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A mostrar mensagens de agosto, 2011

Outono - Alentejo, memórias de outrora e o trabalho

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A frescura que já se sente pronuncia um tempo de que gosto muito. Não sei se é a frescura natural de Sintra, se o pré-anúncio dessa estação que marca o regresso. Susana Tamaro - que juntamente com Mafalda Veiga e Jorge Palma são os meus mestres da sensibilidade diz o seguinte:  "... a partir de meados de Agosto começo a sentir uma sede absoluta de silêncio. Só desejo a penumbra, o ar fresco, os dias silenciosos, o telefone que não toca, as longas horas de estudo, os passeios no bosque com o cão. No início de Setembro, costumo ir passar uns dias à montanha, e, quando regresso, começo a preparar a casa para o Inverno. Mudo de estação, deito fora os jornais velhos, arrumo as gavetas ." O Outono ligo-o ao Alentejo, para onde parti muitas vezes, no meu Polo cinzento com tecto de abrir, batendo no céu o faiscar das estrelas, enquanto um cd tocava Mafalda Veiga: "Esta é só uma noite para partilhar qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro um lugar a salvo Pa

De onde viemos?

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Ontem, pela noite, insónia adentro, liguei a televisão e sintonizei-me com um programa sobre o Caminho de Santiago. Um espanhol, jovem e divertido, deambulava pelas ruas de Paris, passeava pelo Sena, sentava-se naqueles bancos de jardim nas pracetas daquela cidade cheia de luz e de traços beijes. Novidade para mim, descobri em Paris a torre de Santiago, ponto de partida de peregrinos desde os mais remotos tempos desta rota. Amanhã parto para a Arrábida, terra mediterrânica do Portugal atlântico. Reminiscências dum mundo antigo, feito à volta do Mare Nostrum, entre cidades gregas, italianas, com pontos de contacto no Norte de África, ilhas como Sicília e Córsega e extensões a Ocidente como Cartagena e mais longinquamente Lisboa. Teolinda Gersão escreveu agora um novo livro sobre esta nossa cidade, trazendo de volta a memória da sua antiguidade. No Mediterrâneo, berço da civilização, o Homem interrogou-se e pensou. Aqui temos Sócrates que se olha ao espelho (e ele que era feio!), aqui t

Bento XVI - a atenção

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Uma amiga duma amiga minha foi escolhida para dar as boas-vindas ao Papa em Cuatro Vientos em Madrid. Fala do encontro com o Papa, como sentiu a segurança dele, a sua atenção. No texto que fala sobre este encontro, fala dele como dum Avô. Vale a pena ler o artigo. http://www.larazon.es/noticia/6089-lourdes-artola-te-hace-sentir-que-no-eres-uno-mas-de-la-lista .

Não sede passivos e outras coisas importantes

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Sentado à secretária num dia quente de Agosto pergunto a mim o que foi do meu dia e o que resta para dizer, se algo há mesmo para dizer... No dia de hoje uma vez mais a minha distracção saltou bem alto. Um choque na Praia Grande deixou-me aflito, com um sem-à-vontade que magoava. Sem seguro - do carro, inseguro, a minha pessoa dava porém ares de controlar a situação numa leve serenidade... Seguro - do carro, que caducara um mês antes. Há coisas premonitórias, lições que se aprendem ser ter pedido que no-las dessem...  Recordo: " nem Salomão se vestiu em todo o seu esplendor ", frase que meditei ao longo do dia para pensar que a cada dia a sua preocupação. Racionalizo agora: é muito normal a DESFUNCIONALIDADE, as coisas não correrem bem. Um livro interessante de Alain de Botton fala disso mesmo a páginas tantas - "O Consolo da Filosofia", assim se chama esse livro. É curioso, muito curioso, que vemos nas coisas o que queremos ver - " cada um vê nas couves o

"Gratitude" by Begnini

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Estar contente com o que se tem, agradecer verdadeiramente pelo que se tem. Ontem Ingrid Betancourt dizia que a felicidade é uma decisão: concordo plenamente com ela. É um jogo inteligente, que há que jogar com MUITA cabeça. Nas múltiplas opções que cabe a cada um, só quem sabe escolher, quem sabe trilhar um caminho, quem sabe tomar decisões pode ir avançando. A construção é colheita de coisas que fizeram sentido e com as quais se segue. Lembro-me muitas vezes do livro "Diário da Nossa Paixão". Nele, Noah - apresenta-nos a sua mulher, é um homem que viveu as suas paixões. E nele vemos a sua mulher dizendo que quando pensa nele pensa num homem cheio de perdão. Pensa num homem de bem com a vida. O amor nisto é talvez o mais importante: o amor que dedicamos aos outros nas nossas relações; mas o amor pela vida, pelas coisas de que gostamos. Eu gosto muito da natureza: - ontem pensava nos Açores e na vontade que tenho de percorrer aqueles caminhos, aqueles lugare

As virtudes da organização

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Se as virtudes cristãs dizem-nos que Deus providenciará o pão nosso de cada dia e que não nos devemos preocupar com o dia de amanhã que "nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como os lírios do campo", viver não pode ser deixado ao "deus-dará", passo a expressão... O melhor da vida consegue-se com uma gestão inteligente dos nossos recursos, inclusive do tempo. O tempo reveste uma natureza plástica: diria que é feito duma matéria moldável, maleável. Tal como uma plasticina que se dá para as nossas mãos, há primeiro que a bater, a deformar, a castigar - ao fim ao cabo, prepará-la para sofrer nas nossas mãos um destino que elas lhe darão. Só este trabalho de preparação as disponibiliza para se moldar, para se adaptar. Pegar nela em bruto, dura, não nos permite com ela fazer o que pretendemos: ela ficará impermeável à nossa acção, partir-se-á, magoará as nossas mãos. Gerir o tempo é prever. É visualizar o futuro, encorporar-nos nele por imaginação. É

Being a Lawyer

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Quando me interrogo sobre o que de facto de bom traz a profissão de advogado, penso no meu papel como uma espécie de amigo que ajuda quem, não sendo jurista, precisa da minha assistência para se "orientar" na vida, resolver problemas, tratar de assuntos que apenas um especialista tem capacidade de tratar. A minha profissão é muitas vezes chata. Muita papelada, tratar de assuntos burocráticos. Mas, incontestavelmente, qualquer pessoa precisa de se abalançar em matérias e tomar as rédeas de certas situações para poder viver normalmente a sua vida. Finanças, Conservatórias, Câmaras Municipais são o meu dia-a-dia. Estou, sem dúvida, a ajudar as pessoas que vêm ter comigo a gerir melhor as suas vidas. São assuntos que muitas vezes as pessoas não têm "pachorra" de resolver. Muitas vezes também são questões que as pessoas não dominam. Quando penso na minha pessoa como um amigo na gestão dessas matérias na vida das pessoas quero dizer que não "dispo" esta a