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A mostrar mensagens de agosto, 2012

Pau, porte des Pyrénées, lugar de especulações geneológicas

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Conta-nos Veva de Lima que o tenente Mayer, deixou  sua mulher Maria Polinska - polaca, e sua filha em Pau e partiu para "Bayonne esperar por um corpo do Exército da Gironde para se alistar" (estaríamos cerca de 1806). "Armand Charles Antoine tinha então trinta e três anos e devorava-o uma nostalgia ardente: voltar à embiaguez das batalhas, ao triunfo das armas imperiais, que havia servido sempre no fragor das vitórias e colaboração na grande epopeia". Cinco anos se passaram, entre Espanha e Portugal, até que regressa a Pau. Continua Veva de Lima: "Quando chegou a Pau já não encontrou Maria Polinska... a infeliz abandonada morrera de consumição um ano antes. Sua filha casara com 14 anos com um antigo Fermier Général que, mais velho trinta anos do que ela, rico e afastado do seu cargo desde a tomada da Bastilha, ocupava-se agora de agricultura em Billières, perto de Pau, onde tinha a sua residência com grande comitiva. Foi em casa de sua filha que o formoso

Em Toulouse-Lautrec

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(thanks mother pelo comentário, de que gostei muito, e bem-vinda ao mundo da blogosfera!) Algumas coisas há a contar destes últimos 2 dias em que não tenho dado notícias por esta via. Uma viagem "solo" é uma espécie de encontro consigo mesmo e tem-me feito bastante bem. A paisagem exterior acaba por ser um pretexto para uma viagem interior. E é bom fazê-lo assim durante algum tempo como eu tenho feito (a propósito disso vi um filme interessante em Turim sobre o Caminho de Santiago e ontem comprei a revista Geo que fala do mesmo assunto; também tem acompanhado a minha viagem o Livro do Pre. Tolentino Mendonça "Tesouro Escondido" que fala muito em viagem interior). Trazia vários planos. Um deles penso que acabei hoje e tratava-se de transformar num pequeno livro os comentários da Maria Cóias, minha amiga, num outro blog e que lhe quero dar como presente, agora que ela se casou. A Maria ensinou-me muitas coisas e quero retribuir-lhe com isto. Seleccionei aqueles

Aix-en-Provence

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Uma sonoridade elegante e agradibilíssima estes Nocturnos de Chopin tocados pela nossa Maria João Pires. Têm-me acompanhado ao longo desta viagem que agora pára em Aix-en-Provence. O meu pai tem toda a razão: os Nocturnos de Chopin são do melhor que há, tenho-os redescoberto.  Não há muito a dizer. Estou muito bem instalado, numa cama óptima, numa rua movimentada, mas do meu quarto não se ouve a rua. O meu tio Duarte fazia anos hoje, falei com os meus pais que estiveram com a minha avó. Vou dormir bem hoje.

Côte d'Azur, a experiência derradeira do Interrail

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A saída de Itália foi pela porta pequena: nada de comitiva de honra com banda a desejar-me felicidades e um regresso em breve. E, a Itália, caprichosa, ainda me faz o desmando de me dar como leito uma pedra que não diria fria - porque o bafo tem sido mais do que muito -, mas certamente duara em frente a uma porta da estação de combóios de Ventimiglia, o posto avançado antes da chegada em França. Ou seja, tratou-me com uma displicência que, honestamente, não estava mesmo à espera. E mais, não sei o que lhe fiz, porque além do leito duro, ainda tive por companhia até às 5h15 uma odiosa família muçulmana com um rádio com as últimas novidades artísticas do Magrebe a azucrinar-me a cabeça e a pôr à prova a minha santa paciência.  Noite em claro; claro está com uma irritabilidade grande que daí advém... Logo que o 1.º combóio que partia para Grasse se apresentou, pus-me num ápice no 2.º andar do mesmo, tal qual o guia me avisava pois a vista para a Côte d'Azur era extraordinária e a m

Tivali, no Tivoli e depois dei um salto a Bolonha

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Estou na Toscânia - espero não estar a cometer alguma gaffe geográfica - desde ontem à noite, mais em particular em Bolonha. Arcângelo Fuschini foi um importante pintor português e era filho do pintor e ceramista italiano Francesco Fuschini natural de Faenza. Francesco terá vindo para Portugal  a convite do Marquês de Pombal para dar início à indústria da porcelana. Ora, sou descendente por linha paterna destes italianos e não deixa de ter piada andarmos por sítios por onde nossos antepassados fizeram a sua vida e imaginar... E vim doutra reminiscência familiar, do Tivoli, perto de Roma, intrigado por saber donde virá o nome de Tivoli que o meu bisavô, Frederico de Lima Mayer, casado com Octavia Joyce Fuschini - se não me falham as contas, bisneta de Arcângelo e trisneta de Francesco, acima referidos - deu ao cinema que construiu na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Ora, com muita sorte do destino, em Tivoli (não sei se devo dizer "em"ou "no") fiquei instal

