O que poderá uma santa do longínquo séc. XIV português dizer-nos 700 anos de depois? Exercício ousado para quem não é teólogo nem historiador… mas creio não dizer nenhuma asneira se disser que a vida na Idade Média era em geral bastante mais difícil do que é hoje e que vivemos num mundo muito diferente. Deslocamo-nos facilmente, comunicamos em tempo real para o outro lado do planeta, um número alargado de confortos e distrações está ao alcance da generalidade da população das nossas cidades. Confesso que sempre me causou alguma estranheza o tom com que é descrita a vida na “Salve Rainha”, oração atribuída ao monge Hermano Contracto, que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenau, no Sacro Império Romano-Germânico: “(…) A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E, depois deste desterro, nos mostrai Jesus, bendito fruto do Vosso ventre (…)”. Todavia, se tivéssemos em conta qu...
Ontem, numa peça jurídica, escrevia que uma mentira repetida muitas vezes se torna entretanto verdade. Vinha hoje a pensar no caminho para o escritório na amoralidade dum homem como Donald Trump: o que interessa é ser-se vencedor, preside a lei do mais forte. A América que era uma terra onde classicamente se distinguia o bem do mal, é agora uma terra da relatividade dos valores, onde cada um tem "a sua verdade". A invasão ao Capitólio, incentivada por ele, foi um atentado gravíssimo (talvez o mais grave de que há memória desde a guerra civil) às instituições americanas. Os processos de inquéritos demonstraram à saciedade a sua passividade naquele dia 6 de Janeiro de 2021, em que aquela mole humana convocada por ele para se manifestar contra os resultados das eleições, se dirigiu ao Congresso. O poder tremeu e podia ter sido um banho de sangue. Como uma das primeiras medidas após a sua tomada de posse há dias, resolve libertar os "reféns" presos... Como chegámos aqu...
Temos uma família alargada numerosa. A tia Maria José, casada com o tio Thomaz, o irmão mais velho dos filhos da avó Mi e do avô Augusto e meu padrinho é um elemento muitíssimo importante e de quem todos gostam imenso. Faz parte da nossa vida, habituámo-nos a contar com a sua presença desde novos e posso dizer que ela sempre acrescentou. É uma pessoa muito completa. Muito atenta aos outros, exerce como poucos a capacidade de escutar e interessa-se genuinamente pela vida das outras pessoas. É essa uma das qualidades que mais admiro na tia Maria José. Quando estamos há mais tempo sem nos vermos e nos encontramos, tenta saber de nós - e sentimos que não se trata apenas de perguntas de circunstância. Certas vezes, tenho tido a sorte de ir jantar a casa dos tios a Santa Isabel, onde a tia promove jantares com sobrinhos, nomeadamente aqueles (muitos) afilhados dos tios. É uma pessoa que reúne os outros à sua volta, que sabe unir. Não conheço ninguém que não goste dela. Tem sempre uma palavra...
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