Não sede passivos e outras coisas importantes
Sentado à secretária num dia quente de Agosto pergunto a mim o que foi do meu dia e o que resta para dizer, se algo há mesmo para dizer... No dia de hoje uma vez mais a minha distracção saltou bem alto. Um choque na Praia Grande deixou-me aflito, com um sem-à-vontade que magoava. Sem seguro - do carro, inseguro, a minha pessoa dava porém ares de controlar a situação numa leve serenidade... Seguro - do carro, que caducara um mês antes. Há coisas premonitórias, lições que se aprendem ser ter pedido que no-las dessem...
Recordo: "nem Salomão se vestiu em todo o seu esplendor", frase que meditei ao longo do dia para pensar que a cada dia a sua preocupação. Racionalizo agora: é muito normal a DESFUNCIONALIDADE, as coisas não correrem bem. Um livro interessante de Alain de Botton fala disso mesmo a páginas tantas - "O Consolo da Filosofia", assim se chama esse livro. É curioso, muito curioso, que vemos nas coisas o que queremos ver - "cada um vê nas couves o que quer ver". Como dizia ontem numa entrevista a corajosa Ingrid de Bettancourt, A FELICIDADE É UMA DECISÃO. E, nos últimos dias, digo-o de uma maneira aberta, tenho deparado comigo a abrir por muitíssimas vezes um lindíssimo pequeno livro, de imagens quase infantis, acompanhadas de frases para meditar, que é um daqueles livrinhos editados pelas Edições Paulinas e que se chama "Saber Agradecer". De facto, a gratidão é o segredo de tudo. Como ontem na mesma entrevista Ingrid de Bettancourt dizia, temos é que agradecer pelo que temos. No meu dia-a-dia tem sido uma aprendizagem o reparar como estamos porém tão tolhidos por tantas coisas que não nos permitem ver e sentir o essencial. Desde logo falo naquilo que quase nos anestesia quando em excesso que é a televisão: com uma intensidade tal de informação, imagem, sons e processamentos, ficamos como que baralhados por essa máquina que nos imbeciliza. E tenho-o sentido em jovens, com idade para pensarem pelas suas cabeças, sentados e deitados numa atitude vencida perante esse aparelho, que lhes rouba o tempo e as suas energias. A letargia que vejo em muitos jovens, que se deixam vencer e tomar por tão morredora realidade aflige-me porque aí vejo um certo desistir quando a juventude deveria ser AFIRMATIVA. E remete-me para uma conversa que tive há bem poucos dias, com um amigo, e que basicamente me fez concluir que cada um é responsável pelo seu destino, porque a todos, cabe pelo menos REAGIR. É que muitos se acomodam, não espreitam para lá do conhecido, vivem no conforto do que lhes é dado E PENSAM QUE O MUNDO TODO É ISSO, E SÓ SE VÊ ATRAVÉS DOS SEUS OLHOS. MAS MUITOS OLHOS ESPREITAM O MUNDO E VEÊM POR MUITAS LENTES DIFERENTES. Uma sociedade de consumo, que permite no seu seio que se erijam tantos e tantos indivíduos egocentrados (não falo em egocêntricos, que tem uma conotação moral): sendo uma sociedade pluralista, tolerante, também tolera que nela conviva tanto centramento e fechamento de perspectivas. Não quero invocar nenhum santo nem mártir, não quero falar de guerras ou tratados, de discursos ou testemunhos de grandeza para RECONHECER À VIDA O SEU VALOR e para dizer que penso, resumidademente, que é uma grande pena desperdiçar o nosso tempo precioso para se ser um mero espectador. Já me disseram que o meu tom é moralista, que o seja... Ao menos não me podem acusar de ser meramente espectador da vida e de querer para os outros algo que não tento para mim. MAS O QUE ME PREOCUPA é que a vida seja só gastar tempo e não tentar usá-lo com as coisas como:
- gostar dos outros;
Recordo: "nem Salomão se vestiu em todo o seu esplendor", frase que meditei ao longo do dia para pensar que a cada dia a sua preocupação. Racionalizo agora: é muito normal a DESFUNCIONALIDADE, as coisas não correrem bem. Um livro interessante de Alain de Botton fala disso mesmo a páginas tantas - "O Consolo da Filosofia", assim se chama esse livro. É curioso, muito curioso, que vemos nas coisas o que queremos ver - "cada um vê nas couves o que quer ver". Como dizia ontem numa entrevista a corajosa Ingrid de Bettancourt, A FELICIDADE É UMA DECISÃO. E, nos últimos dias, digo-o de uma maneira aberta, tenho deparado comigo a abrir por muitíssimas vezes um lindíssimo pequeno livro, de imagens quase infantis, acompanhadas de frases para meditar, que é um daqueles livrinhos editados pelas Edições Paulinas e que se chama "Saber Agradecer". De facto, a gratidão é o segredo de tudo. Como ontem na mesma entrevista Ingrid de Bettancourt dizia, temos é que agradecer pelo que temos. No meu dia-a-dia tem sido uma aprendizagem o reparar como estamos porém tão tolhidos por tantas coisas que não nos permitem ver e sentir o essencial. Desde