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Sebastião Salgado e os estados psicológicos

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O grande fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado conta que o trabalho que fez designado "Exodus", em que retrata pessoas em fuga de guerras (creio que uma delas é o Ruanda) o expuseram de tal forma ao lado negro do Ser Humano, que ficou profundamente abalado, em estado de depressão. Foi um projecto longo e difícil, que o levou a procurar ajuda, porque acabou por não se sentir bem do ponto de vista psicológico, acumulando tensões e uma enorme descrença na bondade da vida. No seu trabalho seguinte, designado "Génesis", Sebastião Salgado veio tentar combater a tristeza que carregava com a beleza e magnificência da natureza. Muito desse trabalho é também feito no mesmo Ruanda, onde se deram os mais terríveis massacres de que a Humanidade viveu no limiar do séc. XXI, retratando agora selva e a riqueza da sua vida animal. Não tenho dúvidas de que somos bastante condicionados pela forma como o que se passa no nosso dia-a-dia nos cria boas ou más emoções.    Sebastião Salga

Há dias felizes, viagem a Castelo Branco

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Com passo apressado fecho a porta do escritório, saio para a rua e passados 20 minutos avio a minha mochila com o essencial para uma noite fora de casa. Destino: Castelo Branco. Meio de transporte: combóio regional da CP, com saída marcada para as 4 da tarde em Santa Apolónia. Véspera de 3.ª feira de Carnaval, dia de trabalho, alguns telefonemas pelo caminho. Uma viagem um tanto ou quanto longa, sobretudo porque uma grande parte dela já de noite. Chego a Castelo Branco pelas 20h00, ando uns 10 minutos e estou no Largo da Devesa, uma das principais praças da cidade. Sem bateria no telemóvel, vou jantar com o principal propósito de recarregar o aparelho, o que me permitirá ver os códigos da porta de entrada do AL e, assim, dormir debaixo dum tecto. Mas o jantar revela-se extraordinário: um óptimo caldo verde, seguido de ovos rotos com cogumelos e 6 croquetes de alheira. Dois copos de vinho serrano, uma maravilha. Foi um bom começo esse, no "Ponto Wine Garrafeira"! Ssorria-me a

Como uma árvore

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Não sei se é qualidade ou defeito andar sempre com imensas ideias e projectos. Esta semana sentei-me na Livraria da Travessa a ler um livro chamado "Foco", de Daniel Goleman. Nem de propósito.  Depois, esta manhã, sentei-me a escrever a quantidade de coisas em que me meti nos últimos dias. Fui dar uma volta de seguida e, quando voltei, lembrei-me que eram mais ainda os assuntos... Depressão. O tema atrai-me. Não sei porquê, talvez porque tenha vivido debaixo dela. É incrível como podemos não nos aperceber que o céu por cima de nós está cinzento, mas que pode haver sol. Há quem pense que o cinzento pode ser a cor normal do céu. E não será assim. A atmosfera pode ser mais leve, o céu pode ser mais azul.  Porque já na vida acumulei um capital de experiência que me permite perceber como nos podemos orientar para sermos mais felizes, por certo poderei com isso ajudar outras pessoas. É simples. Ao procurarmos essa vida feliz, é muito importante que sintamos que somos de alguma mane

Os Maritain

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Num mundo intelectual onde a ruptura com a fé e a perda do sentido pesavam, prometem-se mutuamente que acabariam com as suas vidas, se dentro dum ano não encontrassem uma solução para o grande desnorte em que se sentiam envolvidos.  Jacques e Raissa Maritain, um casal apaixonado, não encontram nos seus estudos da Sorbonne nada que os leve a encontrar essa saída - e é apenas quando lhe falam de Henri Bergson e começam a frequentar as suas aulas, no College de France, que iniciam a caminhada que os leva a vir a encontrar o "caminho para casa". Vêm a descobrir Deus, baptizam-se. Ela mais mística, contemplativa, dedicada à poesia; ele, por sua vez, um pensador de "primeira água" de quem o Papa Paulo VI  disse quando morreu aos 90 anos: "perdemos um mestre na arte de pensar, de viver e de rezar".  Apostado em pensar o mundo contemporâneo com fundamentos sólidos, Jacques Maritain encontrou em São Tomás de Aquino - que fora bebera em Aristóteles, uma filosofia da

Sentado no meu sofá

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Leio nuns apontamentos que tenho que a desolação nos leva à dispersão. Manter hábitos de leitura, de calma, alimenta-nos interiormente e pode ajudar-nos a viver de forma mais concentrada, atenta. Na verdade, o alimento que tomamos pode ajudar-nos, tornar-nos saudáveis, ou pode ter por efeito desequilibrar-nos - e por vezes nem nos apercebemos disso.  Este fim-de-semana utilizei-o para fazer uma boa arrumação ao meu escritório em casa: acumulavam-se livros e papéis. É incrível como os dias nos vão levando a acumular leituras, escritos e informação. Às tantas, já não nos lembramos que, há cerca de 15 dias p.e., passámos por aquele livro a propósito duma qualquer pergunta que fazíamos a nós próprios.Vamos acumulando necessidades, projectos, idéias, papéis - confusão. Há um dia em que é preciso parar e olhar para tudo isso... e arrumar. Na semana passada ouvi um amigo falar na frase de Sto. Agostinho que dizia que somos feitos para Deus e que os nossos corações só descansam quando repousam

