Alentejo, vasto espaço, vasto tempo (a road trip)
(este é um roteiro pelos 5 sentidos)
Lavados os olhos no largo estuário como que a marcar a transição e a preparar a vista para um espaço diferente que aí vem, o carro avança em rumo certo, vencendo o vento que nos sussurra “Além Tejo, Além Tejo…” Sem complacências, abandonamos a cidade de Lisboa, o nosso ponto de partida, rumo às extensas planícies do sul, onde o tempo é um outro.
O carro avança e passada a nua
Serra da Arrábida e quase com a ponta da mão recolhendo uns cachos periquita, é
numa comprida descida - não muito longe de Vendas Novas, que se nos enchem os
pulmões com a primeira grande golfada de ar do Alentejo.
A promessa sussurrada torna-se
então numa feliz realidade: o relevo arredondado de pequenos montes a perder de
vista, bem enriquecidos pelo despontar de viçosas árvores, algumas delas em
presença solitária, mas garbosa. O Alentejo, a mais genuína das províncias
portuguesas começa então a toda a nossa volta e confirma-se com o avistar de
Montemor e do seu amuralhado comprido, a que se segue um rendilhado em faldas
de verde, campos fora.
Para trás ficou a cidade. Sugiro
que aqui toquemos várias vezes a música “voando sobre o Alentejo” do mesmo
mestre António Chainho https://www.youtube.com/watch?v=kPPliH5HRxo
Casas caiadas de branco, vilas e
aldeias em serpenteado mourisco, com castelos altaneiros de sentinela.
Conventos que nos testemunham tempos idos e onde passeamos em claustros de
lagidos frescos de pedra, onde outrora houve quem rezasse para paz da sua alma
e da dos demais, e a favor de quem, à hora da sesta e para o seu eterno
descanso, devemos pelo menos uma oração pelos legados de receitas gulosas dos
doces que nos deixaram, para nossos descansos terrenos.
À volta da mesa, entre queijos e
enchidos, pão e vinho, sopa, cabrito assado com batatinhas, migas e outras
variedades, e depois os doces…, “prova-se” assim a arte de fazer muito com
pouco - e muito mais se faz sempre também se em companhia e em conversa
animada. Pois pode-se passar uma tarde inteira à mesa porque como se sabe “à
mesa não se envelhece”, verdade insofismável com a qual todo o alentejano não
pode senão concordar.
Este pequeno roteiro, feito para
uma cheia semana de 7 dias, procura percorrer os locais de maior interesse do
Centro e Alto Alentejo, um encontro marcado com o património, as paisagens e as
gentes desta terra! (importante: levar uma câmara fotográfica e bom calçado).
A2/A6 (dir. Évora) - saída Montemor-o-Novo
Estamos a chegar a Montemor. Nome
bonito: MONTE…MOR. Não sei porque será este “Montemor-o-Novo” e o do Norte
“Montemor-o-Velho”, possivelmente pela ocupação posterior do Sul de Portugal.
Este é um bom local para começar a nossa romaria, uma terra de toiros, a vila
onde cresceu Mafalda Veiga, uma “cantautora” que com as suas metáforas que
evoca tanto do Alentejo. Vale a pena ouvir uma das suas músicas, por exemplo “O
Restolho”, tão alentejano…
Conta-se que a 2.ª Dinastia, até
mudar a capital para Lisboa, foi sobretudo uma corte itinerante, mas Évora era
uma das principais cidades, se não a principal onde se fixou. Estas terras
conquistadas aos mouros e depois a Castela, precisavam de atenção permanente.
Nuno Álvares Pereira, o campeão da nossa independência, nelas combateu os
castelhanos e ficara dono de largas extensões, terras que vieram passar à Casa
de Bragança, pelos seus descendentes. As campanhas militares que culminam em
Aljubarrota, tiveram largos episódios no Alentejo, de que a Batalha dos
Atoleiros é um dos principais.
