Conversa em S. Domingos - o tesouro escondido no campo


Gosto muito de conversar com o Pe. Mário de Azevedo, um brilhante e culto homem que reza missa em S. Domingos na Baixa Lisboeta.

Aquela Igreja corroída pelo tempo é uma metáfora à nossa capacidade de regeneração, de continuarmos erguidos embora os ossos estejam já desgastados pelo tempo. Mas naquele tecto temos a imagem do templo que continua erguido, apesar de tudo. Na semana passada brincava também com o Pe. Mário que ele, dos seus mais de 80 anos era ainda um homem enérgico, que se dobrava para apanhar coisas do chão. Ele dizia-me que os joelhos ainda continuam bons! 

Bom, adiante!

Comentava com ele que passara a fazer parte da SEDES e que estava a gostar muito pois fazia parte dum grupo que comentava coisas interessantes e que estava a aprender bastante. Este ano esta associação faz 50 anos de existência e prepara um congresso para pensar o futuro de Portugal.

Dizia o Pe. Mário que Portugal não anda nada bem. E disse-me algo que me fez pensar que é de que é importante ter algum equilíbrio e não dar apoios a mais porque isso pode fazer com que as pessoas não queiram trabalhar. Ele conheceu pessoas que viviam "à sombra" do Estado, com apoios. Falou-me dum dinamarquês que vivia em Portugal e que não trabalhava porque recebia um qualquer subsídio do seu estado (a questão naturalmente não é exclusiva no nosso país). 

Quando viveu na América, o Pe. Mário conheceu emigrantes portugueses. E lembrou-me um episódio que teve com um emigrante da sua aldeia no Minho que vivia no Canadá e que lhe terá dito que ganhava 4 vezes mais, mas que também trabalhava quase 4 vezes mais.

Neste jardim à beira mar plantado há muita mediocridade. 

Muitos ainda acham que o ideal é trabalhar como funcionário público, dar os mínimos. É algo tranquilo, não podem ser despedidos. 

Esta semana pensava também naquela parábola do pai que se vira para o filho e lhe diz que no campo que eles vai herdar se encontra um tesouro. O filho herda o terreno e começa a amanhá-lo, a gradá-lo, não deixando nenhum canto por tratar. Passa anos e anos, pacientemente, a trabalhar nele, na esperança de encontrar o tal tesouro de que o pai lhe falava. E quase no fim da vida percebe o que o pai lhe queria dizer: o tesouro era o trabalho a fazer.  Foi isso que fez com que os seus dias fizessem sentido, que se considerasse ao fim ao cabo um homem rico.

E tem sido assim comigo. Trabalhar e trabalhar, acho que isso dá mais sentido à nossa vida.

Esta semana vi uma entrevista muito, muito interessante com o fundador da empresa Outsystems, Paulo Rosado. É uma empresa portuguesa com um sucesso extraordinário, presente hoje em todo o mundo. Dizia ele que uma boa parte da empresa está nos EUA, que era importantíssimo estar por lá para concorrer à escala global. Ele dizia algo semelhante ao Pe. Mário: talvez o segredo da América e do seu empreendorismo é que se eles não se mexerem nada lhes cai do céú... não há muitos apoios...

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