Estados Unidos da Europa

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Viriato Soromenho Marques tem vindo amiúde à televisão falar da Europa, assumindo-se sem quaisquer vergonhas como federalista. Admiro a sua coragem de ser um homem que rema um pouco solitariamente e acho que o faz convictamente, sem esperar aplausos e sem vaidade - e ainda bem que assim é. Mas não concordo com ele nessa sua posição federalista. As indiossincracias entre a Europa e os Estados Unidos da América - que ele muitas vezes apresenta como modelo de federalismo para a Europa - são muito diferentes, sobretudo os tempos são diferentes e tenho pouca fé que hoje seja possível grandes mudanças históricas - posso estar redondamente enganado. Ele diz que as realidades sócio-culturais eram muito diferentes entre os diferentes estados americanos, que fossem, até concedo. Ora o que sucede é que quando se dá o momento definidor da perenidade da América, o Estado era recente, e vinha dum passado sob domínio da Inglaterra. Do ponto de vista político, não havia uma identidade, ela estava

Em Roma, partindo para o Tivoli

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O combóio a alta velocidade que me deixou em Roma Termini, apresentou-me a um crossroads de vidas. Sinto que é esta realidade tão rica, quanto diferente pelos passos que se cruzam para destinos diferentes, que tem sido interessante viver. Enquanto espero combóio para Tivoli, comprei um livro que me chamou a atenção e que tem por título "One On One, 101 true encounters" de Craig Brown. É um livro fascinante que conta 101 encontros fora do vulgar entre pessoas que ficaram na história ou que fazem ainda a história: começa com um encontro entre Hitler e um aristocrata inglês que, em Munique, enquanto Hitler ascendia ao poder se cruzam numa rua. O inglês, estudante rebelde, mandado para a Alemanha para ganhar juízo e disciplina, ao volante do seu carro acabado de comprar, embate contra o próprio Hitler, que atravessava a rua. Hitler cai ao chão, mas não se magoa. O inglês sempre guardou esta história e dizia que teve durante uns segundos o Futuro da Europa nas suas mãos... Ai s

Reflexões

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Uma viagem destas tem ou não alguma consequência na minha maneira de ser/estar? Se fosse para ficar igual ao que já era, não valia a pena ter vindo! Tenho seguido viagem sem procurar verdadeiramente planear muito as coisas, sem querer estudar previamente os locais de passagem. Tomo a decisão de passar por um determinado local e parto. Isto é engraçado porque nos obriga a tomar decisões todos os dias, a não nos acomodar. Esta é a alma do peregrino, não ter uma "pedra para recostar a cabeça",  leitura que retiro de "o Tesouro Escondido" que trago na mala - é claro que exagero um pouco pois tenho andado sempre muito confortável, alternando actividade com descanso, mas é uma vida de deambulação a que tenho tido desde há uns dias, com surpresas a cada esquina. Vindo de Sorrento, cheguei à estação de Nápoles e é de lá que partem todas as ligações. Ponderava muito ir para Tivoli, ou para a Sicília. Na véspera tinha chegado à conclusão que bastava deste calor tórrido

Sorrento e Capri

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Dormi num albergue para estudantes na melhor cama desde há mais de 15 dias, um quarto também ele enorme, em St. Agnello perto de Sorrento. Uma família bem simpática é dona do negócio que tem a sua dependência principal em Sorrento e, quando não tem lugar aí, aluga ainda quartos em St. Agnello. O Sr. Pepino levou-me no seu Fiat 600 - a minha mala era quase tão grande quanto o carro (!) e explicou-me depois onde poderia jantar. Pelas 8h50 do dia seguinte, o mesmo Sr. Pepino, mas agora numa carrinha de 9 lugares, esperava à porta do albergue para nos levar a Sorrento. Estava a ansiar por um bocado de mar depois dos dias de Nápoles, quentes e abafados... e mal cheirosos! Rumei pois para Capri, apanhando o barco no porto de Sorrento. Costa de Amalfi, bem bonita, muito recortada e com falésias muito altas, mas com vilas mesmo ribanceiras. Os melhores hóteis, está-se a ver, são pois os que estão nestas ditas "ribanceiras". De Capri, posso dizer que me encantaram duas coisas:

2.º dia em Nápoles

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Dia da Ascensão de Nossa Senhora aos Céus, dia Santo na Cristandade e dia Santo, como não podia deixar de ser, em Nápoles - La Madonna! Comecei o meu dia com missa no Convento das Clarissas, um lindíssimo convento onde estão sepultados vários membros da família Bourbon. Uma cerimónia simples e com um sacerdote que colocou bem a "questão", centrando-o no mistério da vida de Cristo e na Sua dávida de si, por amor, a todos nós.  Percorrendo uma vez mais as ruelas de Nápoles, consegui finalmente entrar na Catedral de Nápoles, dedicada ao seu Padroeiro, S. Genaro (S. Janeiro?). Uma missa solene, com o Bispo de Nápoles, co-adjuvado por uma mão cheia de sacerdotes acabava e ouvi um coro, que me pareceu de africanos. Era de facto. Aproximei-me e reparei, no primeiro banco da Catedral que, enquanto cantavam, dançavam. A mesma experiência de alegria que tinha sentido em Roma, uns anos antes, em 2000, nas Jornadas Mundiais da Juventude, em que participara numa missa cantada por um co

