Tivali, no Tivoli e depois dei um salto a Bolonha
Estou na Toscânia - espero não estar a cometer alguma gaffe geográfica - desde ontem à noite, mais em particular em Bolonha.
Arcângelo Fuschini foi um importante pintor português e era filho do pintor e ceramista italiano Francesco Fuschini natural de Faenza. Francesco terá vindo para Portugal a convite do Marquês de Pombal para dar início à indústria da porcelana. Ora, sou descendente por linha paterna destes italianos e não deixa de ter piada andarmos por sítios por onde nossos antepassados fizeram a sua vida e imaginar...
E vim doutra reminiscência familiar, do Tivoli, perto de Roma, intrigado por saber donde virá o nome de Tivoli que o meu bisavô, Frederico de Lima Mayer, casado com Octavia Joyce Fuschini - se não me falham as contas, bisneta de Arcângelo e trisneta de Francesco, acima referidos - deu ao cinema que construiu na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Ora, com muita sorte do destino, em Tivoli (não sei se devo dizer "em"ou "no") fiquei instalado mesmo ao lado da Vila d'Este, um local incrível e, umas horas depois de ter chegado, fui brindado com uma visita nocturna. Trata-se duma enorme vila renascentista, incluída na lista da Unesco desde 2001, "feita para satisfazer o desejo de grandeza duma pessoa muito especial" - diz-nos o guia que comprei - "Ippolito d'Este. Nascido em 1509, filho de Lucrécia Bórgia, que por sua vez era filha do Papa Alexandre VI de Bórgia que lhe terá feito o arranjinho para o seu 3.º casamento com Afonso I, Duque de Ferrara e pai de Ippolito. Ora Ippolito era um dos poucos que podia reclamar-se neto do Papa, pelo que naturalmente - nestes tempos de liberalidades papais..., comentário meu... - com esta ligação a sua carreira eclesiástica desenvolveu-se muito precocemente: Bispo aos 2 anos de idade, Arcebispo aos 10 e Cardeal aos 30!"
Banido de Roma, pelo Papa que se segue - talvez por uma questão de moralidade, digo eu! - para que não perdesse por completo a face é feito Governador ou algo que se lhe pareça de Tivoli e o mesmo entra triunfalmente nesta terra que havia sido residência do Imperador Adriano. E começa a construir esta villa extraordinária, com frescos e de jardins já eleitos os mais bonitos da Europa.
Ora, extasiado perante um espectáculo nocturno edificante de fontes e luzes, espreitei na livraria e encontrei um livro que me ofereceu talvez uma pista válida para as minhas buscas, indagações... "Rose a Villa d'Este", um livro lindo de capa dura, plenamente ilustrado com um estudo exaustivo sobre as rosas da Vila d'Este - que eu, por estar noite não vira no jardim. Mas no dia seguinte, pela manhã, voltei a entrar na Vila d'Este e se bem que não seja agora talvez a melhor altura delas, as rosas têm de facto um lugar importantíssimo no jardim; e não apenas no jardim: logo à entrada há umas pequenas esculturas no tecto de rosas, pintadas.
O meu bisavô Frederico era um apaixonado por rosas. Um banco no roseiral do Jardim Zoológico prepetua o seu nome, pois parece que ele ía para lá frequentemente. E o símbolo do Tivoli em Lisboa são precisamente rosas. Será esta uma inferência válida?
Estou também muito interessado em voltar a ver as telas da sala de jantar do Tivoli em Lisboa porque me pareceram que há parecenças com os frescos de Vila d'Este.
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