Com a Epopeia dos Descobrimentos,
cada vez mais o País se virou para o Litoral e o Alentejo, foi perdendo alguma
da sua importância política. Os Senhores das Descobertas eram muitos deles do
Interior do País, como Pedro Álvares Cabral (Beira) e Vasco da Gama por exemplo
era alentejano (da Vidigueira) e há quem diga que também o era Cristóvão
Colombo (da Cuba do Alentejo), mas com a crescente preponderância de Lisboa,
deixam as suas terras. Diz-se que também o Infante D. Henrique fora aí buscar
muita população para o empreendimento da colonização (é interessente ver por
ex. na Ilha de Santa Maria nos Açores a arquitectura que é tipicamente
alentejana).
Outro facto interessante - senão
terrível, tem a ver expulsão dos judeus, primeiros expulsos de Espanha - muitos
deles vão-se fixar na zona raiana (a família do grande Espinosa, que partiria
para a Holanda, teria dado o “salto” para esta zona)., em terras como Castelo
de Vide, onde ainda hoje se pode encontrar a judiaria
Vastas terras, mas nunca foram
terras ricas, a não ser muito mais tarde com a economia da cortiça.
Após as guerras liberais as
terras que pertenciam à Igreja foram vendidas em hasta pública e muitas
famílias ditas “capitalistas” de Lisboa arremataram-nas. Toda uma nova classe
que ascende com os liberais adquire também assim terras nas grandes planícies
alentejanas.
Data daqui por exemplo a
aquisição por Eugénio de Almeida das suas terras à volta de Évora, terras que
estiveram na base da fundação homónima, que veio a ser criada pelo Eng.º Vasco
Eugénio de Almeida, uma homem cuja história vale a pena conhecer. Do site da
FEA: https://www.fea.pt/10-fundador
"Personalidade de fortes
convicções cristãs e humanistas, vocacionada para a filantropia e o mecenato,
sensível às preocupações educativas e sociais, cedo colocou a sua fortuna ao
serviço das pessoas de Évora e da sua região. De entre as inúmeras obras que
realizou destacam-se, pela sua importância e impacto, a reconstrução e
recriação do Convento da Cartuxa e a criação do ISESE - Instituto Superior
Económico e Social de Évora, precursor da restauração do ensino universitário
nesta cidade.
Dedicou particular atenção à
salvaguarda e preservação do património, pelo que procedeu à reconstrução
cuidada e meticulosa dos edifícios históricos do seu património.
O seu interesse pela causa da
cultura levou-o igualmente a atribuir donativos a diversas instituições da
cidade ligadas à música e ao teatro.
No início da década de 60, Vasco
Maria Eugénio de Almeida transforma um projecto pessoal de serviço aos outros
num projeto institucional perene, e cria a Fundação Eugénio de Almeida, à qual
deixa um legado de valores, uma missão e os meios para a realizar em
plenitude".
A chamada “raia miúda” girava à
volta de latifúndios. As condições não eram fáceis, havia pobreza,
trabalhava-se de sol a sol. Por vezes, quem mandava na terra eram feitores que
o faziam com mão-de-ferro, pois não era raro que os proprietários vivessem
longe, em Lisboa
Quando se dá o advento da
indústria, é do Alentejo, na expectativa de melhores condições que partem estas
gentes para a grande cintura industrial à volta de Setúbal ou o Barreiro. O Alentejo
mais uma vez a perder população…
Por sua vez, a endoctrinação que
vão receber do Partido Comunista Português, faz com que o comunismo se infiltre
no seio do Alentejo no séc. XX, terras na verdade que, devido à pouca coesão
social (muito contrariamente ao Norte em que não haveria clivagens sociais tão
evidentes) vão aderir ao movimento das expropriações e nacionalizações.
A Reforma Agrária é um desastre:
os trabalhadores pouco habituados a gerir, dão cabo das propriedades, ainda se
agrava mais o fosso da pobreza (as terras começam a ser devolvidas. O Alentejo
até à década de 90 permanecia esquecido, parado no tempo.
