Portugal, a minha terra


Tenho recentemente estado um tanto ou quanto virado para Portugal, tentando perceber este nosso país, para assim também mais o amar.

Leituras como "Portugal, o Sabor da Terra", do grande e profundo José Mattoso. Ele fala-nos das regiões do país. Com ele percebo hoje melhor Trás-os-Montes, o Minho, ou o Alto Douro.

Desde há cerca de um ano que fui lendo algumas coisas de Agustina Bessa-Luís. Que magnífica biografia "A Estrada e o Poço", nome estranho - não consigo ainda perceber a razão para o título... Mas o livro é muito bom e com ele se consegue ver essa mulher, que desde criança foi uma observadora atenta e inteligente. Autora que pinta a sociedade do Douro, por exemplo, onde a força das matriarcas se faz sentir. Dizem que a Sibila é um livro extraordinário, que marca o romance do séc. XX (ainda não o li). Talvez a Ferreirinha seja um exemplo disso mesmo.

Algumas coisas também de Vitorino Nemésio, todo um mundo diferente: os Açores, a sua ligação com esse mundo à parte e isso de ser "ilhéu". Foi outra das minhas buscas recentes; Nemésio, um homem que terminou religioso (como pode isso não acontecer a quem procura com as letras dizer do movimento das coisas?!).

Portugal. Buscado e nem sempre encontrado. Terra de muita diversidade: das laranjas do Algarve, ao moliceiro de Aveiro; das montanhas da Beira Interior, à planície alentejana e do touro das campinas, aos mosquitos dos arrozais da Comporta. Como abarcamos esta realidade dispare e, ainda assim, que dá toda pelo nome de Portugal?! Que olhar poético confere beleza aos gestos do povo, nos seus labores quotidianos? Onde se encontra o pulsar da vida?

Antoine de Saint-Exúpery canta a vida e os homens do alto dos céus. A sua poesia é a de quem vê o mundo cá em baixo, dando-se às coisas do dia-a-dia. Em Cidadela, canta essa vida vista do alto, enquanto em cada casa se alumia a luz à volta da mesa. É bonito.

Por vezes tudo muito explicado já é "explicadinho" demais. Precisamos dessas distâncias. Visto do alto, Portugal é um país bonito. As grandes massas de água do estuário do Tejo - com as terras de aluvião, numa enorme extensão e os campos agrícolas nas suas margens, as cidades e as serras que nela existem, tudo num grande ecossistema, um dos mais extraordinários da Europa seguramente; ou as paisagens moldadas pelo homem, como o Alto Douro Vinhateiro, uma obra de centenas de anos. É das coisas mais extraordinárias que temos.

Às vezes é preciso ver do alto, de longe. Aquelas imagens de países vistos do alto, filmes de Yann Arthur-Bertrand. Há todo um sentido e sentimento poético. Precisamos desse olhar  para perceber como respeitar o que temos e saber como melhor o amar.

Portugal visto do ar seria algo interessante. Perceber as suas linhas de força. Do alto! https://www.vip.pt/video-portugal-visto-do-ceu

 


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