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A mostrar mensagens de 2017

The world is bound to belong to its most active elements

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Quem o disse sabia do que estava a falar, não fosse ele um estudioso da evolução. Pierre Teilhard de Chardin: "Personally, I stick to my  idea  that we are watching the  birth , more than the  death , of a  World .  The scandal for you, is that  England   and  France  should have come to this tragedy because they have sincerely tried the road of  peace . But did they not precisely make a mistake on the true meaning of "peace"?  Peace cannot mean anything but a HIGHER PROCESS OF CONQUEST. … The world is bound to belong to its most active elements.  … Just now, the  Germans  deserve to win because, however bad or mixed is their spirit, they have more spirit than the rest of the world. It is easy to criticize and despise the  fifth column . But no spiritual aims or energy will ever succeed, or even deserve to succeed, unless it is able to spread and keep spreading a fifth column". Letter from Peking (Summer 1940), quoted in  The Last European War : September

Gonçalo Mendes Ramires, dos ilustres Ramires de Santa Irineia

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Gonçalo Mendes Ramires, dos ilustres Ramires de Santa Irineia, fidalgos mais antigos que o próprio Reino. D. Quixote andou pelas leituras de Eça. Nota-se porém o desmorecimento da raça e o idealismo fica-se apenas nas intenções e nas palavras e Eça goza com Herculano, pintando um ideal de cavalaria que é senão uma projecção da nossa necessidade de encontrar heróis e construir mitos.  A inconsequência de Gonçalo, a sua inconsistência e contradições: o urdir da personagem no confronto com o desenrolar dos acontecimentos e a vontade de ser "alguém" é muito cómico. Um alguém que se faz muito mais por força do status quo, do lugar que lhe supostamente lhe é devido por ser um ilustre "Ramires", do que por um trabalho interior. Ele apenas é escravo das imagens de si, dos idealismos de sua juventude e da posição social que lhe confere o tempo e os meios para não ter que trabalhar verdadeiramente. Não há nenhum verdadeiro empenhamento que vem da responsabilidade, apenas a

Rómulo de Carvalho e António Gedeão

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A par com as profissões ligadas com a Saúde, não há actividade que presuma mais o outro que a Educação. Há uma génese altruísta na Educação, que não se encontra na Política, que não se esquecendo do seu fim último, quer se queira quer não se perde nessa arte de "alcançar o poder e o manter", ou mesmo na Arte - que é a busca da Beleza, e como pode ser difícil esta busca, tão pouco altruísta no seu processo... Sendo assim, quem se ocupa da educação de outrém exerce, por força do hábito, a virtude do descentramento de si; o encontro do outro é uma arte, que exige antes de mais a escuta, a observação e também tempo, desculpe-se a redundância, pois se é arte, ela é sempre uma práxis, uma dinâmica.  Ela faz-se sempre por dois sujeitos. Há sempre pelo menos dois sujeitos. O exercitado; o que dá o exercício. Caminha-se como? Caminha-se com o mais experiente. Com o mais sábio. E caminha-se para quê? Caminha-se sempre para mais consciência, para mais humanidade. Para se

Mau feitio

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Trata-se de quê?! Urgência ou apenas impaciência? Lembro-me do Padre Burguete, ele cortava a direito, dizia tudo com uma grande frontalidade, não tinha quaisquer "falinhas mansas" - podia talvez parecer arrogante. Mas não era. Indignava-se perante a mentira e as falsas desculpas, aquelas que revelam o querer "safar-se" descuidado e preguiçoso, o querer "dourar a pílula" e o descompromisso. Na procura da felicidade. Tentando ser livre, livre de jogar o jogo das aparências, do que é o engano. Há um mimetismo frequente. Custam-nos as posições isoladas, gostamos muito do compromisso. O Pe. Tolentino no seu novo livro feito de pequenas reflexões diz que raramente os educadores se preocupam com as grandes virtudes. Concordo em grande medida. São poucos os educadores que dizem: "fizeste bem em ser generoso"; "a tua atitude foi nobre". Ensina-se muitas vezes mais a prudência do que a coragem. Há uma frase de que gosto: "é melhor t

De volta

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1. Regressei a Portugal faz agora 13 dias. Sinto-me bem de volta a Lisboa, gosto muito do estilo de vida que tenho nesta cidade. Em Belo Horizonte estive a conversar com o Marcus Martins, arquitecto/urbanista, pessoa que conheci no ano passado através do Vasco meu irmão. Não é novidade, mas o Brasil vive presentemente numa grande crise. Desnorte, falta de identidade, corrupção generalizada. Há uma descrença enorme no seu Futuro. O Marcus quer sair do Brasil, ele tornou-se para si um local onde não quer viver. No Rio de Janeiro, uma iniciativa chamada "Reage Rio" procurou discutir uma série de questões-chave para o futuro da cidade. A primeira questão é a da segurança (desde o início do ano, já morreram 100 polícias) e o narcotráfico prolifera. Depois de 2 dias de debate, aprovaram 50 medidas, em aspectos que vão da segurança, da economia e da promoção do empreendorismo, à mobilidade e à promoção de uma sociedade mais ética. Embora sendo uma iniciativa meritória, o Marcu

Portugal no divã

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Certas nações têm dificuldade de se recompôr da perca da sua grandeza. Vivem numa nostalgia letárgica entre o muito que foram e o pouco que são: a Grécia inventora da Democracia, onde foi possível discutir com um Sócrates as mais altas questões, leituras que espantam pela sua intemporalidade e que ficaram gravadas pela pena do seu discípulo Platão; um presente triste, feito de dependèncias e escassez. Pergunto-me se há civilizações melhores do que outras. Porque é que os EUA se tornaram a maior potência mundial, porque é que países como a Austrália ou a Nova Zelândia deram certo e são exemplos de democracia. Haverá algo de superior na cultura inglesa, numa moral protestante? Estou a terminar a minha viagem pelo Brasil, este enorme país - só a Baía onde estou é certa de 4 vezes o tamanho de Portugal. Como foi possível um tão pequeno país se abalançar a tanto?  Os Descobrimentos foram temporariamente o garante da independência portuguesa: o plano extraordinário de D.