Esquecido e intacto… Um pouco à
semelhança do filme “Amadeus” de Milos Forman, que para filmar a Áustria do
séc. XVIII escolhe a República Checa, parada no tempo devido ao regime
comunista.
Entretanto, hoje, o Alentejo
tem-se sabido reinventar: na década de 90 a auto-estrada ligou esta região a
Lisboa, os fundos comunitários distribuíram muito dinheiro e houve um
ressurgimento do Alentejo (nem sempre aproveitado da melhor maneira, muitos
“Subsídios” acabaram por servir para comprar jeeps…). No entanto, o que é facto
é que o Alentejo é hoje diferente e as Região de Vinho do Alentejo tornou-se
uma das mais importantes do País.
A agricultura está mais
mecanizada (por exemplo os olivais intensivos ou a produção de vinho) e cada
vez mais se tira partido da cultura e património, onde é muito importante a
qualidade. Tudo depende da promoção que se conseguir fazer desta zona.
Do ponto de vista paisagístico, o
Alentejo será como certas regiões de Itália, como a Úmbria, um segredo ainda
relativamente bem guardado.
Talvez a sua relativa pobreza fez
com que permanecesse intacta, teoria que pode ser comprovada com a relativa
menos preservação e respeito pela arquitectura tradicional em locais à volta de
Estremoz como Borba, onde houve a preponderância da indústria dos mármores, uma
indústria rica.
A lógica do Turismo que colocou
Lisboa no mapa nos últimos anos funcionou como uma espécie de spill-over,
“transbordando” o turismo para as regiões mais próximas. Nesse sentido, o
Alentejo, que pode ser promovido conjuntamente com Lisboa, pois beneficia da
força do seu nome e em boa-verdade está a não mais de 1 hora de distância do
aeroporto, o que é insignificante.
É claro que como qualquer região,
a resiliência económica não se pode fazer só de serviços e a pandemia aí está
para provar que não se pode pôr os ovos todos no mesmo cesto.
Mas, sem me querer alongar nesta
matéria, um dos efeitos desta pandemia é que os Portugueses se estão a
“reencontrar” com o seu País, com a sua história - nesse sentido, visitar o
Alentejo, pode ser neste momento uma descoberta extraordinária, dando-nos conta
de um tesouro que temos aqui, bem perto de nós. Apetece dizer: Vá para fora cá
dentro!
L’and Vineyards, é uma boa forma de começar a explicar a reinvenção
do Alentejo. Arquitectura contemporânea, uma família antiga do Alentejo (Cunhal
Sendim, essa mesma a que Álvaro Cunhal pertencia).
O restaurante do hotel é uma
tentativa de modernizar a culinária alentejana, de forma conceptual. Ganharam
uma estrela Michelin por isso, que infelizmente vieram mais tarde perder.
Existe também um conjunto de
actividades que rodeiam o vinho, nomeadamente vino-terapia (massagens) e deve
ser muito engraçado fazer massagens que incorporam os produtos do vinho.
Vale também a pena conhecer o
conceito inovador que tem este projecto, que parte da criação duma espécie de
loteamento urbano, em que “pessoas da cidade” podem ter aqui as suas casas de
fim-de-semana e acompanhar a produção do vinho. Infelizmente o projecto não
vingou, mas foi sem dúvida um projecto inovador.
Perto desta propriedade funciona
uma propriedade que é em tudo verdadeiramente exemplar, pertencente à mesma
família, nomeadamente na sua ligação à comunidade local. Parece tipo Reforma
Agrária, feita por acordo do proprietário…
O seu site explica de que forma é
inovadora:
“A Herdade do Freixo do Meio é
uma herdade alentejana onde em 1990 uma nova geração retomou o desafio de a
gerir como um Bem Comum. Elegeu a Agroecologia como ética de gestão regressando
ao Agroecossistema medieval do Montado, como forma de abordar o presente e de
construir o futuro.
