Maçonaria


Maçonaria. Que fazem homens com cursos superiores, supostamente inteligentes, vestidos com aventais e de mãos dadas? Que fazem homens que discutem leis, que as interpretam e aplicam de aventais e mãos dadas? Isto a propósito de projectos de lei agora na Assembleia da República. 

Ao tempo do Estado Novo proibiu-se a existência de sociedades secretas. Não estamos a falar da sua proibição agora. Estamos a falar de saber quais as fidelidades que unem certas pessoas e não se trata de "vida privada". Só será privada porque não é pública: à vista de todos. E elas são secretas, "discretas" se assim se quiser, porque constituem muitas vezes uma rede de interesses subterrânea. 

Parlamentares dos mais importantes partidos políticos são maçons. Temos descoberto que muitas pessoas hoje e nos tempos mais recentes, em lugares chave  da sociedade, da politica e do mundo financeiro também o são; assim como muitos magistrados. Os magistrados que julgam algumas dessas pessoas, que estão no banco dos réus, nomeadamente em questões de corrupção. Que solidariedades e fidelidades os unem? Onde está a democracia nisto tudo, quando hierarquias ocultas vigoram e que ficam fora do escrutínio publico? 

E porquê uma organização secreta? Ou discreta? Para lutar contra a ditadura?! Contra algum poder opressor? Qual?! Dificilmente percebo a razão de ser de uma maçonaria hoje em dia.

É mais do que evidente que este projecto de lei vai ser chumbado, o que prova que o poder existe. Aliás hoje em dia a maçonaria só existe porque é secreta, porque a sua razão de ser é justamente a de constituir um meio de entre-ajuda entre "irmãos", que se juram fidelidade. Creio que isto não se resolve com leis, isto resolve-se com uma imprensa atenta e que faça boa investigação jornalística. 

As instituições secretas e discretas podem permear redes de interesses. Enquanto cristão também não posso deixar de pensar na forma como a Opus Dei se organiza, como uma forma que me parece um pouco anacrónica nos nossos dias e que não me parece ser a melhor forma de ser católico (que significa universal) - mas que pode também permear alguma forma de poder oculto (o certo fechamento, uma hierarquia muito vincada, uma obediência pouco discutida ou discutível, parecendo uma espécie de "Resistência" em tempo de ocupação). Nasceu durante a guerra civil espanhola e a sua história muito se liga a essa clandestinidade, em que a Igreja foi perseguida pelos comunistas e republicanos. Mas hoje em dia não é necessário essa clandestinidade para ser cristão e a Opus Dei deve saber-se abrir mais à sociedade e não ter medo que isso aconteça, pois a novidade que trouxe à Igreja e ao mundo não depende desse "esconder-se": a santificação do trabalho; ou o ser cristão activo no meio do mundo secular, que se enriquece com ser aberta. Em Espanha sempre teve mais poder que em Portugal, em tempos de grandes clivagens. Não é uma entidade equiparável com a maçonaria, pois não prende aos seus membros nada de semelhante a essa fidelidade de entre-ajuda próprio da maçonaria. 

Na sociedade há certamente outros grupos mais ou menos discretos, como os chamados "clubes de senhores". Pense-se no Turf, no Clube Tauromáquico, etc. Criam certamente fidelidades. No entanto, o poder destes clubes é hoje em dia muitíssimo limitado e o verdadeiro poder não está certamente ali. São mais locais de cavaqueiras, onde se podem meter às vezes algumas "cunhas" de emprego para os filhos, pois não deixa de haver algumas pessoas bem colocadas, exercitar alguma nostalgia pelos tempos, dizer mal dos governantes e organizar votos de protesto, como o que se tem feito com o "Chega". Mas em geral são inofensivos.


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