Nápoles e Pompéia

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Imagina que depois duma noite silenciosa acordas e sais à rua. Após caminhares ao longo duma baía com duas altas montanhas como fundo vês, do lado da cidade um enorme palácio salmão. Uma estátua dum senador romano saúda-te os bons dias. Nada especial, não é?, mas é apenas ainda a "côdea" desta cidade. Começando o dia sem planos, apenas o de sentir a cidade, olhei para cima e no alto avistei um grande forte. Quis-me aventurar pelas ruelas, que a ele ascendiam, mas de pronto fui disso demovido: parando para perguntar a populares, fui abordado por um tipo que não me largava; uma senhora um pouco depois disse-me que seria melhor guardar o Ipod. Então, frente a estes dois avisos, decidi poupar-me. Mas lá subi de funicolar até ao topo. Valeu bem a pena pois chegando a Castel S. Elmo e Certosa S. Martino, a vista é deslumbrante: a cidade aos nossos pés, grande, bonita, um lençol estendido à nossa frente. E num rasgo de coragem, não me apetecendo meter-me em museus, resolvi empr

De Turim a Nápoles

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Uma luz muito bonita, clara e filtrada por uma atmosfera encoberta, hoje de manhã em Turim. O edificado em tons de ocre, pontilhado por algus tons rosados e bem ritmado por vistosos monumentos em tons de branco. Descendo a Piazza Pallazzo percorremos espaços públicos em que se espraia essa luz e onde se vive num movimento constante. O percurso que se faz para poente é corrido por galerias de mármore escuro, altas e largas. Muitas lojas, cafés e tabacarias com bancas de jornais e alfarrábios sucedem-se uns aos outros, num passeio agradável. Uma lindíssima estátua bem encaixada na Piazza S. Carlo dum cavaleiro tendo por montada um cavalo ibérico musculado e enérgico dá-nos uma imagem de vitalismo: a mão dianteira do equino levantada e a pata traseira acompanhando-a; a cauda no ar em sintonia perfeita com o penacho do chapéu do cavaleiro, que desembainha a sua espada. O prelúdio do embate com o inimigo, a tomada pela força do bastião inimigo ou simplesmente um "avanti" às sua

Con diez cañones por banda

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"Con diez cañones por banda, con viento en popa, a toda vela, no corta el mar, sino vuela un velero bergantín. Bajel pirata que llaman, por su bravura, El Temido, en todo mar conocido del uno al otro confín. La luna en el mar riela en la lona gime el viento, y alza en blando movimiento olas de plata y azul; y va el capitán pirata, cantando alegre en la popa, Asia a un lado, al otro Europa, y allá a su frente Istambul: Navega, velero mío sin temor, que ni enemigo navío ni tormenta, ni bonanza tu rumbo a torcer alcanza, ni a sujetar tu valor. Veinte presas hemos hecho a despecho del inglés y han rendido sus pendones cien naciones a mis pies. Que es mi barco mi tesoro, que es mi dios la libertad, mi ley, la fuerza y el viento, mi única patria, la mar. Allá; muevan feroz guerra ciegos reyes por un palmo más de tierra; que yo aquí; tengo por mío cuanto abarca el mar bravío, a quien nadie impuso leyes. Y no hay playa, sea cualquiera, ni bandera de esplendor, que no sienta

De partida

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Sábado de manhã - a primeira manhã de férias - inicio uma viagem pela Europa. Parece pretenciosa essa frase, mas em verdade, começo em Turim uma viagem que me levará por várias nações! Irei estar uns dias por Itália, para depois partir de combóio e atravessar os Pirinéus. Em mente muitas idéias, alguns livros para ler. Gostava de conhecer a Provença - de Matisse, de Grasse, da alfazema, etc. Mas onde irei parar é a Pau, terra quase a chegar ao Atlântico e onde o meu Avô Augusto viveu durante uns anos. Ao longo do último ano, Pau ocupou parte da minha vida, por via do trabalho que tenho estado a desenvolver sobre o Tivoli. Eu e o João Monteiro Rodrigues, fizemos muitas leituras e vimos muitas fotografias, algumas delas de Pau e da minha família. Tenho alguma curiosidade em conhecer esta vila dos Pirinéus, bem perto de Lourdes. Depois de um salto a Biarritz, lanço-me para norte, talvez para Bordéus, talvez depois para Lyon, mas o objectivo será Estrasburgo. Tenho também desde há muito