Procuramos, através da
Cooperativa de Usuários em que nos organizamos, ser um espaço de cooperação, de
inclusão, de desenvolvimento pessoal, de trabalho e de construção de
comunidade. Tentamos dia-a-dia melhorar a nossa relação com os recursos: água,
solo, biodiversidade, energia, ciência e cultura. Apostamos na eficiência real
dos processos e na utilização de recursos naturais, assim como na redução de
resíduos e da pegada ecológica.
Nos 500 ha da Herdade do Freixo
do Meio uma equipe de 30 co-produtores interagem com o ecossistema obtendo hoje
um conjunto de mais de 200 alimentos de produção própria de Agricultura
Biológica, transformados na herdade e distribuídos através de uma loja online e
por duas lojas, uma na herdade e outra no Mercado da Ribeira em Lisboa”.
Há traços de ocupação humana
muito antiga no Alentejo.
Na gruta do Escoural, perto de
Montemor podemos visitar um dos mais importantes legados da pré-história na
Europa. A primeira ocupação remonta ao Paleolítico Médio, quando grupos de
caçadores-coletores Neandertal usaram-na como abrigo temporário para a prática
da caça.
Segundo o Observador:
"A Gruta do Escoural, um
achado único no país (e na Europa)
É a cerca de três quilómetros de
Montemor-o-Novo, a caminho da vila de Santiago do Escoural, que fica a Gruta do
Escoural, um complexo subterrâneo descoberto, por puro acaso, nos anos 60 (…)
As visitas funcionam entre as
9h30 e as 13h e entre as 14h30 e as 18h.
As visitas acontecem de terça a
sábado e devem ser marcadas com, pelo menos, 24 horas de antecedência: Centro
Interpretativo do Escoural - telefone 266 857 000)". A explicação das
imagens na gruta:
https://www.thinglink.com/scene/882981799087570946?buttonSource=viewLimits
Num cabeço localizado a 12
quilómetros a poente de Évora, encontra-se o maior monumento megalítico
estruturado da Península Ibérica e um dos mais antigos da história da
Humanidade. É o Cromoleque dos Almendres, constituído por 95 menires de
granito, o “Stonehenge” português.
Évora
Évora é uma das cidades de mais
rico passado histórico de Portugal. No tempo dos Romanos, já a sua importância
era excepcional, como o atestam as consideráveis ruínas ainda hoje existentes.
Hoje, a qualidade arquitetónica e cultural da cidade é apreciada diariamente
por turistas e estudantes, sendo oficialmente reconhecida em 1986 pela UNESCO
como Patrimônio Histórico da Humanidade.
Passear pelas suas ruas é
obrigatório, a começar pela Praça do Giraldo (utilizaria aqui literalmente o
verbo “giraldar”).
Évora tornou-se com a reconquista
cristã aos mouros, a capital administrativa do Alentejo, ainda hoje conseguimos
perceber essa importância, não apenas por ser sede do arcebispado, como pelo
conjunto de edificações senhoriais (os Cadavais por ex., uma ramificação dos
Bragança). Aliás, é todo este eixo de Évora a Estremoz que contém o maior
número de casas senhoriais no Alentejo, nota de que se trata verdadeiramente da
capital administrativa das terras conquistadas e cristianizadas.
Visitar: Sé, Museu Regional,
Praça do Giraldo (ir ao café Arcádia, beber um café e comer uma queijada e
giraldar: há algum bom comércio na cidade), Palácio D. Manuel, Centro de Arte e
Cultura Eugénio de Almeida. Na cidade de Évora, a Fundação Eugénio de Almeida
tem um papel essencial a nível social, educacional, cultural. É bem conhecida
pelo país mais pelo que diz respeito à produção de vinho do Alentejo na Adega
da Cartuxa.
Restaurantes: o Fialho e D.
Joaquim.
Num Sábado à tarde/Domingo:
missas na Igreja do Espírito Santo (Jesuítas).
Monte Velho Equo Resort
O Monte Velho Equo-Resort é um
boutique hotel e está situado a 7 km de Arraiolos numa quinta de criação de
cavalos da raça Lusitano. A propriedade funde-se com a paisagem rural
envolvente e providencia aulas de adestramento e passeios de cavalo, mediante pedido.