Um fim-de-semana preenchido

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Tive um fim-de-semana muito preenchido, no Sábado preenchido por leituras, no Domingo de encontros. Sábado rumei à colina de Lisboa de que mais gosto, a colina de S. Vicente e visitei o Mosteiro, jóia das mais esplendorosas, por certo também das menos referenciadas. Levava comigo uma leitura dum cultor das palavras e das letras, de seu nome António Mega Ferreira - os itinerários de Santo António de Lisboa e de Pádua. No pátio de entrada banhei-me com um sol primaveril enquanto lia Mega Ferreira relatar a vida movimentada de Santo António, numa prosa cuidada e culta, depois percorri os corredores e os claustros, para, no final, banhar o olhar nas vistas de Lisboa. No Domingo, acordei cedo e às 8h o comboio saiu da estação rumo a Coimbra. Pela frescura da manhã, de mochila às costas, entrei pela rua da Sofia, numa cidade ainda enevoada pelas humidades matinais. Tomei dois cafés e dois crúzios ao lado de Santa Cruz, dei uma volta pequena e juntei-me aos fiéis na sua missa dominical na igr

What Makes us Strong

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Ontem vi um documentário notável que está no Youtube intitulado "What Makes us Strong?", produzido pelo canal alemão DW, que à semelhança dum outro não mesmo notável ("How does touch affect our mental and physical health?") é profundamente fundamentado em estudos científicos que estão a ser desenvolvidos. Ora, neste documentário de ontem o que se questionava era essencialmente de que forma podemos ser resilientes, uma questão que importa a todas as pessoas, de todos os "walk of life". Irei voltar a ver este documentário, não muito longo (1 hora), porque terei ainda que integrar tanta informação.  Uma das questão colocadas é, justamente, porque razão há pessoas que aguentam as situações de stress e o gerem de forma saudável, enquanto que, para outras, essas situações têm efeitos negativos na sua estrutura psicológica? Para responder, há respostas naturalmente no domínio da ciência, nomeadamente na forma como se produzem substâncias químicas no organismo, no

Hilaritas

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Mais do que floreados e ornamentos no discurso, o emprego de imagens enriquece o sentido que o mesmo pode ter, dando um sentido axiológico, valorativo. Por contraste, uma linguagem asséptica, higiénica, de um branco hospitalar, não permite criar conexão com o receptor.  Quando saímos do discurso técnico, frio e impessoal e nos remetemos a dar sentido ao que comunicamos, passamos a dizer algo. O emprego de metáforas é um exercício tão importante quanto difícil, pois exige que consigamos apreender o sentido de uma situação, normalmente complexa e que pode não ser fácil de ler à primeira vista, o que requer não apenas capacidade analítica, como ainda criatividade e poder de síntese. Na política, compreende-se que um Secretário de Estado use mais a linguagem técnica, mas não que um Ministro o faça. Um Ministro deve ter um projecto, que pode passar por dominar a técnica, mas depois ele tem é que ser um mestre na comunicação e levar os outros a aderir às suas ideias. Acontece que hoje temos

Trabalhar para a saúde mental

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" Depressão e Ansiedade ", dá o título para uma TED talk de Johann Hari que estive ontem a ver. Será porventura um tema deprimente, para um dia já de si deprimente (Domingo à noite)... No entanto, é algo de que tenho cada vez mais me interessado, no sentido de perceber o fenómeno, que é muitíssimo importante, pois os nossos estados de alma não se furtam a períodos mais negativos, que poderão ser longos - e nós nem deles nos apercebamos. Cuidar do nosso mundo interior tem sido para mim uma aventura de aprendizagem, que me fascina. Passar de estados de penumbra, para estados de alegria e luz. Johann Hari ensaia falar sobre o tema e parte de duas constatações: há cada vez mais pessoas deprimidas e ansiosas no mundo; por outro lado, ele próprio teve períodos de depressão e a forma como os médicos a trataram fê-lo pensar; segundo as práticas comuns seria um problema biológico , de desequilíbrio químico do cérebro; a solução passaria por combater a falta de serotonina. Parece-me um

Escrever

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  Diz o Pe. Mário Azevedo da Igreja de S. Domingos que eu serei um escritor. Ontem tive a imensa sorte de me lembrar que na Livraria Bertrand aqui ao lado de casa se iria começar a reunir um grupo para falar de livros. Fui lá espreitar e, de facto, consegui ver pela porta que se sentava um  grupo à volta de uma mesa. Entrei, a conversa já se tinha iniciado há algum tempo... sentei-me por perto, até que o grupo me ganhou e tomei coragem de avançar para a ele me juntar. Acabei por ouvir várias pessoas, "mavericks" como eu, pessoas que tiveram a ousadia de aceitar o desafio de falarem sobre livros com desconhecidos. Penso que apenas uma das pessoas era portuguesa; havia pelo menos dois brasileiros, um cubano, uma francesa, uma russa, dois colombianos, um norte-americano e um casal simpático com uma filha pequena, que não cheguei a perceber donde vinham porque saíram mais cedo. A conversa fazia-se em inglês. Também me apresentei. Nas últimas semanas tenho ouvido muitas palestras