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A mostrar mensagens de dezembro, 2022

Sir Anthony Hopkins, Sir João Paulo Dias Pinheiro (da Ferin)

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Há filmes especiais e "84, Charing Cross Road" é certamente um deles (antes fazia lista dos melhores filmes daqueles que mais me marcaram e aqui vão alguns deles: A Missão, O Padrinho, A Vida é Bela, o Carteiro de Pablo Neruda, Dança com Lobos, o Cinema Paradiso,  les Choristes, The Thin Red Line [Terence Malick], o Clube dos Poetas Mortos, Patch Adams e outros de Robin Williams [uma pena que tenha desaparecido], mas também Shadowlands e Remains of the Day, estes dois em que Anthony Hopkins é protagonista). Spielberg é um génio e são inúmeros os filmes que me marcaram na infância (naturalmente os Indianna Jones!) e não só, já em jovem adulto, como a Lista de Schindler ou o Soldado Ryan, este com Tom Hanks, um actor prolífero (que protagoniza um dos mais excepcionais e mirabolantes enredos num filme de Spielberg, Apanha-me se Puderes).  Anthony Hopkins. Há nele uma densidade humana muito contida - agora que leio a biografia de Angela Merkel diria que também a ele se aplica a m

Na véspera de Natal

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Estou sentado na quartinho de minha casa, transformado em escritório. É véspera de Natal, está um dia limpo, já saí à rua para beber um café. No topo dum hotel, à vista da minha janela, uma bandeira portuguesa esvoaça ao sabor do vento. Vou daqui a pouco sair de novo à rua para tratar dum assunto de trabalho. Depois voltarei a casa para pegar em tudo e ir para Sintra, onde estarei até ao final do mês. Os últimos dias têm sido cheios de encontros, o mais das vezes à mesa, o que é sempre bom pois proporciona boas conversas. Estive com o Nuno, com o Zé Frederico, com a Filipa, com os meus tios Frederico, Lívia, Tomás e Maria José, com o Jan, com a Andrea e outros.  Ao longo dos últimos tempos tenho estado com dezenas de pessoas, em estilo "cognac" e em estilo "trabalho". O em estilo "trabalho" custa sempre mais, mas por exemplo tenho conseguido em certos casos partilhar com o Nuno bons momentos de relaxe depois, comendo um bom bife com batatas fritas... acomp

Falta de cultura de trabalho e de ambição

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Hoje estive a almoçar com uma colega de trabalho, advogada como eu.  Falámos sobre Portugal em geral e sobre como as coisas se passam por cá. Tão diferente do glorioso passado que invocámos - a Filipa falava-me da Índia e de ter ficado fascinada com Goa e com tudo o que lá deixámos. Na minha opinião, há claramente falta de cultura de trabalho e não se percebe como é que as coisas se passam geralmente duma forma tão lenta na Administração Pública. Ando há meses para obter respostas nas autarquias locais. As pessoas não respondem (o email cai geralmente em saco roto), agora a maior parte dos dias estão em teletrabalho e isso é desculpa para não se conseguir falar com elas. Por outro lado, faz pena porque temos também grande falta de ambição, o máximo que ambicionamos é ter o nosso empregozinho... O melhor é um trabalhinho no Estado, garantido para a vida... Ontem falava com outro meu amigo, o Jan, que é alemão e vive em Berlim. Tivemos um jantar bem simpático. Estivemos a comentar a fras

Edgar Morin e a nossa multiplicidade

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Ontem à noite assisti a uma palestra gravada no Youtube de Edgar Morin em 2013 intitulada " Amor, poesia e sabedoria " (tradução do francês). Trata-se dum homem interessante, que procurou a arte do viver, não sendo apenas um pensador, afastado do mundo. Diz-nos ele que a sabedoria é fruto de uma vida que arrisca, que não é meramente racional; o contrário seria loucura, o que contém em si uma espécie de paradoxo. pois poderíamos pensar que é sábio aquele que já domina a realidade. Mas não é assim com Morin, que ensaia uma antropologia em muitas dimensões: o Homo Sapiens, como o Homo Demens, o Homo Faber (aquele que produz) e o homem espiritual (aquele que reza a um ser superior), ou mesmo o Economicus ou o lúdico.   Enquanto seres humanos relacionamo-nos com os outros nossos semelhantes tentando progredir nas nossas vidas. Viver em sociedade é muito complexo e obriga-nos a ensaiar um diálogo com os outros, explicando de nós, e das nossas razões. No entanto, não podemos apenas

Estudantes de direito e saúde mental

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" Os estudantes de direito começam a faculdade de direito com um nível alto de satisfação com a sua vida e recursos mentais fortes. Mas no primeiro ano de faculdade, eles experimentam um aumento significativo de ansiedade e depressão. As pesquisas sugerem que os estudantes de direito estão entre aqueles mais insatisfeitos, desmoralizados e deprimidos de quaisquer  estudantes universitários " (A. A. Patthoff, in "This is your Brain on Law School: The Impact of Fear-Based Narratives on Law Students", 2015 UTAH L. REV, 391, 421 [2015] Isto poderia quase ser o relato da minha experiência. Ao entrar na faculdade ia com os níveis de confiança em mim bastante altos: muito bom aluno no secundário, cheio de vontade de dar o meu melhor e de vingar. A praxe foi logo um embate com uma realidade que se escrevia de uma forma diferente daquela a que estava habituado. Não é que me tivesse marcado especialmente como algo muito negativo, mas dava a nota para um ambiente um tanto ou q

O Bom Samaritano e os sem-abrigo de Lisboa

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Na passada 6.ª feira assisti a uma conferência na Brotéria, o centro de cultura jesuíta em Lisboa, proferida por James Keenan s.j., do Boston College ("A New Look on Moral Reasoning"). A tese dele é que a consciência não é uma capacidade, um atributo, mas que tem que ver - e compreende necessariamente - a acção. Não fosse assim, e embora o Sacerdote e o Levita fossem pessoas formadas na religião e que sabiam distinguir o bem do mal, eles não teriam passado ao largo, algo que não seria de todo de esperar à partida. O Bom Samaritano, - aquele que seria o menos óbvio, é aquele que pára e se compadece, que se oferece para ajudar.  E isto porque, na opinião de James Keenan, ele se apresenta (1) vulnerável e (2) reconhece um outro naquele abandonado, que jaz ferido na berma da estrada. O apelo de Keenan é que saiamos dos nossos confortos e que ousemos a dar atenção àqueles que, por rotina, nunca pensámos que sejam semelhantes a nós.  No final da conferência uma senhora estrangeira