De volta

1. Regressei a Portugal faz agora 13 dias. Sinto-me bem de volta a Lisboa, gosto muito do estilo de vida que tenho nesta cidade.

Em Belo Horizonte estive a conversar com o Marcus Martins, arquitecto/urbanista, pessoa que conheci no ano passado através do Vasco meu irmão.

Não é novidade, mas o Brasil vive presentemente numa grande crise. Desnorte, falta de identidade, corrupção generalizada. Há uma descrença enorme no seu Futuro. O Marcus quer sair do Brasil, ele tornou-se para si um local onde não quer viver.

No Rio de Janeiro, uma iniciativa chamada "Reage Rio" procurou discutir uma série de questões-chave para o futuro da cidade. A primeira questão é a da segurança (desde o início do ano, já morreram 100 polícias) e o narcotráfico prolifera. Depois de 2 dias de debate, aprovaram 50 medidas, em aspectos que vão da segurança, da economia e da promoção do empreendorismo, à mobilidade e à promoção de uma sociedade mais ética. Embora sendo uma iniciativa meritória, o Marcus acha que tudo ficará na mesma.

Se não se criarem melhores condições no Rio e no Brasil, os problemas cada vez mais se agudizarão. O Brasil em 2022 comemorará 200 anos de independência, que futuro para este enorme país?

2. De volta a Portugal encontrei um livro que é daqueles livros que precisava de ler. Chama-se "Portugal, esse Desconhecido". No seu estilo professoral e um tanto auto-justificativo que é um pouco irritante, confesso que tenho que dar a mão à palmatória a João César das Neves: trata-se dum ensaio brilhante sobre a relação que temos com o nosso país e a necessidade de desfazermos uma série de mitos. Demonstra que Portugal não é na verdade pequeno (dentro do mundo e da Europa é um estado de dimensão média), pobre (o rendimento per capita está nos 15% mais altos do Mundo, dentro da Europa,o clube mais exclusivo do planeta está a meio da tabela; temos indicadores de desenvolvimento humano que nos colocam claramente no 1.º Mundo). Há um trabalho de desconstrução, de aproximação à realidade e de mapeamento que me parece de mérito neste livro de João César das Neves. Não nos arvora em heróis, santos e campeões, nem nos despreza como cobardes, vilões e derrotados: há de tudo e todos nós temos um pouco de cada coisa. Mesmo o povo não é um povo mais sensato que os demais, por obra sobrenatural, destinação divina: a necessidade sempre aguça o engenho; em escassez há naturalmente menos desperdício; na dificuldade, pensamos com mais tino.

Com o Lisbon Seminar, promovemos a discussão de Lisboa e como é que Lisboa pode melhorar.

Em boa verdade, só posso agradecer por viver em Portugal, onde a qualidade de vida é extraordinária. Estamos de facto no 1.º Mundo, mesmo que por vezes não nos demos conta disso... Os nossos problemas são ínfimos se comparados com os do Brasil ou da maior parte dos países deste Mundo.




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