Combate

Para mim é a imagem completa do guerreiro: Nadal e a sua enorme determinação sempre me fascinaram e ele é para mim sem dúvida o eleito entre os tenistas de todos os tempos. Nele o músculo mostra o quanto é devido ao trabalho intenso, ao esforço e à entrega: é que ele se dá todo em cada pancada, com uma fibra e uma garra "danada". Lembro-me de encontrar forças e inspiração nele em "maratonas" minhas de estudos e exames, enquanto ele se batia nos courts de Rolland Garros.

Semanalmente - com uma ou outra interrupção, também eu me dedico a este desporto fantástico que é o ténis. Uma noite bem dormida faz maravilhas para a concentração e a troca de bolas é uma oportunidade para testarmos a nossa capacidade de fazer de cada ponto um "shot" vencedor. Obrigado ao meu amigo Cristóvão Cunha por tantas batalhas - e sempre renhidas.

Esta semana queixava-me com a minha coach profissional das dificuldades que ia encontrando pelo caminho: uma administração pública que nos "finta" e nos prega partidas, a demora que os assuntos levam a se resolverem. Depois, pensando um pouco melhor e conversando com a Juliana, cheguei à conclusão que daquilo que eu gosto é de mesmo de coisas difíceis, facto curioso e paradoxal... 

Os músculos de Nadal não teriam sido desenvolvidos se ele se tivesse satisfeito com jogar contra uma parede que lhe devolvia a bola, sempre igual. Foram desenvolvidos ao longo de anos de treinos; em campo e fora de campo; com uma determinação de estar sempre à altura dos seus adversários, mas com a motivação de os superar. É um homem completamente motivado porque sempre trabalhou para esse combate, em que nada está ganho à partida.

Ontem estive a ouvir a Provedora de Justiça num almoço promovido pela ACEGE. Falou sem peias da falta de qualidade da nossa Administração Pública. Precisamos de gente dinâmica que nos ajude a pugnar por um país melhor. Gostei dela. 

Recentemente gostei também de estar com Ribeiro e Castro, um homem que tem lutado por várias causas ligadas ao bem comum, todas difíceis. Lembro-me que lhe perguntei se ele continuava a crer que fosse possível mudar algo no nosso país, pois sinto ultimamente um avolumar de um sentimento generalizado de descrença. 

No Expresso da semana passada, Pedro Mexia falava dos "Vencidos da Vida" e concluía que vários destes homens, todos cultos e inteligentes, fazendo mesmo jus ao nome de vencidos da e pela vida, acabaram como gente pessimista e descrente e formulava a seguinte conclusão: "E assim uma mitologia intelectual e cívica se converte na conclusão disfórica, e bem portuguesa, de que o segredo da felicidade consiste nas baixas expectativas".

No mesmo espanhol de Nadal termino com uma citação de um bom romance (o Médico de Córdova, de Herbert le Poirret): "Si no eres capaz de empaparte las manos hasta los codos, regresa a tus ensoñaciones y no te mezcles en trabajos de hombre. Nada te prohibe que consueles con palabras hermosas, a nadie le molesta. Pero el bien que podrás hacer se encuentra en tu fría determinación y en la destreza de tus manos. Ahora, ve a dormir. La noche, dicen, trae consejo. Y cuando hayas calibrado todo lo que hoy has visto y acabo de decirte, me dirás sí o no".

Comentários

Madalena moser disse…
Categoria Dudas!!!!Bem se podia oferecer para um destes cargos tao dificeis!!!E porque nao?????Estaria bem entregue de certeza!!!Eu votava logo em si👍👍👍👍👍👍👍Madalena Moser

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