Enamorado da história do meu País, samba da benção

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"Eu, por exemplo, o capitão do mato/Vinicius de Moraes/Poeta e diplomata/O branco mais preto do Brasil/Na linha direta de Xangô, saravá!" Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1963 O sincretismo religioso, expressão que aprendi com Senhor Mário de Jesus, que me mostrou uma mesa cheia de "balas" e "docinhos" para dar aos "menino de BH" numa festa no final deste mês (será São Conrado?!), mostra a protuberância que a negritude assume no Brasil. Jorge Amado no seu livro/ roteiro da Baía explica os cambomblés e o Senhor do Bonfim, que de cristão já pouco tem: se a história é feita de inúmeras camadas, no Brasil, a camada negra é em certos locais tão forte e expressiva que apaga as demais; mesmo o catolicismo, que os portugueses cá deixaram, um catolicismo bem apostólico/romano se torna apenas o pano de fundo para no seu barroco dar maior expressão à cena que se passa na realidade. Em linguagem botânica, plantaram um lindo jardim de árvores de frut

Em Tiradentes

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À memória do Tio Duarte Mayer de Carvalho,  mestre na arte do encontro Sentado numa boa poltrona, no Solar da Ponte, o mais bonito solar de Tiradentes, escrevo esta pequena crónica. O meu dia começou em Belo Horizonte e até cá chegar andei cerca de 200 km, vindo de automóvel. Embora o meu plano fosse começar a fazer economias - assim como uma dieta, pois os gastos duma viagem desta não são para menosprezar... explico porque escolhi um alojamento caro: Uma das minhas amizades em Belo Horizonte foi a dum segurança do Museu do Estado de Minas Gerais, o Senhor Mário de Jesus, alguém que quando soube que eu era português ficou muito feliz. O seu irmão é Vice-Cônsul em Lisboa, no Chiado (perto de minha casa portanto). Ele próprio é descendente de portugueses (duma aldeia perto da Serra da Estrela). Conversámos e fiquei a saber que ele vivia entre Belo Horizonte e Ouro Preto. Pensei cá para mim: "tenho um amigo já em Ouro Preto", para onde quero ir na 4.ª feira. A nossa

Deambulações em terras brasileiras

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O Duarte Stock foi determinante para a viagem que agora já vai quase a meio. Encontro-me em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Acordei cedo, estava fresquinho e fui dar uma volta a pé. A vista do meu quarto no 12.º andar dá logo uma perspectiva duma cidade de altos edifícios e o passeio pela rua um sabor tropical, em que as altas e finas palmeiras parecem que pretenderam dar a toada da construção em altura - mas hoje apenas embelezam a rua e lembram outros tempos. Um variado de árvores com flores coloridas, um chilrear de pássaros por todo o lado, o relevo da cidade e a largura das avenidas dão um sentimento de bem-estar - enquanto no cruzamos com todo o tipo de gente. Fui ao Mercado Central e fui transportado para o Grande Bazar de Istambul, onde se comercializa especiarias e frutos secos, roupa, animais, bugigangas e todo o tipo de coisas, em bancas de homens de faces fenícias ou não fossem os chamados "turcos" uma das maiores vagas migratórias para este Brasil plural

Questões fracturantes

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A agenda política faz-se de proclamações e bandeiras, muito pouco ao jeito de discussões serenas onde os assuntos podem ser aprofundados, para bem de todos. Volta e meia, vêm à liça estes temas ditos "fracturantes". Sou voluntário numa casa de velhos abandonados por todos. Umas almas caridosas, umas santas recolhem-nos das ruas. São velhos e doentes. São pessoas que tiveram problemas com a justiça. Pessoas sem eira nem beira. É triste ver a vida humana frágil e incapaz, e a esgotar-se num dia-a-dia sem esperança. Mas sinto naquele ambiente um amor e uma solidariedade que me lembra o amor que se vive em família. Na dificuldade e na carência, há ali gestos duns para com os outros que me fazem gostar de ir lá uma vez por semana. Acamados e sem quase falarem, sinto que as minhas mãos são mãos que tratam seres humanos e que saio sempre mais rico do que quando cheguei. O tocar com as mãos outro ser humano é uma experiência real e muito concreta. Se não vivesse aquilo não poderia

Crónica do Tempo que Passa

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Procurar a felicidade. Nos gestos do dia-a-dia. Sinto-me feliz pelo que faço. A profissão de advogado em que o meu cliente espera de mim alguém que o ajude. Por vezes duvido das minhas capacidades, mas o engraçado é que os meus clientes gostam do apoio que lhes dou. É difícil pôr-nos fora de nós e perceber o impacto que causamos à nossa volta. Ando há algum tempo a tentar vender a minha casa em Sintra - há mais de 6 meses. Pensei que fosse mais rápido. Todos me dizem para fazer alojamento local lá. Se calhar é uma excelente idéia. Mas as idéias que muitos outros têm antes de mim não me agradam. Sou uma pessoa embirrenta, que tudo o que vira moda se torna repelente para mim. Por exemplo, quando todos falam em determinado livro, que é um espectáculo, que é um bestseller, nunca me apetece comprar. Aconteceu com o Equador de Miguel Sousa Tavares, aconteceu também com os Pilares da Terra daquele autor inglês. Não gosto de percorrer o caminho mais percorrido, gosto sempre dos caminhos