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A mostrar mensagens de 2011

Crónica do tempo que passa... mais uma

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Se algo atrapalha hoje é a total falta de crença no ser humano e a inconsequência dos seus actos. Vivemos tempos de incredulidade, de cepticismo que é palavra mais forte, que rotula tudo como indiferente do ponto de vista ético. António Pinto Leite no seu livro "Onde está o Mal", feito da selecção de crónicas que escrevia no Expresso, dá conta disso mesmo. Estando a ler biografia moral de Abraham Licoln (qualquer coisa como "Moral Virtues of Lincoln"), um excelente estudo sobre como este homem cresce moralmente, o autor aponta algo interessante sobre a crença que então vivia a sociedade americana: ainda Nietzsche, Marx e Freud não tinham lançado os seus ataques à moral, ainda se vivia numa base de crença no ser humano e de destrinça entre o Bem e o Mal.  Mas além deste aspecto - do ataque à base moral da sociedade - não podemos escamotear o facto de se ter verificado a globalização e a industrialização, que fizeram ruir a sociedade autárquica - ou melho

Someday is not a day in the week

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Neste dia que o Conselho Europeu se reúne em Bruxelas, a atenção de todos se volta para acompanhar o que dali resultar, num que é talvez dos momentos históricos mais dramáticos da construção europeia. Como muito bem acentuava ontem António Esteves Martins, o nosso decano jornalista para a União Europeia, que as declarações dos políticos normalmente "douram a pílula" - fazem sempre um discurso que na verdade pretende sempre colher dividendos e nunca admite derrotas. É importante ver o que daí sairá e que tipo de declarações se farão. O que é certo é que temos caminhado desde há muito neste tipo de "fingimento" que adia a resolução dos problemas e que basicamente consiste em declarações bonitas por parte dos Chefes de Governo e num pedido à Comissão para levar a coisa avante - perdoe-se-me a expressão! O dramatismo da situação é inegável. E Portugal, um país periférico teria muito a perder se as coisas corressem mal. Portugal, como país exíguo, tem a sua geo-es

Enquanto na Europa são números, na América Latina é a palavra!

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Neste tempo de desesperança em que a Europa está mergulhada, assisti ontem com pasmo – imagine-se! … - ao encontro promovido pela Venezuela em Caracas que juntou 32 Estados Latino-Americanos na conferência do CELAC, Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que acaba de ser constituída. Numa enormíssima mesa, debaixo do olhar de Bolívar e de outros libertadores, cada chefe de Estado apresentou o seu discurso, sem peias e sem tecnocratismos. Televisionado para todo o mundo, pudemos ver substância, verdadeira política e valerá a pena acompanhar os seus desenvolvimentos – à parte aqui as dúvidas legítimas que tenhamos sobre muitas das personagens envolvidas. Mas o que fica desta conferência é a discussão de ideias, os antípodas do que podemos ver na Europa, em que tudo é apresentado de uma forma opaca, asséptica e desinteressante - discutido no silêncio de reuniões e em corredores de tanto pessoal certamente preparadíssimo, mas em que a nota dominante da análise a fazer é

Servidão Humana

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Philip, um jovem com pé boto é a personagem que Somerset Maugham retrata no seu extenso livro "Servidão Humana". Do pai médico, que morre ainda ele não era nascido e da mãe que morre pouco tempo na sequência do parto, a vida de Philip parece uma continuação de partos mal sucedidos e de vidas que fenecem.    Numa escrita que é um trabalho meticuloso, Maugham apresenta-nos o ser humano mergulhado nas múltiplas contingências da vida: o tio pastor e a tia reprimida, mas com amor para dar; a escola onde os outros o escarneces por causa do seu pé defeituoso; as amizade e os sentimentos complexos como o da admiração/inveja. Ou a religiosidade imposta.    Dá-se então o facto de - quase por desespero, rasgar-se uma janela de liberdade: a ida para a Alemanha, para Heidelberg e o encontro com a diferença. E segue-se a tentativa de se encaixar de novo, abraçando uma profissão convencional, a de contabilista. E, depois, um novo rasgar com a partida para Paris, para se tornar pintor. De