Cada quarto abre para uma varanda mobilada com vistas para a área rural e para
a barragem (texto retirado do Booking). Respira-se campo!
Há uns anos aqui havia apenas uma pequena casa de pastores. Vivia um casal, o Sr. António que tinha um rebanho de cabras e a sua mulher, a Idália (uma cozinheira que fazia umas sopas únicas). Hoje trabalham directamente no Monte Velho mais de 20 pessoas, exportando a nossa cultura pela Europa e Mundo fora!
Muito embora a cultura dos
campinos seja mais tributária da região do Ribatejo, vale a pena sentir o campo
(passando a pé ou melhor, de cavalo), os velhos tempos da lavoura e dos animais
com este fado, cantado por Carlos Ramos (“Campino”):
Ainda o sol não é nado,
Monto a cavalo
E vou p'ra junto do gado.
E os animais,
Essas tais feras bravias,
Com os seus olhos leais,
Parecem dar-me os bons dias.
Pampilho ao alto,
Corpo firme no selim;
Nunca tive um sobressalto
Se um toiro investe p'ra mim.
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado:
"Mais marradas dá a fome
Do que um toiro
tresmalhado".
Quando anoitece
E o gado dorme p'lo chão,
Rezo uma prece
Por alma dos que lá estão.
P'ra que as searas
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as peares
Nem os novilhos de temp'ra.
Mas quando as cheias
Destroçam pastos e trigo
E há miséria nas aldeias,
Eu vou cantando comigo:
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado:
"Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado".
Hoje estamos tão longe deste mundo, mas viajar é também imaginar-nos não apenas noutro espaço, mas noutros tempos!
Perto do Monte Velho Equo Resort (adegas)
Monte da Ravasqueira
Comenda Grande
Passeio 1 dia - Mourão/Herdade do Esporão/Monsaraz
O passeio tem como destino Mourão
(para almoço, no Restaurante Adega Velha), junto ao Alqueva e já do outro lado
do Guadiana, antes da fronteira com Espanha.
Seguir depois para Évora e depois para Mourão.
Depois do almoço, dirigir-se à
Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) onde poderá fazer provas de vinhos e
saber como é produzido o vinho; pode-se também visitar o lagar de azeite e
ficar a conhecer a riqueza e variedade da ancestral cultura alentejana dos
azeites.
Ao fim do dia, se possível antes
do pôr-de-sol, dirija-se para Monsaraz.
Com o extraordinário “Grande
Lago” à sua volta a perspectiva ao final do dia a partir do alto de Monsaraz é
magnífica. A Barragem do Alqueva foi uma das grandes obras inauguradas em 1998,
uma velha aspiração, ainda do tempo do Estado Novo que veio tentar potenciar a
agricultura, num local que precisava de irrigação. Hoje em dia extensos olivais
beneficiam desta grande represa de águas; foi tal a dimensão do projecto que a
temperatura está mais amena e os níveis de humidade subiram.
Outros locais de interesse: Hotel
S. Lourenço do Barrocal (com a incomparável paisagem Alentejana como pano de
Fundo, este Hotel destaca-se pela beleza e simplicidade da sua arquitectura de
Souto de Moura. O restaurante tem fama. Perguntar por Duarte Mello, RP do
hotel).
Voltar para Arraiolos e jantar no
Restaurante “o Alpendre” e depois, de volta, para o Monte Velho.
Passeio 1 dia – Estremoz/Vila Viçosa (Paço Ducal)
Estremoz
Do Monte Velho a Estremoz indo
com calma para apreciar a paisagem demora-se cerca de 45 minutos.
Estremoz é mais uma terra
acastelada, no seu interior pode-se apreciar uma vila preservada, tendo como
seu expoente a torre que hoje em dia se integra na Pousada de Santa Isabel, a
nossa Rainha Santa e que foi Paço Régio. Destes tempos ficou entre outras a
lenda do Milagre das Rosas.
