De Turim a Nápoles

Uma luz muito bonita, clara e filtrada por uma atmosfera encoberta, hoje de manhã em Turim. O edificado em tons de ocre, pontilhado por algus tons rosados e bem ritmado por vistosos monumentos em tons de branco. Descendo a Piazza Pallazzo percorremos espaços públicos em que se espraia essa luz e onde se vive num movimento constante. O percurso que se faz para poente é corrido por galerias de mármore escuro, altas e largas. Muitas lojas, cafés e tabacarias com bancas de jornais e alfarrábios sucedem-se uns aos outros, num passeio agradável.

Uma lindíssima estátua bem encaixada na Piazza S. Carlo dum cavaleiro tendo por montada um cavalo ibérico musculado e enérgico dá-nos uma imagem de vitalismo: a mão dianteira do equino levantada e a pata traseira acompanhando-a; a cauda no ar em sintonia perfeita com o penacho do chapéu do cavaleiro, que desembainha a sua espada. O prelúdio do embate com o inimigo, a tomada pela força do bastião inimigo ou simplesmente um "avanti" às suas tropas?!

Num mesmo vitalismo, corri rapidamente desde a estação de combóios até ao Hotel. Num frémito, paguei, arrumei as minhas coisas e meti-me num táxi que chegou, por uma "porta secreta" (dava directamente para a plataforma) ao combóio que partia para Milão. Cerca de 5 minutos de atraso, inicia-se a marcha.

Depois de não me ter poupado a uma belíssima refeição nessa linda estação de combóios que dá pelo nome de "Milano Centrale", numa troca de sms com o João Monteiro Rodrigues, parto com todas as "valises" de metro para a estação do Duomo. Não fui autorizado a entrar na Catedral - com as "valises", o que é que queria?! - mas dei ainda uma volta. Percorro as galerias Vitorio Emanuele a abarrotar de gente, muitos asiáticos de câmara em riste.

Num combóio tipo TGV, viajo em 1.ª classe para Nápoles. O bilhete não foi caro (ainda não estou a usar o bilhete de interrail pois só começará no dia 15). Uma viagem agradabilíssima. De Milão a Bolonha as vistas não são nada de extraordinário: abundam os campos de arroz; mas de Bolonha a Roma o cenário é muito bucólico: verde, ligeiramente montanhoso, muitos ciprestes, mas também campos de feno amarelados. Nalgumas leituras que trago, Henrique Pousão terá lugar precisamente neste sítio: na sua viagem de Paris para Itália descobrimos um pintor único. Será uma presença certamente amanhã, nesta cidade, que pelo pouquíssimo que vi até ao momento me deu a impressão de ter "aterrado" no 3.º mundo! Amanhã espera-me uma cidade fervilhante!

Comentários

Monserrate disse…
Só hoje vi, que estivemos em Itália na mesma altura… verão quente esse… fez-se sentir.

A natureza das nossas viagens foi certamente diferente, mas o sentimento de que aquele encontro com a “bella italia” nos mudaria em alguma coisa, era certo para os dois.

Passei quase um mês naquele lugar de onde não sou, mas onde me sinto, totalmente, em casa. Há viagens que nos aproximam ainda mais de nós… Itália, naquele verão, encheu-me a alma, fortaleceu-me, amplificou-me… já lá tinha estado em viagens anteriores, mas é sempre diferente. As paisagens, a beleza, a grandiosidade, as comidas, os cheiros, os vinhos, o “parlare”, a “passione”.

Aquelas cidades fizeram-me mais bonita, com mais luz, com mais vibrações, mais sonhos, ainda mais viva… há pessoas e lugares que nos dão o melhor de nós, tornam-nos mais autênticos, e isso eleva-nos a um enamoramento a um sentimento pleno de felicidade. Itália deu-me tudo isto. Aguçou a minha Fé, aumentou a minha Esperança, libertou a minha Alegria.

Fino a presto bella Italia!

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