Pedro Strecht - uma certa harmonia, notas sobre arquitectura, urbanismo e saúde mental infanto-juvenil

Num pequeno livro prefaciado por Siza Vieira, Pedro Strech aborda uma questão essencial: como é que uma casa, uma cidade afectam a saúde mental das crianças.
Todos nós sabemos intuitivamente que uma casa, uma cidade, pela maneira como se apresentam e se organizam têm consequências no bem-estar ou mal-estar das pessoas que as "habitam". Interessante é que esta abordagem é uma abordagem não apenas bem escrita, em certos momentos até poética, como também fundamentada teoricamente no domínio da psicologia.


É interessante ver como Pedro Strecht toca num ponto fundamental: nestes dormitórios em que reside uma grande parte da população portuguesa, como é que as crianças crescem?: "à criança e ao adolescente comum restam pois 12 ou 15 m2 de espaço diário (os seus quartos), sem possibilidade de se desenvolver em maior comunhão com a natureza, sem correr, brincar, expressar e realizar todo o tipo de actividade física que só o espaço livre permite".
E fala duma proposta:

"... uma certa harmonia, há casas que estimulam as crianças e os adolescentes a crescerem de forma saudável, banhando-as de luz, dando-lhes um espaço confortável, ligando-as de forma apertada ao seu meio familiar, à natureza e a elementos preponderantes como as árvores ou a água".




Aliás fala de 4 propostas, de 4 exemplos históricos de casas feitas à medida do ser humano e que o leitor poderá descobrir pela leitura do livro...

A sua indagação vai à raiz do problema: tudo reside numa busca de beleza ("a procura de um ideal de beleza pode corresponder à expressão de um desejo de unidade, coerência, profundo... e ligação transcendente, por oposição a uma vivência sentida como fragmentada, angustiante, dispersa ou demasiado concreta, sem espaço para a fuga que só o sonho permite").

Remata: "(...) construir casas e cidades onde as pessoas possam ser mais felizes e livres, sentindo-se mais integradas e sólidas nas suas experiências de vida afectiva e intelectual, vivendo um bom equilíbrio entre intimidade e partilha, usufruindo do melhor que elas podem ter, dar e receber, é simplesmente saber escutar e valorizar pontos essenciais da condição humana que são universais".



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