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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Antoine de La Garanderie

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A paciência de Antoine de La Galanderie Um homem cujo olhar convencia. Lembro-me dele, ao cruzar-me com ele. A Teresa, porteira do ICP, disse-me que a mulher dele tinha morrido dias antes e que ele já andava por ali, como se nada fosse. Não posso imaginar, contrariamente a ela, o seu enorme sofrimento pela enorme perda. Texte de Thierry de la Garanderie: "Il aimait les chemins de campagne, il aimait s’engager d’un pas décidé, le cœur ému par les spectacles de la nature, l’esprit en alerte et en attente d’intuitions nouvelles. Pour lui le corps et l’esprit étaient inséparables : marcher était penser, penser était marcher, poursuivant des horizons de sens multiples, horizons qui se constituaient peu à peu devant lui, suivant les sinuosités, les contours et les détours des chemins qu’il empruntait. Il y eut ainsi des chemins que plus personne n’osait suivre ; menaient-ils nulle part ? Non ! Ces chemins semblaient obstrués, car on ne les arpentait plus. Notre pens

Interstícios

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Sermos nós próprios, Vasquinho, é o maior desafio de todos. Nunca pretendi ensinar-lhe nada, você é um rapaz sensato, mas não se deixe adormecer porque há que estar acordado. Vi-te crescer, meu irmão e o miúdo que me lembro sentado na cadeira a meter as mãos ao bolo no seu primeiro aniversário - porque não dizê-lo "aniversário"'? - aqui estás grande mas ainda com cara de bébé. És o mais novo de todos, e por isso, em parte és um privilegiado, porque viveste já com muitas lutas ganhas e o caminho estava aberto para ti. Tu sabes o amor enorme que tenho por ti, sinto-te um rapaz generoso e simpático, sem manhas nem truques na manga e gosto de ti assim, e gosto dos teus amigos, também eles rapazes simpáticos e amáveis, tal como tu. E gosto de ti, sem saber muito bem porquê, mas sinto que por ti dava tudo e que nunca te quero ver triste e que isso para mim seria uma enorme tristeza. E sei que nunca assim será porque tu és um rapaz talentoso. Por isso, podes contar comigo,

down the street, Downing Street

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The night is cold and the cars are passing by, tv stands off and carpet glows in ornamental colours: - Hope is there and protects me around the corner. Where the man with the knife strives, this shadow of benevolence strolls just behind, and keeps me in unbreakable shield. For today I know the value of things, and no robber stabs the one who sees the light in the night. Let him stand there, for I go just round him, and where he says in a compromised voice: good-night (and tries to take out the knife); I say in happy way: good-day! ... and keep on, down the street, Downing Street.

Hamburgueres 4 all

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Há dois dias, quando chegava a casa após um dia de trabalho intenso ligo a televisão e enquanto ela ainda apenas debita som e imagem, vou à cozinha e abro o frigorífico: a minha mãe deixara-me uma saladinha de massa e camarão! Volto à sala e no Odisseia um documentário sobre a América - título exacto ainda não claro -, falando de Tocqueville, aborda essa sociedade e os seus hábitos. Quando a minha atenção se prende compreendo que o que se trata: é da questão do individualismo, pegando exactamente sobre a vertente dos hábitos sociais e das famílias. A vantagem do capitalismo, dizia-se, estava precisamente na liberdade que confere aos indivíduos. Na América pós-guerra há um crescimento da indústria automóvel, expoente máximo desta filosofia de vida. O programa acaba por se revelar mais interessante ainda porque tem que ver com os hábitos alimentares e com a questão, muito singela, das sandwiches. Perguntando a um americano o que é uma refeição ele dirá que é uma sandwiche com alguma

Os afectos

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Desde que me lembro fiz planos na minha vida: quando era novo e estava de férias fazia planos para os dias que se seguiriam. O mais difícil para mim é concentrar-me num plano e levá-lo do princípio ao fim. Confesso que já fui pior nesse capítulo e consegui, nomeadamente, acabar o projecto do livro e os projectos dos estudos - que não foram fáceis. Mas o que para mim também é importante é que, ao longo dos projectos, também beneficie um pouco do caminho, que goze o caminho. Há poucos dias a Léa abriu os meus olhos para este aspecto: como é importante que não seja só aquela tarefa a fazer, mas que se goze a tarefa. Verdadeiramente as pessoas que estão apaixonadas por aquilo que estão a fazer, vivem esse encantamento que acaba por ser transbordante e contagiar os outros. Esse grande sonho para a vida - curioso que o Quico, meu irmão me falava disso no carro, enquanto vínhamos do Alentejo - não é ser rico. Não é mesmo porque o ser rico é um reducionismo da vida que a empobrece (pa