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A mostrar mensagens de junho, 2023

Inhaca em Lisboa

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Hoje ao jantar apeteceu-me dar uma volta e acabei sentado a uma mesa, só, no Restaurante "Inhaca" - Portas de Santo Antão. 300 gramas de camarão bem cozido; ao meu lado dois africanos; umas mesas à frente, um português já depois dos seus 65 anos jantava, bem disposto, com o que só podia ser uma prostituta, de origem africana. Naquele rodopio de gente e vendedores ambulantes, chegou um indiano a vender rosas - parou junto ao português, e este perguntou à senhora negra se ela queria umas flores. Risos para cá, risos para lá, a moça hesitou, enquanto o homem, um tanto ou quanto displicente perguntava: "queres, ou não queres?!" A discrição feminina não lhe permitia dizer que sim - e o homem lá mandou o vendedor embora. Pensei cá para mim: "é tipicamente o construtor civil português que vai para Luanda e arranja uma pretinha".  Outros vendedores ambulantes circundaram. Um senegalês vem-me oferecer produtos de artesanato em madeira. Um pratinho de bom presunto,

O Burro e a Carroça

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Uma das crónicas publicadas no Expresso seleccionadas para o livro "Onde está o Mal?" (Sopa das Letras, 2002), de António Pinto Leite tem como título "o Burro e a Carroça", um texto que ontem revi pois ficara-me na memória.  Tem a ver com a existência de dois universos antagónicos no país, aqueles que trabalham, que agem, que produzem e aqueles que se deixam no marasmo, que falam de direitos e regalias, que aproveitam as disfunções do sistema a seu favor. Parece que uns são "trouxas", os outros "espertos", uns são ingénuos, os outros sabem que no mundo não há heróis - e que não vale a pena ser-se herói.  O mérito de António Pinto Leite é que não pensa o burro sem a carroça, nem a carroça sem o burro. A questão é que estão indissociavelmente ligados - é essa justamente a questão. Diz-nos António Pinto Leite, há 20 anos de distância e ainda tão actual: " os Portugueses , no seu todo, não têm interiorizado que a produtividade é a primeira forma