logo falo naquilo que quase nos anestesia quando em excesso que é a televisão: com uma intensidade tal de informação, imagem, sons e processamentos, ficamos como que baralhados por essa máquina que nos imbeciliza. E tenho-o sentido em jovens, com idade para pensarem pelas suas cabeças, sentados e deitados numa atitude vencida perante esse aparelho, que lhes rouba o tempo e as suas energias. A letargia que vejo em muitos jovens, que se deixam vencer e tomar por tão morredora realidade aflige-me porque aí vejo um certo desistir quando a juventude deveria ser AFIRMATIVA. E remete-me para uma conversa que tive há bem poucos dias, com um amigo, e que basicamente me fez concluir que cada um é responsável pelo seu destino, porque a todos, cabe pelo menos REAGIR. É que muitos se acomodam, não espreitam para lá do conhecido, vivem no conforto do que lhes é dado E PENSAM QUE O MUNDO TODO É ISSO, E SÓ SE VÊ ATRAVÉS DOS SEUS OLHOS. MAS MUITOS OLHOS ESPREITAM O MUNDO E VEÊM POR MUITAS LENTES DIFERENTES. Uma sociedade de consumo, que permite no seu seio que se erijam tantos e tantos indivíduos egocentrados (não falo em egocêntricos, que tem uma conotação moral): sendo uma sociedade pluralista, tolerante, também tolera que nela conviva tanto centramento e fechamento de perspectivas. Não quero invocar nenhum santo nem mártir, não quero falar de guerras ou tratados, de discursos ou testemunhos de grandeza para RECONHECER À VIDA O SEU VALOR e para dizer que penso, resumidademente, que é uma grande pena desperdiçar o nosso tempo precioso para se ser um mero espectador. Já me disseram que o meu tom é moralista, que o seja... Ao menos não me podem acusar de ser meramente espectador da vida e de querer para os outros algo que não tento para mim. MAS O QUE ME PREOCUPA é que a vida seja só gastar tempo e não tentar usá-lo com as coisas como:
- gostar dos outros;
- a procurar a beleza;
- a conversar e a darmo-nos aos outros;
- a tentar aprender;
- a estarmos contentes e felizes!
Será isto fácil? Certamente que não porque:
- gostar dos outros exige uma procura de si e do outro e a construção duma relação;
- a procura da beleza pressupõe sensibilidade;
- a conversa com o outro exige descentramento e a dávida pressupõe generosidade;
- a aprendizagem atenção e concentração;
- e estarmos contentes e felizes uma busca constante e uma consciência.
Não falei em egocentrismo mas em EGOCENTRAMENTO porque muito do fechamento em si é fruto duma passividade e não duma opção consciente, é mais fruto de um abaixamento de braços, falta de pachorra e debilidade da vontade, do que duma opção deliberada por mim - por mim, por oposição ao outro e ao mundo exterior. E PORQUE ME PREOCUPO COM ISTO?! PORQUE NÃO SOU INDIFERENTE! Voltando à gratidão disse, atrás, que a gratidão é o segredo de tudo. Porque a gratidão é valorizarmos o que temos, é exercício de consciência. Assim, tornando-nos conscientes de tudo o que temos de bom, aprendemos a não DESPERDIÇAR. Muitas vezes ouvimos dizer que só verdadeiramente valorizamos o bom que temos quando o perdemos. E infelizmente, por vezes, é isso mesmo que acontece. Só sentimos a sorte que tínhamos quando tínhamos saúde, quando sofremos uma doença. Só realizamos o bom que é viver em paz se a perdemos. Por isso é tão importante um olhar atento ao tempo e à geografia. Porque isso nos cruza com a vida de outras pessoas: sentimos o que de trágico se passou com os judeus lendo o "Exodus" de Leon Uris; daremos graças a Deus por vivermos em paz, quando as gerações dos avós de muitos dos europeus da nossa geração, na 2.ª Guerra Mundial (debaixo duma guerra sem dó nem piedade que aniquilou a Europa - e a que Portugal se livrou), tiveram que lutar contra dragões; olharemos para o panorama do nosso Mundo actual e veremos tanta miséria em África, tanta opressão dos regimes do Crescente... E SÓ NOS RESTARÁ AGRADECER PELA PAZ QUE TEMOS, PELO PÃO QUE COMEMOS, PELO TECTO QUE NOS ABRIGA.
Se conseguirmos transmitir isso às novas gerações - E SOBRETUDO A CONSCIÊNCIA DO GRANDE DOM DA VIDA - se nos preocuparmos em como elas gastam o seu tempo, se as encaminharmos, fizemos a nossa parte. A ELAS RESTARÁ ALGO NÃO MENOS IMPORTANTE, QUE É ESCOLHEREM O SEU PRÓPRIO CAMINHO (nós poderemos rezar para que sejam abençoadas nas suas escolhas).
P.S. - O meu choque de hoje serviu para aprender. Vou ter que abrir os cordões à bolsa e pagar o arranjo do carro com que choquei. Serve de lição para não me armar em chico-esperto e não pagar a tempo e horas o seguro do meu carro. Bem-feita... Está-se sempre a aprender, até quando menos se espera. E a minha distracção passa-me a vida a dar estas lições! É género "teste surpresa"!
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