Que a luz nos ilumine

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Por vezes já tenho pensado em como funcionaria tão melhor este País se vivêssemos com metade, 1/3 da nossa população. Menos trânsito, menos gente nas repartições públicas, menos confusão. Hoje, dia de greve geral, a estrada parecia um passeio ameno, num dia bonito e solarengo. Foi essa a minha experiência de A16 e de CREL, outras pessoas tiverem menos sorte do que eu. Greve geral. Hoje à noite verei as notícias. Outro apontamento. Paulo Portas no Conselho de Segurança das Nações Unidas: Portugal continua a trabalhar para que a Língua Portuguesa seja língua de trabalho. Boa notícia. Ontem, Cidadela de Cascais, inauguração. Boa notícia essa a da recuperação daquela que foi a residência de Verão dos nossos últimos reis e de Presidentes da República. Não se sabe ainda bem qual a sua função, mas não deixa de ser um óptima notícia a recuperação daquele património. Ao lado uma nova Pousada. Oxalá esteja bom tempo no próximo fim-de-semana. Sabe sempre tão melhor um dia de sol qu

A Esperança segundo o Papa e JH Saraiva

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Acabei recentemente de ler a Encíclica do Papa Bento XVI a "Esperança Cristã", 38 páginas claras e bem construídas. O que fica da sua leitura são sentimentos contrários: por um lado a exposição duma fé num mundo que há-de vir, e a elisão de toda e qualquer pretensão de que este mundo será possível atingir nesta terra; por outro lado, o sentimento de que o Homem não vê senão por "apalpadelas" a eternidade e nela se manifesta a impotência que temos  - e por aí é um documento verdadeiro e, ao mesmo tempo, também muito  desconcertante, porque não nos dá certezas absolutas... Daí os sentimentos contrários: por um lado a paz, por outro lado, o não ver o horizonte. Talvez possa ajudar nisto a experiência que podemos aproveitar de pessoas que viveram situações limite: ouvi já relatos impressionantes de histórias assim, de pessoas que se sentiram fora do seu corpo, a olharem para si do alto duma sala de operações por ex., a verem a sua vida em rápida sucessão -, podend

A vida está séria demais!

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O riso é um elemento fundamental para o nosso bem-estar e não é conveniente que a vida seja levada demasiado a sério. São tantas as contingências, internas e externas, que o melhor mesmo é ter uma atitude de desprendimente e de sã surpresa pelo inesperado que sempre espreita ao virar da esquina. Um exemplo? Nos últimos dias as resistências do meu termo-acumulador deram de si e tenho andado a tomar duche de água fria. Quer felizmente o tempo manter-se veraneante, pois foram outras as condições climatéricas e iria tremer até à raiz dos ossos! Estarei esta semana como o meu amigo José Losada, pessoa que conheci em Coimbra, há cerca de 5 anos, onde ambos fizemos uma pós-graduação na clássica Faculdade de Direito. Encontrávamo-nos todas as 6.ªs feira ao final do dia e depois das aulas íamos jantar àquelas tascas fantásticas da baixa de Coimbra. A mais frequentada era a do "Zé Neto", onde o próprio do Zé Neto, senhor dos velhos tempos e mestre na arte do servir, nos prepar

Raúl Lino versus Modernismo

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Sendo uma pessoa que gosta profundamente de Sintra, da sua Serra fecunda de espécies, do pituresco da sua arquitectura, não podia deixar de gostar também do arquitecto Raúl Lino. A atenção ao detalhe, a procura de inserção de cada uma das suas obras na envolvência, nos condicionantes do local e a procura de linhas bonitas e elegantes, mas também simples, em muito se podem associar ao próprio carácter de Sintra. Sintra é pituresca. Sintra não se casa muito bem com volumes grandes. O debate que se lançou com a homenagem que a Gulbenkian quis fazer a esta figura da nossa arquitectura, ainda julgo na década 60, com tantos modernistas a se indignarem, reveste ainda muito interesse porque põe em confronto duas posições arquitectónicas distintas: uma arquitectura baseada no local, diria indutiva; uma arquitectura universal, diria dedutiva. O exemplo que encontro duma arquitectura dedutiva é a Casa da Música no Porto: tal como metorito caído do espaço "aterra" com estrondo n

(Sobre a liberdade), O grito da consciência, do direito à indignação...

