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A mostrar mensagens de agosto, 2014

Mudaram-se os tempos

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A minha geração nasceu depois do 25 de Abril, é uma geração pós " Ancién Régime", nascida com a democratização e com a massificação que a ela está associada. Pertenço a uma família que era dita " privilegiada ", que viveu até perto dos anos 70 com foros de propriedade, cujas benesses se estendiam de forma que abrangia um número elevado de pessoas, que se uniam por laços de parentesco. Havia uma generosidade familiar e uma comunhão alargada de afectos, que se unia à volta de casas e quintas, com grande respeito por precedências. Os mais jovens viviam uma vida animada, despreocupada, feita de veraneios extensos em quintas em Sintra, de amizades em escolas ditas " normais " como o Liceu Pedro Nunes e de solidariedades em clubes de rugby (como o CDUL). " O menino é filho de quem ?", ouvia-se. Era-se sempre filho de " alguém ". Ouso até dizer que havia normalmente uma complacência para as diatribes e asneiras dos da classe... O 25 de

EUA (Abril e Maio de 2014, crónica atrasada pelo olhar de hoje)

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Prometi ao Bruno Melo e Maia que escreveria alguma coisa sobre a minha ida aos EUA, no passado mês de Abril/Maio.  Génese duma viagem Neste ano de 2014, o 25 de Abril calhou numa 6.ª feira; na semana seguinte, o 1 de Maio, numa 5.ª feira, que se poderia assim estender para uma ponte: dois feriados em cima de fins-de-semana, oportunidade de excepção para umas férias, que aproveitei para viajar para os EUA, num total de 10 dias.  Contarei de seguida como nasceu esta viagem. A verdade é que, desde há muito, que exerce um fascínio sobre mim a personalidade de Abraham Lincoln e, depois de muito ler sobre ele, quis tomar "contacto" mais próximo com a sua vida. Tendo uma amiga normalmente disponível para viajar (o que é uma sorte para os seus amigos que gostam de viajar), desafiei-a para ir a Chicago, e a partilhar comigo a experiência - iremos ver como se cruza Chicago com Abraham Lincoln... A idéia, que me ocorrera depois de encontrar um antigo número da National Geog

Un affaire d´amour

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O meu amor por França começou há quase uns bons 20 anos. Por hábito e contando com o apoio generoso dos meus pais desde que tinha 15 anos e até ao 1.º ano da faculdade, que durante as férias passava um mês num país estrangeiro a aprender a língua desse país. Depois de ter estado uma vez na Irlanda e duas em Inglaterra, no ano em que entrei para a faculdade fui para Tours (Tourraine), a capital do Vale do Loire. Era eu e o António Lopes Cardoso. A descoberta dos Chateaux do Loire foi uma verdadeira maravilha: Chenonceaux, Amboise, Azais-le-Rideau, Villandry, etc. Devo dizer que a minha vontade de aprender a falar francês partiu duma visita que fiz a casa da Marquesa de Cadaval, suponho que numa ceia de Natal e em que muito dos convidados falavam francês. A partir desse momento achei que para ser uma pessoa culta era preciso falar francês... Contudo, a entrada na Universidade esfreou o meu interesse em aprofundar o meu francês, o que só mais tarde voltou a ocorrer.  E julgo qu

Aung San Suu Kyi e Sérgio Vieira de Melo, duas leituras

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Tenho estado a ler uma grande entrevista, sobre a forma de livro, a esta lindíssima mulher birmanesa (Aung San Suu Kyi). Pouco sabia sobre ela, mas, no outro dia, deparei-me com este livro na FNAC e não resisti. É uma conversa duma mulher muito inteligente, equilibrada, sensata e corajosa que empreendeu um combate duríssimo contra um regime repressivo. Ela é duma dignidade e duma elevação que são inspiradores: nunca profere ataques pessoais, não tira conclusões apressadas, reflecte sobre os assuntos de forma desapaixonada e aborda os problemas duma maneira objectiva, que se diria quase até "fria". Parece-me que é a forma profunda de ser de alguém que tem uma espiritualidade forte e que é uma pessoa emocionalmente resolvida e madura. A sua luta é um combate que apela à consciência recta e à forma de fazer valer as suas posições de maneira honesta. É um Satyagraha tipo Gandhi. Uns dias antes estive de volta dum outro livro que reconta a vida de Sérgio Vieira de Melo. H