A (i) lógica da super-abundância
Na natureza podemos comprazer-nos com a abundância do dom. Ela dá-se-nos toda - sem que o mereçamos. Lembro-me dum dia de Agosto em que empreendi a descida para a Fajã do Santo Cristo, na ilha de S. Jorge e senti-me tal qual Adão no Éden. Passeando num jardim, observando as árvores e as flores, inalando os perfumes que umas e outras exalam, os verdes e o colorido dos frutos, ouvindo e vendo os passáros saltitando e brincando aqui e acolá, sobrevem-nos um bem que nos enche de alegria. Quiseramos nós que toda a nossa vida fosse esse doce percorrer dos jardins, essas sombras fresquinhas de Monserrate. A nossa alma pode ser isso. Esse jardim florido. Super-abundante. Esse recorte de belas espécies, essas gotas que respigam, brincalhonas, da bica d'água. Ter um jardim. Para correr. Largar-se por essa inclinação toda daquele relvado frente ao Palácio onde está a grande auraucária. Chegar ao lago. Ou entrar ao portão e enveredar pela esquerda - e chegar àquela grande cascata,...