Mário Cordeiro "Ele sabia e sonhava...", in Jornal i, 24 de Novembro de 2015
Entrou. Entrámos. Antigo 3.o ano, actual 7.o. Aula de Físico-Química no Liceu Pedro Nunes. Num anfiteatro, lugar ainda pouco conhecido por estudantes da nossa idade, mais habituados a “salas de aula”. Sentou-se. Sentámo-nos. Lá em baixo, com uma grande mesa, repleta de líquidos e de provetas, buretas, vasos e balões, o mestre começou a sua sessão de magia. Em silêncio, porque o silêncio é cúmplice dos grandes momentos. O mestre agarrou num balão com um líquido transparente e juntou outro transparente, produzindo uma mistura encarnada. Perante o pasmo geral, também ele silencioso porque, creio, de boquiabertos que estávamos nem um som poderia sair, juntou mais uma substância. O líquido entrou em efervescência e ficou azulado. Vertido para a proveta, que conteria algum “pó secreto”, ficou verde. Os “ohs!” não soaram porque o fascínio toldou qualquer reacção. O mestre continuou, fazendo truques sobre truques, misturando pós e líquidos de frascos e provetas diferentes, transformando