Transgressores

Uma cerimónia, tudo gente fina e bem arranjada. Tudo alinhado e bem comportado. Uma criança, ainda não perfeitamente acomodada à compostura desata num choro e não há nada que a faça parar. Quanto mais lhe "pedem" para parar, mais ela prime as suas cordas vocais. Então, num gesto decidido, pego-a ao colo e afasto-me.

"Já viu que está um lindo dia, Vicente, apesar de chover?! Vamos os dois ver a chuva cair ali junto do caminho?!" 

Debaixo do meu chapéu de chuva, eu e o Vicente observamos a força da água que, velozmente, corre pelas extremidades do caminho formando um ribeirinho. A sua voz embargada ainda pergunta: "esta água.. ela pode-se beber?" "Claro", digo eu "Vamos beber?!" E então os dois nos inclinamos e ele imitando-me faz uma concha com a sua mão e dá um trago naquela água fresca. 

Chegam a nós os adultos, uns minutos depois, nós divertidos com o espectáculo da chuva. Uma conversa séria prende-os: "estive a falar com o Luís e ele e a Terezinha estão muito, muito em baixo. A Teresinha está destroçada..."   

Nós molhados - , mas felizes - desarmamos qualquer repreenda: não se repreende ninguém molhado mas feliz!

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