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"O primeiro pilar da liberdade i-online André Abrantes Amaral, Publicado em 10 de Setembro de 2011 É a dignidade que advém de um elevado código ético e moral que nos leva à necessidade de fiscalizar o Estado. Desde aquela manhã de Setembro que sentimos que algo de sagrado e conquistado com sacrifício nos foge. Tanto o Setembro de 2001 como o de 2008 trouxeram mais desconfiança e menos liberdade. O medo e a inveja, as armas dos poderes autoritários, vieram novamente ao de cima clamando por justiça. Qual pode ser a resposta à ameaça a que assistimos contra a liberdade? Eu arriscaria a consciência. A liberdade de consciência que supera as visões mais limitadas da política, os pequenos egoísmos que nos conduzem a vitórias ridículas. Aquilo que nos permite viver de acordo com os princípios que queremos rejam a vida em comunidade. É a percepção da liberdade individual que nos faz exigir respeito pelas nossas escolhas e nos obriga a respeitar as opções dos outros. Foi se

Liberdade de Expressão

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Muitos dizem que a liberdade de expressão não tem assim tanta importância, eu acho que tem.  É tão bom poder dizer o que nos apetece, sem ter que esperar aprovação. É tão bom poder viver num país em que não temos que esperar que venha alguém dizer que "isto podes dizer", "aquilo tens que riscar". Penso que não conseguiria viver num país em que houvesse censura. Estou a fazer um levantamento da história do Cinema Tivoli e parece que a censura também tocava lá... que irritante que é virem uns tipos dizerem o que temos que fazer. Preso muito este direito à livre-expressão e penso que seria um desalinhado caso me impusessem o que dizer. Só o facto de saber que há censura, só isso me irritaria solenemente e me faria pisar o "risco". Gosto de dizer o que penso, sem ter preocupações. Com respeito pelo outro. Mas não é apenas um país que pode não ter liberdade de expressão. Na sociedade há grupos em que não se diz o que se pensa. Na Administração Pública, n

A Árvore da Vida

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No espaço que fica entre o ontem e o amanhã, No tempo que o relógio conta num tic-tac contínuo, aí estou, desorganizado, com fome, confuso. O hoje é sempre o mais importante; raramente perfeito, cheio de contingências e pressas, que o entrecotar duma oração e a paz que se encontra no fundo da alma, reganha a contagem e permite seguir para os amanhãs. Assim é o dia-a-dia, feito de cambiantes, de pressas e paragens. De contactos e solidões, de obrigações e prazeres. De tudo isso os cabelos brancos vão contando, na soma irremediável.  Se sabedoria fica?  Queira o destino que sim, ao menos essa consolação!

Na areia

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Uma história ilustra bem o que havemos de aprender de essencial para a vida: no jardim de infância várias crianças brincam num parque de areia e constroem formas na areia conforme a sua imaginação.  Uns constroem com baldes - na forma dos mesmos baldes, outras com as suas mãos moldam formas mais livres.  Cada uma ocupada com a sua "obra", em diálogo com as demais, comentam a sua e a dos demais. A tentaçao de mostrar que a sua "obra" deve sobrepôr-se às dos outros, espreita como sombra ameaçadora à paz do conjunto. Mas aí, com a ajuda da sua educadora, as crianças vão aprendendo a dividir o parque entre elas, a valorizar a sua construção, a não destruir a dos demais com uma "pisadela" furtiva...  

