Diversidade Económica e Inovação em Lisboa


Cidades resilientes têm economias mistas e heterogéneas.
Com a viragem para o séc. XXI, Portugal viu-se atingido por uma grave crise económica, agravada em 2008 pelo contexto internacional…

Com um Sector Público que concentra mais de ¼ da população activa, a cidade de Lisboa, capital de Portugal, deveria fazer um esforço por dar o exemplo ao País duma dinâmica mais virada para ajudar a Sociedade Civil a ultrapassar as suas dificuldades, num horizonte que embora mais satisfatório hoje, ainda não nos permite baixar os braços. O modelo napoleónico de uma Administração Pública muito centralizada e burocratizada, vê ainda reflexos em sectores pouco eficientes como é o do universo da Segurança Social, onde processos relacionados p.e. com a obtenção de bolsas de estágios deixa muito a desejar. Como avaliar a interacção do Sector Público com a sociedade e de que forma temos uma Administração Pública amiga dos investidores? 

Pese a emigração sem precedentes dos nossos jovens (a nossa geração mais qualificada de sempre), aqueles que ficaram estão bem conscientes de que já não há empregos para a vida. O empreendorismo acabou por ser uma saída para muitos e na verdade esses jovens têm muito que oferecer aos bairros onde estabelecem os seus negócios e desenvolvem as suas ideias. Os locais onde se instalaram beneficiam agora de uma nova vida, inspirada também em experiências internacionais, em viagens e estadias realizadas por uma juventude portuguesa cada vez mais consciente das culturas estrangeiras e que polinizam a cidade com o recebido e vivenciado fora-de-portas. Hoje, com um telemóvel e um computador trabalha-se onde se quiser. Conseguirá Lisboa inverter o chamado “brain drain” que assolou o País nos últimos 10 anos? Qual o futuro do emprego?

A reabilitação urbana que se tem promovido nos últimos anos no centro de Lisboa, muito orientada para habitação para camadas de rendimentos mais altos ou para actividades associadas ao turismo, tem dinamizado um mercado que até há cerca de uma década estava sobretudo virado para a construção nova. Este fenómeno, rodeado de todo um sistema de incentivos melhorou o parque imobiliário da cidade e injectou dinheiro na cidade, permitindo também novos investimentos no espaço público. E Lisboa está nas bocas do Mundo. O que ao mesmo tempo é uma oportunidade e um risco. Será que está onda redistribui dinheiro pela economia, servindo de motor? Ou será um sector sobretudo especulativo?

Não há dúvida de que o turismo é uma forte vocação da cidade de Lisboa, que tem vindo por exemplo a aumentar globalmente como local para congressos e eventos, onde o prestígio de Lisboa se tem feito notar. Veja-se por exemplo a Web Summit. Mas sendo uma oportunidade, há que pensar estrategicamente e pensar que turismo queremos ter na cidade de Lisboa (o Governo está alerta e programas como o recente “Programa de Apoio à Captação e Realização de Congressos e Eventos Corporativos e Associativos” são muito meritórios). Há quem diga que Lisboa está a atrair muito turismo pouco qualificado (naquilo que se poderia chamarm “AirBNBização” do turismo), potenciado por muitos factores e pelas empresas low-cost. Nos centros históricos sente-se que o comércio começa a estar muito concentrado na oferta aos turistas e muito do comércio tradicional tem estado a fechar (contrariado por medidas legislativas recentes de apoio às Lojas Históricas). Como deve Lisboa, potenciar da melhor maneira a sua atractividade internacional em termos turísticos? Como evitar os impactos negativos do Turismo?

A Área Metropolitana de Lisboa concentra um número significativo de empresas com elevado grau de tecnologia e de I&D, sendo o espaço onde estão sedeadas aproximadamente 312.000 empresas. É também na região de Lisboa que o pessoal ao serviço nas empresas estrangeiras e em sectores de alta tecnologia tem mais peso, face à média nacional. Lisboa tem mantido um bom nível de atracção de investimento estrangeiro, sendo espaço de localização ou expansão de actividade de diversas empresas multinacionais, afirmando-se na atracção de centros de serviços partilhados e com grande potencial para serviços de sub-contratação. Em termos sectoriais afirmam-se as tecnologias de informação (software e internet), bem como os serviços de saúde e bem-estar. O que precisa uma Área Metropolitana como Lisboa de garantir para atrair empresas e centros de inovação? O que podemos extrair de exemplos como a Navigator, a Siemans, e a Auto-Europa?

Tendo em conta que o crescimento da economia resolve os problemas do investimento, da dívida, da sustentabilidade da segurança social e da pobreza, há quem preconize um modelo de Lisboa como pólo fundamental no âmbito duma estratégia Euro-Atlântica: aumento de exportações, reduzir dependência da U.E., compatibilização desse modelo com a nossa experiência atlântica e global, tudo assente num modelo de exportação de bens e serviços e de oferta de serviços de transhipment. Quais os pré-requisitos para que isto suceda? E qual a importância do Porto de Lisboa? Mas também nos perguntamos, sendo Espanha, França e Alemanha os nossos maiores parceiros económicos - que indicarão que o tráfego se fará por via terrestre, como pensamos no escoamento dos produtos para esses países?

Sendo que o crescimento económico dum país se faz através de apostas bem pensadas e com continuidade, que lugar para o ensino da inovação e do empreendorismo nas nossas escolas (durante a Troika acabaram as chamadas "áreas curriculares não disciplinares" como Área de Projecto, que eram formas de trabalhar em projectos e que fomentavam o empreendorismo; porque não se volta a criar algo semelhante?) e universidades (como é a experiência pós-Bolonha? Privilegiam as universidades a criatividade ou os cânones pré-estabelecidos e o  “respeitinho” pelos professores?!).

Se a nossa cultura é classicamente pouco amiga da inovação (veja-se por exemplo que até mesmo muitos dos novos empreendedores apostam nos negócios que “estão a dar”, como o crescente n.º de unidades de alojamento local a criarem-se; como vagas de negócios de venda de bolos, pratos e lojas revivalistas com o “Portuguesa” no nome… só para dar dois casos), como educar as novas gerações para um futuro incerto? Estarão os países latinos condenados a serem menos empreendedores que os países do norte da Europa, onde os jovens saem mais cedo de casa dos seus pais para irem estudar para campus universitários e assim viverem em ambientes mais criativos e de imersão e ebulição de ideias? Como se dá o equilíbrio entre homens e mulheres no que concerne ao empreendorismo?

A criação de condições para a fundação e fixação na cidade de start-ups nacionais e estrangeiras, bem como de plataformas onde estas interagem e a oferta de serviços que agregam valor é importante para criar um ecossistema de inovação que cria riqueza, gera postos de trabalho, receita fiscal e sinergias na cidade que potenciam os resultados.

Qual é o ecossistema de inovação de Lisboa? Quantas incubadoras existem? Quantos co-workings?

Um forte empenho da sociedade portuguesa na economia do conhecimento, baseado num crescimento sustentado, na qualidade e na inovação e orientado para aumentos significativos da produção de bens e serviços transacionáveis, manifesta-se como uma condição para um crescimento sustentável. Quando se fala em sustentabilidade fala-se numa sustentabilidade também ambiental, Que lugar para a economia verde/economia circular?


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma rainha em peregrinação

JMJ, começa agora!!!

A imaginação cristã para elevar o real