Esta minha amiga silenciosa
Não precisamos às vezes que os amigos nos digam muitas palavras. Ou por outra: há amigos que nos habituamos que sejam assim, silenciosos. Basta a sua presença. Esta minha amiga é uma presença silenciosa, que torna muito mais felizes os meus dias. Chama-se Lisboa e acordo com ela a chamar por mim; a segredar-me ao ouvido, ainda o dia é apenas manhã cedo, sem nada para contar, alinhando-se apenas nuns raios solares que iluminam os telhados, mas que têm o condão de me arrancar da cama bem-disposto. Dou depois por mim feliz na rua, adentrando os meus passos pela rua da Horta Seca e vendo os pinheiros bem lá ao longe (lá no alto do castelo), por entre o lioz dum orgulhoso edifício - donde o meu primeiro gesto de saudação, ao fazer o sinal da cruz, como a agradecer por pisar o chão de um novo dia, irradiante de beleza. Na verdade, não pedi quaisquer graças, recebi-as gratuitamente. A surpresa de espreitar os pinheiros lá no alto, sem que nenhum dia me deixe de neles me...