artigo de João Carlos Espada "Esperança na Educação" e comentário

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«Esperança na Educação Público 2011-09-05 João Carlos Espada É muito estimulante ouvir um ministro definir como marcas uma maior autonomia das escolas e uma maior exigência ___________________________________ A entrevista concedida pelo ministro da Educação ao jornal Expresso, no passado sábado, deu um sinal de esperança. É um sinal importante, sobretudo numa semana em que basicamente se anunciaram mais aumentos de impostos - acompanhados de mais promessas de cortes na colossal despesa do Estado. Mas, para que a esperança se não esfume, é importante que o impulso reformador de Nuno Crato enfrente no sector da educação um dos problemas-chave do país: a falta de concorrência efectiva. É muito estimulante ouvir dizer a um ministro da Educação que as marcas que gostaria de deixar no seu mandato são sobretudo as de maior autonomia das escolas e de maior exigência. É gratificante ouvir explicar que a falta de exigência no ensino penaliza sobretudo os alunos de famílias mais d

O amor não se entrega aos preguiçosos

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Querem saber porque Susana Tamaro não é uma escritora light?! Aí têm uma prova evidente disso, palavras fortes para quem, escudado num pretenso "respeito" pela liberdade, não se "mete na vida dos outros".  Jesus Cristo, não actuava assim.  O amor exigia-lhe por vezes palavras muitos fortes.  " Sob a máscara da liberdade oculta-se muitas vezes a indiferença, o desejo de não nos envolvermos. Há um limite muito ténue, passá-lo ou não é uma questão de um segundo, de uma decisão que se toma ou não se toma; só nos apercebemos da sua importância quando esse segundo passou. Só então nos arrependemos, só então compreendemos que naquele momento não devia ter havido liberdade, mas intrusão: estávamos presentes, tínhamos consciência, dessa consciência devia nascer a obrigação de agir. O amor não se entrega aos preguiçosos, para existir na sua plenitude exige por vezes gestos precisos e fortes. Compreendes? Eu ocultei a minha cobardia e a minha indolência sob o n

Outono - Alentejo, memórias de outrora e o trabalho

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A frescura que já se sente pronuncia um tempo de que gosto muito. Não sei se é a frescura natural de Sintra, se o pré-anúncio dessa estação que marca o regresso. Susana Tamaro - que juntamente com Mafalda Veiga e Jorge Palma são os meus mestres da sensibilidade diz o seguinte:  "... a partir de meados de Agosto começo a sentir uma sede absoluta de silêncio. Só desejo a penumbra, o ar fresco, os dias silenciosos, o telefone que não toca, as longas horas de estudo, os passeios no bosque com o cão. No início de Setembro, costumo ir passar uns dias à montanha, e, quando regresso, começo a preparar a casa para o Inverno. Mudo de estação, deito fora os jornais velhos, arrumo as gavetas ." O Outono ligo-o ao Alentejo, para onde parti muitas vezes, no meu Polo cinzento com tecto de abrir, batendo no céu o faiscar das estrelas, enquanto um cd tocava Mafalda Veiga: "Esta é só uma noite para partilhar qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro um lugar a salvo Pa

De onde viemos?

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Ontem, pela noite, insónia adentro, liguei a televisão e sintonizei-me com um programa sobre o Caminho de Santiago. Um espanhol, jovem e divertido, deambulava pelas ruas de Paris, passeava pelo Sena, sentava-se naqueles bancos de jardim nas pracetas daquela cidade cheia de luz e de traços beijes. Novidade para mim, descobri em Paris a torre de Santiago, ponto de partida de peregrinos desde os mais remotos tempos desta rota. Amanhã parto para a Arrábida, terra mediterrânica do Portugal atlântico. Reminiscências dum mundo antigo, feito à volta do Mare Nostrum, entre cidades gregas, italianas, com pontos de contacto no Norte de África, ilhas como Sicília e Córsega e extensões a Ocidente como Cartagena e mais longinquamente Lisboa. Teolinda Gersão escreveu agora um novo livro sobre esta nossa cidade, trazendo de volta a memória da sua antiguidade. No Mediterrâneo, berço da civilização, o Homem interrogou-se e pensou. Aqui temos Sócrates que se olha ao espelho (e ele que era feio!), aqui t