Uma das jóias de Estremoz é a
Capela da Rainha Santa Isabel, localizada onde estava o quarto da rainha
milagreira. Não tendo nada a ver com a decoração contemporânea da rainha, a
capela possui painéis de azulejo e telas a óleo representativos da vida da
Rainha Santa Isabel, nomeadamente os milagres que lhe são atribuídos, que
causaram a sua canonização em 1625 pelo papa Urbano VIII. O maravilhoso coro
construído em mármore branco com uma inscrição latina, de 1808, de
agradecimento da população de Estremoz a Santa Isabel por tê-la protegido dos
saques das Invasões Francesas.
Restaurantes “o Alecrim”/”o
Gadanha”- não demorar muito porque há ainda muito a ver em Vila Viçosa!
Vila Viçosa
D. Dinis foi um dos reis que mais
relevância deu ao Alentejo, construindo um conjunto de castelos. preocupando-se
com consolidar as terras conquistadas. É de sua autoria o castelo, que alberga
hoje em dia um excelente Museu da Caça
(não vai dar hoje para ver). Mas, muito perto, pode-se entrar na Igreja que tem
a imagem da Nossa Senhora da Conceição, feita Rainha de Portugal pelo D. João
IV, depois da vitória a D. Juan das Áustrias em Montes Claros. Rezar uma dezena
(festa de Nossa Senhora da Conceição comemora-se em 8 de Dezembro).
Era de Vila Viçosa Florbela
Espanca a poeta que escreveu um dos poemas mais bonitos da nossa língua:
Ser poeta é ser mais alto
É ser maior do que os homens!
Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem
seja
Rei do Reino de Áquem e de Além
Dor
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja
É ter cá dentro um astro que
flameja
É ter garras e asas de condor
É ter fome, é ter sede de
Infinito
Por elmo, as manhas de oiro e de
cetim
É condensar o mundo num só grito
E é amar-te, assim, perdidamente
E é seres alma, e sangue, e vida
em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente
E é amar-te, assim, perdidamente
E é seres alma, e sangue, e vida
em mim
E dizê-lo cantando a toda a
gente…
Vale a pena ouvir a extraordinária transposição desta letra para a música de Luís Represas.
O Paço Ducal é um edifício
monumental cuja construção se iniciou em 1501, por decisão do quarto Duque de
Bragança, D. Jaime.
Serra d’Ossa - visitar Hotel
Convento de São Paulo/Aldeia de São Gregório
Elvas
A cidade de Elvas quase por
reflexo condicionado põe-nos a pensar em Badajoz, a terra onde em pequeninos
ansiávamos pelas pastilhas Bang-Bang, ou as Petasetas, comprados no Corte
Inglês ou nos Preciados.
Mais tarde, quando começamos a ir
à neve, à Serra Nevada, naquele excitamento da passagem pela portagem,
surpreendíamo-nos com o contraste entre a beleza da nossa cidade de Elva e a
relativamente feia mas grande cidade de Badajoz, onde as crianças se passeavam alegremente
nas ruas mascaradas de Carnaval!
Elvas e aquela região do Alentejo
encostam a Espanha e não será por acaso, pela facilidade de travessia entre uma
e outra terra, sem grandes acidentes geográficos que este local terá sido um
local por excelência de tentativas de penetração no nosso território. Daí
ter-se tornado uma praça armada tão importante.
O Forte de Nossa Senhora da
Graça, oficialmente denominado como Forte Conde de Lippe, no Alentejo,
localiza-se na freguesia da Alcáçova, a cerca de um quilómetro a norte da
cidade de Elvas
Serra de S. Mamede (Marvão e
Castelo de Vide)
Passeio Pedestre - preparar
pic-nic
Castelo de Vide: Ao chegar a Castelo de Vide somos surpreendidos pelo castelo rodeado de casario branco que se destaca na paisagem. Mas a maior surpresa maior está dentro da vila, onde encontramos uma das mais bem preservadas judiarias de Portugal.
Imagens: quadros de Dórdio Gomes, pintor alentejano.
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