Tom Sawyers advogados e a alegria

Quando alguém disse que aquele jovem se tinha tornado advogado, ninguém queria acreditar. Era dos tais que não parava quieto, que andava sempre a inventar aventuras e que gostava muito mais de explorar rios e canaviais, do que estar sentado no espaço confinado duma sala de aula.
A questão mais importante a colocar era a de saber se esse seu "adestramento" tinha sido feito à custa de castigar os seus ímpetos libertários e de os sujeitar à disciplina férrea, ou se antes advinha de um crescimento interior: o mesmo é perguntar, se seria tal qual leão enjaulado, que ansiava o dia em que poderia correr pela savana, ou se se mantinha uma pessoa alegre, feliz.
Há pessoas que estão bem diante do papel, sentados à secretária. Que sempre foram pessoas concentradas. Num extremo, estas pessoas são "amorfas". Sid, o irmão de Tom era mais assim.


Há outras pessoas que estão bem no mexer-se, que não conseguem estar paradas. Num extremo estas pessoas são "hiper-activas". Tom Saywer era muito mais assim.

Focando-me agora nestas (os hiper-activos), creio que essa tendência para a hiper-actividade não é positiva e um certo retraimento poderá ser pedagógico: procurar um pouco de sentido e de propósito no que se faz é bom. Sou adepto de que o parar para pensar é bom. Adquirir alguns hábitos de reflexão é essencial, porque se não o que existe apenas são acções isoladas sem o mínimo de consistência. Agora, é absolutamente essencial perceber até que ponto uma pessoa com essas inclinações para a acção se poderá sentir bem estando muito tempo parada. Atulhar de papelada uma pessoa com essas características (uma pessoa que aliás pode ser uma pessoa muito criativa), pode ser matar a sua alegria. 
Onde pode procurar um Tom Sawyer a criatividade nas profissões jurídicas?
Há necessariamente trabalho jurídico para fazer sentado à secretária. Mas o terreno é muito importante. Nas profissões jurídicas temos que encontrar muitas pessoas e há muita actividade de conversar que pode ser feita fora do escritório. Manter-se informado sobre as coisas é tentar ir agarrando as coisas à nossa volta: os jornais que se lêem, as pessoas com quem nos cruzamos na rua, uma espera numa livraria e o folhear dalgum novo manual que saiu.
Na minha área, o imobiliário, andar pela rua é perceber o que se vai passando, as obras que estão a ser feitas. Por isso se calhar, quem é assim, pode ter um estilo mais "peripatético", manter o seu interesse pela rua e pelo contacto com os outros, diminuindo em si o peso das obrigações de secretária. Ao se tornar organizado e podendo delegar noutro esse trabalho de secretária, ele mantém a sua alegria. Manterá?!







  

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