Esta minha amiga silenciosa


Não precisamos às vezes que os amigos nos digam muitas palavras. Ou por outra: há amigos que nos habituamos que sejam assim, silenciosos. Basta a sua presença. 
Esta minha amiga é uma presença silenciosa, que torna muito mais felizes os meus dias. 
Chama-se Lisboa e acordo com ela a chamar por mim; a segredar-me ao ouvido, ainda o dia é apenas manhã cedo, sem nada para contar, alinhando-se apenas nuns raios solares que iluminam os telhados, mas que têm o condão de me arrancar da cama bem-disposto.
Dou depois por mim feliz na rua, adentrando os meus passos pela rua da Horta Seca e vendo os pinheiros bem lá ao longe (lá no alto do castelo), por entre o lioz dum orgulhoso edifício - donde o meu primeiro gesto de saudação, ao fazer o sinal da cruz, como a agradecer por pisar o chão de um novo dia, irradiante de beleza. 
Na verdade, não pedi quaisquer graças, recebi-as gratuitamente. 
A surpresa de espreitar os pinheiros lá no alto, sem que nenhum dia me deixe de neles me espantar, descendo assim pela bela rua na fresca da manhã inaugura os meus passos, de uma forma religiosa e a que só posso responder com o sinal da cruz. 

E, ao longo de toda a jornada, o rio e as luzes cambiantes acompanham-me ternamente, como um amigo, que vai assim também fazendo o seu caminho; a noite entretanto cai, por entre os trinados estridentes das andorinhas, nos seus  ziguezagueantes voos e suas piruetas de despedida e... finalmente, ficam só o rio e a lua, a velar por nós, serenamente. 

Esta é a minha silenciosa amiga Lisboa, uma amiga do coração.

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