A moeda de prata e a moeda de ouro


Quando era pequeno e abria e remexia em gavetas na esperança de nelas encontrar a própria razão da sua curiosidade, um conjunto de 3 moedas de prata, reluziu como tesouro inesperado. E logo o brilho da prata encandeou sua razão e fê-lo preparar um plano espantoso para que uma dessas moedas lhe fosse a si atribuída com propriedade, de forma indiscutível: pegou numa delas, saiu de casa de seu avô e pouco depois surpreendeu os adultos como o achado extraordinário de uma visita à rua... 

Os adultos pouco nisso repararam. 

Ninguém o contrariou, mas ainda hoje se pergunta a si próprio se no fundo alguém terá percebido o embuste, aquele embuste por si criado quando tinha menos de 10 anos de idade.

Passaram-se entretanto mais de 30 anos e, surpresa, um cliente seu, em sinal de gratidão pela assistência que lhe prestara enquanto advogado, sentados à mesa, estende-lhe numa pequena bolsa um objecto e diz-lhe: "isto é para si, muito obrigado pelo seu trabalho". 

Era uma moeda de ouro, um rand da África do Sul. 

Entre uma moeda e outra, passaram-se muitos anos. Uma era de prata e a outra de ouro. Esta talvez merecida, a outra não. Também em criança ambicionamos mundos de prata e de ouro. Mas por alguma razão esta pequena história guardou-a bem como lição. 

   
Max Gaisser, "o coleccionador de moedas"

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