Celebração do Gesto

No outro dia em casa dos meus tios Thomaz e Maria José conversava com um tipo muito engraçado que é escultor e se chama Luís Valadares. É uma pessoa criativa, excêntrica, que contou uma série de anedotas. Uma personalidade de artista. Falámos sobre Rodin e sobre o museu em Paris de que gosto muito, no 6 ème. 

Contava ele que certo dia lhe terá sido atribuído um lugar dentro dum edifício para desenvolver uma obra e que no mesmo edifício - que se bem me recordo seria em Montemor - havia outros artistas a trabalhar. Um deles seria João Pedro Croft, escultor de obras abstractas e muito conceituado no meio. Ora bem, parece que ao realizar a obra o Luís Valadares entrou numa casa de banho onde estava material  dentro duma banheira - seria gesso? - e pretendia pegar numa dessas massas de material para utilizar na sua obra, quando subitamente é surpreendido por uma rapariga muito nervosa que lhe diz para ele não pegar nessas massas de gesso, em forma quadrada, pois isso tratava-se da última obra de João Pedro Croft. Esses quadrados de gesso eram o molde das peças que lhe tinham sido encomendadas e não se podia mexer... O nosso escultor clássico Luís Valadares respeitosamente retira-se, intrigado. 

Nos dias que se seguem, enquanto Luís Valadares executa a sua obra de grande escala, João Pedro Croft passa por ele várias vezes, mas nunca pousa os seus olhos na sua obra. Certamente não seria digna que Croft nela os pousasse... arte menor.   

As quatro, cinco peças quadrangulares de Croft são o objecto comemorativo para a celebração do nascimento da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. São blocos ligeiramente amolgados e chamam-se "a Celebração do Gesto", o gesto de amizade Portugal-EUA.

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