Bento XVI - a atenção

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Uma amiga duma amiga minha foi escolhida para dar as boas-vindas ao Papa em Cuatro Vientos em Madrid. Fala do encontro com o Papa, como sentiu a segurança dele, a sua atenção. No texto que fala sobre este encontro, fala dele como dum Avô. Vale a pena ler o artigo. http://www.larazon.es/noticia/6089-lourdes-artola-te-hace-sentir-que-no-eres-uno-mas-de-la-lista .

Não sede passivos e outras coisas importantes

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Sentado à secretária num dia quente de Agosto pergunto a mim o que foi do meu dia e o que resta para dizer, se algo há mesmo para dizer... No dia de hoje uma vez mais a minha distracção saltou bem alto. Um choque na Praia Grande deixou-me aflito, com um sem-à-vontade que magoava. Sem seguro - do carro, inseguro, a minha pessoa dava porém ares de controlar a situação numa leve serenidade... Seguro - do carro, que caducara um mês antes. Há coisas premonitórias, lições que se aprendem ser ter pedido que no-las dessem...  Recordo: " nem Salomão se vestiu em todo o seu esplendor ", frase que meditei ao longo do dia para pensar que a cada dia a sua preocupação. Racionalizo agora: é muito normal a DESFUNCIONALIDADE, as coisas não correrem bem. Um livro interessante de Alain de Botton fala disso mesmo a páginas tantas - "O Consolo da Filosofia", assim se chama esse livro. É curioso, muito curioso, que vemos nas coisas o que queremos ver - " cada um vê nas couves o

"Gratitude" by Begnini

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Estar contente com o que se tem, agradecer verdadeiramente pelo que se tem. Ontem Ingrid Betancourt dizia que a felicidade é uma decisão: concordo plenamente com ela. É um jogo inteligente, que há que jogar com MUITA cabeça. Nas múltiplas opções que cabe a cada um, só quem sabe escolher, quem sabe trilhar um caminho, quem sabe tomar decisões pode ir avançando. A construção é colheita de coisas que fizeram sentido e com as quais se segue. Lembro-me muitas vezes do livro "Diário da Nossa Paixão". Nele, Noah - apresenta-nos a sua mulher, é um homem que viveu as suas paixões. E nele vemos a sua mulher dizendo que quando pensa nele pensa num homem cheio de perdão. Pensa num homem de bem com a vida. O amor nisto é talvez o mais importante: o amor que dedicamos aos outros nas nossas relações; mas o amor pela vida, pelas coisas de que gostamos. Eu gosto muito da natureza: - ontem pensava nos Açores e na vontade que tenho de percorrer aqueles caminhos, aqueles lugare

As virtudes da organização

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Se as virtudes cristãs dizem-nos que Deus providenciará o pão nosso de cada dia e que não nos devemos preocupar com o dia de amanhã que "nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como os lírios do campo", viver não pode ser deixado ao "deus-dará", passo a expressão... O melhor da vida consegue-se com uma gestão inteligente dos nossos recursos, inclusive do tempo. O tempo reveste uma natureza plástica: diria que é feito duma matéria moldável, maleável. Tal como uma plasticina que se dá para as nossas mãos, há primeiro que a bater, a deformar, a castigar - ao fim ao cabo, prepará-la para sofrer nas nossas mãos um destino que elas lhe darão. Só este trabalho de preparação as disponibiliza para se moldar, para se adaptar. Pegar nela em bruto, dura, não nos permite com ela fazer o que pretendemos: ela ficará impermeável à nossa acção, partir-se-á, magoará as nossas mãos. Gerir o tempo é prever. É visualizar o futuro, encorporar-nos nele por imaginação. É