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A mostrar mensagens de janeiro, 2025

Mundo da pós-verdade

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Ontem, numa peça jurídica, escrevia que uma mentira repetida muitas vezes se torna entretanto verdade. Vinha hoje a pensar no caminho para o escritório na amoralidade dum homem como Donald Trump: o que interessa é ser-se vencedor, preside a lei do mais forte. A América que era uma terra onde classicamente se distinguia o bem do mal, é agora uma terra da relatividade dos valores, onde cada um tem "a sua verdade".  A invasão ao Capitólio, incentivada por ele, foi um atentado gravíssimo (talvez o mais grave de que há memória desde a guerra civil) às instituições americanas. Os processos de inquéritos demonstraram à saciedade a sua passividade naquele dia 6 de Janeiro de 2021, em que aquela mole humana convocada por ele para se manifestar contra os resultados das eleições, se dirigiu ao Congresso. O poder tremeu e podia ter sido um banho de sangue. Como uma das primeiras medidas após a sua tomada de posse há dias, resolve libertar os "reféns" presos... Como chegámos aqu...

Será conservador ou conversador?!

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Sentados os dois para discutir sobre a orientação do novo livro, Zé diz-lhe: " tu és conservador e as ideias e livros dos conservadores infelizmente pouco vendem ". Estamos habituados a que a esquerda acuse a direita de ser estúpida. Como se fosse a direita coincidisse com o estado de privilégio do nascimento - e a esquerda tivesse o privilégio de dizer o que deve morrer e ser enterrado, por disposição natural. Há direita estúpida e há muita esquerda estúpida, facciosa, preconceituosa. O império da estupidez estende-se por territórios extensos e não encontra fronteiras.  É pena, porque a experiência humana não é para ninguém um caminho rectilíneo, também há muitos caminhos difíceis. Há uma ontologia da vida que é do Ser Humano - a comunicação mais do que servir para ser distribuída à direita ou à esquerda, destina-se à partilha com outros seres humanos e à necessidade de nos abrirmos a alguém semelhante. Quando somos capazes de despir-nos de todos os rótulos e adentrar-nos, p...

O Mário e a Maria

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Tenho um amigo sábio de mais de 80 anos (o Mário) que diz que há certas pessoas que não conseguem viver sem escrever. Creio que era Agustina Bessa-Luís que também o dizia - confessava que era algo tópico, epidérmico: quando não escrevia sentia-se privada, privada de uma substância química essencial para o seu equilíbrio homeostásico. Tenho uma amiga, a Maria (bem mais jovem que os 80 anos) que também escreve e que lê muito (além de outras coisas mais interessantes, lia o meu blog). Não sei como se sente, se também é como eu, que precisa da escrita, como de um "comprimido" para o bom-humor.  Vejo a escrita como um "ruminar" que mastiga o mundo, o "meu" mundo. É uma actividade solitária, para lobos. Lobo Antunes será um desses lobos pois, tendo o ofício de escritor, considerou que para a ele se dedicar tem-se que se ser lobo. O nome Lobo não lhe fica mal então. Senti-me privado quase durante um ano desta escrita por aqui. Tenho-me dedicado a um outro project...