VUCA e liderança

Chris Lowney, autor do best-seller "Liderança Heróica", que reflecte sobre a forma de actuar dos Jesuítas e sua história, considera que há determinadas características que fazem deles modelos de liderança para o mundo dos nossos dias. Antes de mais, o auto-conhecimento: saber quais as nossas características, os nossos pontos fortes e os pontos fracos.  O que queremos da vida? E o exercício permanente do que pretendemos e a sua recapitulação. Outras características como o engenho, ou seja a capacidade para viver num mundo de mudança, adaptando-nos ao mesmo e reflectindo de acordo com a nossa escala de valores (lembro-me dum curso de relações humanas que fiz com o Pe. Alberto Brito em que ele dizia que devemos ter UNIDADE, na CONTINUIDADE, com INTEGRAÇÃO). A coragem e mover-nos mais pelo amor do que por outras motivações.

O título da entrada hoje é "VUCA", acrónimo para "volatile", "uncertain", "complex" e "ambigous".

É algo que entra cada vez mais na linguagem dos gestores e que foi introduzido na nossa linguagem pelos militares. É assim que é cada vez mais o nosso mundo. E, segundo Chris Lowney, há que saber estar "confortável no desconforto".

Neste contexto, na minha opinião, não nos podemos contentar com leituras e respostas fáceis. Os fenómenos têm leituras múltiplas. O exercício de resposta é sempre uma aproximação, uma tentativa. Por isso, acho que é importante cada vez mais a liderança basear-se no diálogo, no estudo dos problemas, na observação da realidade.

O discurso político tem dificuldade de abarcar esta realidade. Acaba por ser muitas vezes maniqueísta, simplicista. 

Nota-se por exemplo que Lisboa tem mudado de uma forma muito rápida. Analise-se por exemplo o seguinte texto, publicado no Jornal "o Público": 

«É cada vez mais caro viver em Lisboa. No ano de 2018, a capital portuguesa subiu 44 posições no ranking sobre o custo de vida da Mercer, passando da 137.ª posição registada em 2017 para o 93.º lugar. Esta subida é a maior de sempre já registada nesta cidade. Segundo o estudo da consultora Mercer, divulgado nesta terça-feira, sobre os custos para os expatriados de viver numa determinada cidade, “os factores que motivam esta subida são maioritariamente decorrentes de variações do euro face ao dólar, mas reflectem também uma subida de preços generalizada da cidade nas áreas da habitação, restauração e combustíveis”»

Há reacções diversas a este fenómeno.  Um é dizer que o problema é meramente a especulação imobiliária. Eu diria que antes de mais que toda a realidade tem que ser contextualizada. Tem que se perceber as causas primeiras e segundas, as causas longínquas e a causas próximas.

Acho também que mais do que explicar a realidade, deve-se sobretudo tentar dar respostas aos desafios. É por isso que o discurso deve ser virado para a frente. Nisso é que consiste a liderança.

A liderança coloca antes de tudo questões. A primeira de todas é, para onde queremos ir?

No projecto de uma sociedade, queremos que ela se desenvolva de forma salutar, equilibradamente, de maneira sustentável. O problema da habitação é um problema real?! Será?

Creio que Portugal tem um problema que é o de ter uma muito baixa taxa de natalidade. Isso é sintoma que as pessoas em idade de ter filhos não se sentem suficientemente à-vontade para os terem. É possível que a razão se prenda com aspectos de ordem financeira. Talvez um alívio fiscal fosse importante para que as pessoas se sentissem mais seguras. Isto poderia dar-se, por exemplo, como propõe o CDS-PP pela dinamização do mercado de arrendamento: que as taxas IRS sobre o rendimento fossem mais baixas, para haver maior oferta no mercado, e assim, os preços baixarem.
Por outro lado, deveria um condicionamento do Alojamento Local nas Áreas Históricas das cidades, para permitir libertar mais casas para arrendamento (introduzir mecanismos de correcção).
Deveriam ser estudados mecanismos financeiros como o das cooperativas para haver maior oferta de casas. Ser obrigatório uma percentagem de habitação a custos controlados.

Um verdadeiro pacote fiscal incentivador da habitação. A rever todos os anos em sede de O.E.

Como diz o Charles Landry, ser orientado por princípios, mas ser tacticamente flexível. As medidas de ordem legislativa devem ser parametrizadas, medidas e avaliadas. Nisso é que consiste um Estado moderno, que é capaz de dar respostas rápidas aos problemas. O que precisamos? Precisamos de dinamizar o mercado de arrendamento para a habitação? Então tenhamos a capacidade de rapidamente pormos a mexer regimes que o promovam e tenhamos a capacidade de monotorizar a sua aplicação.  

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