessoa gastadora, não preciso de nadar em dinheiro. Sou comedido com a minha roupa, não quero carros de luxo.
Dizia o Nuno que este Verão, na Ericeira,
das coisas melhores que teve era aquele bocadinho ao final do dia em que ficava
a gozar a praia, no sossego, com um livro na mão. E ambos concluímos que ser
feliz não é proporcional ao tamanho da nossa conta bancária.
Ser feliz, na minha opinião, é um trabalho
quotidiano, exige cabeça, exige calma, paciência. Disse ao Nuno que ser feliz
exige também sermos organizados e disciplinados.
Uma janela, a do apartamento-atelier que ocupa o n. º 19 do Quai Saint-Michel, de frente para o Sena, em Paris. Matisse contempla a paisagem, tudo é calmo e sereno. Os peixes dourados nadam no aquário. O azul do aquário é o do Sena, depois o do céu. O verde do jarro é o da planta que atravessa a janela para chegar ao Quai de la Seine, também verde, ao pé do quartel da polícia. Até as linhas verticais que pontuam a pintura são suaves. Ser feliz como um peixe na água? E se fosse verdade? (último parágrafo, texto traduzido e adaptado de http://cafe-geo.net/henri-matisse-le-bonheur-de-vivre/)
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