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Conversa em S. Domingos - o tesouro escondido no campo

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Gosto muito de conversar com o Pe. Mário de Azevedo, um brilhante e culto homem que reza missa em S. Domingos na Baixa Lisboeta. Aquela Igreja corroída pelo tempo é uma metáfora à nossa capacidade de regeneração, de continuarmos erguidos embora os ossos estejam já desgastados pelo tempo. Mas naquele tecto temos a imagem do templo que continua erguido, apesar de tudo. Na semana passada brincava também com o Pe. Mário que ele, dos seus mais de 80 anos era ainda um homem enérgico, que se dobrava para apanhar coisas do chão. Ele dizia-me que os joelhos ainda continuam bons!  Bom, adiante! Comentava com ele que passara a fazer parte da SEDES e que estava a gostar muito pois fazia parte dum grupo que comentava coisas interessantes e que estava a aprender bastante. Este ano esta associação faz 50 anos de existência e prepara um congresso para pensar o futuro de Portugal. Dizia o Pe. Mário que Portugal não anda nada bem. E disse-me algo que me fez pensar que é de que é importante ter algum...

Maçonaria

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Maçonaria. Que fazem homens com cursos superiores, supostamente inteligentes, vestidos com aventais e de mãos dadas? Que fazem homens que discutem leis, que as interpretam e aplicam de aventais e mãos dadas?  Isto a propósito de projectos de lei agora na Assembleia da República.  Ao tempo do Estado Novo proibiu-se a existência de sociedades secretas. Não estamos a falar da sua proibição agora. Estamos a falar de saber quais as fidelidades que unem certas pessoas e não se trata de "vida privada". Só será privada porque não é pública: à vista de todos. E elas são secretas, "discretas" se assim se quiser, porque constituem muitas vezes uma rede de interesses subterrânea.  Parlamentares dos mais importantes partidos políticos são maçons. Temos descoberto que muitas pessoas hoje e nos tempos mais recentes, em lugares chave  da sociedade, da politica e do mundo financeiro também o são; assim como muitos magistrados. Os magistrados que julgam algumas dessas pessoas, qu...

Dança com Lobos

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  Estive a ver “Dança com Lobos” – um filme com Kevin Costner e   que trata de um soldado que vai para os confins da América, para uma região de índios. Fica sozinho num forte abandonado por uma pequena guarnição que, vendo-se completamente esquecida, parte de novo para casa. John Gunbar é um homem resistente. Ao chegar ao forte a sua missão passa por pô-lo em condições. Interroga-se sobre o porquê de certos actos como o de estarem tantos animais mortos dentro do lago, que vai tirar um a um – não consegue compreender a maldade de certos homens, que para se entreterem, matam por puro gozo. Entretanto, um lobo circunda o seu forte e passa a ser a sua companhia, uma presença que ele vai registando no seu diário. O cerne da história tem a ver com o encontro entre este soldado, John Gunbar e os índios Sioux. Estes habitam as pradarias circundantes e Gunbar é um dia surpreendido por um deles, enquanto se refresca no lago frente à sua cabana. A partir daí, sente-se denunciado e...

O Mar, a nossa última fronteira

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Um dos romances mais divertidos de Jorge Amado chama-se "Os Velhos Marinheiros". Li-o há muitos anos, não me lembro de tudo, mas ficou-me o traço duma fina ironia, um humor queroziano: uns velhos que se sentavam na praça de um pequeno vilarejo da Baía, no nordeste brasileiro, ouvindo histórias dum tal Vasco Muscoso de Aragão, que se auto-intitulava "capitão-de-longo-curso", contando aventuras em alto mar, que teriam o próprio por protagonista, sendo recebidas pelos demais com uma boa dose de cepticismo... Um dos meus amigos de juventude, de quem recordo boas aventuras percorrendo a costa portuguesa, é o Nuno Corrêa de Sá. Estudou Direito como eu, mas já adivinhava nele outros voos, ou melhor, "outros mergulhos"... sempre gostou imenso da natureza, cresceu no Canadá no seio duma família que sempre terá gostado do ar-livre e, em adolescente, chegou a Portugal, tendo-o eu conhecido estaríamos ambos a entrar para a Faculdade. A Maria Anjos, sua namorada na alt...

Raízes - nunca a sociedade portuguesa mudou tanto

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Certamente que a sociedade portuguesa nunca mudou tanto como nos últimos 50 anos. Os tempos aceleraram-se, as distâncias encurtaram-se. Em 2000 fui chamado para a tropa, terei feito parte das últimas centenas de jovens a fazer o serviço militar obrigatório. Foi uma experiência interessante, deu para pensar como é que uma instituição, outrora tão importante, era uma instituição sem meios e parada no tempo, onde os recrutas tinham que gastar do seu bolso para estarem devidamente equipados para a " semana de campo ". Fiz a recruta em Vendas Novas na Escola Prática de Artilharia e, 5 semanas depois, vim para Lisboa, para o Regimento de Transmissões, em Sapadores, ao lado do Bairro da Graça. Perceber quais são as raízes que determinam o que é um país, é retratar as instituições que condicionam o modo como as pessoas se desenvolvem e se afirmam, tornando-se naquilo que são. Estou assim a falar nos meios de socialização. Temos antes de mais, a família. O meio de socialização...

As condições do solo - Portugal

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Se fizermos uma bissectriz e dividirmos Portugal Continental com uma régua de Norte a Sul e de Este a Oeste vamos encontrar em cada uma das 4 partes, um país essencialmente diferenciado. Nesse ponto de intersecção não estaremos muito longe do concelho de Pedrógão Grande, vítima em 2017 do maior incêndio florestal de que há memória, que atingiu assim o coração do país e que se saldou num número de vítimas mortais impressionante. Foi uma dura e triste realidade que nos deve fazer pensar e tomar as medidas certas para que essas situações não voltem a acontecer. Portugal Continental tem 308 Municípios. Apesar da boa rede de estradas e infra-estruturas que nos unem e da maior facilidade de circulação, esta realidade pouco mudou desde o tempo da Eça de Queiroz, no tempo em que ainda se andava de carga às costas e os senhores circulavam em caleches, como bem nos conta o romancista da “Cidade e as Serras” ou da “Ilustre Casa de Ramires”.   O grande estuário do Tejo classicamente separo...

Black Box Thinking - para errar menos

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Em "Black Box Thinking - the surprising truth about success", de Matthew Syed, aborda-se a questão do erro e se aprendemos ou não com ele. Classicamente, há dois domínios que abordam a questão de formas diferentes: (1) a aviação civil e (2) a medicina. Enquanto a primeira, à custa de muitos acidentes e muitas mortes, foi criando mecanismos de aprendizagem, não receando criar comissões independentes e internalizando procedimentos de maneira a diminuir o risco, a medicina, contando com muitas vitórias, mas não menos erros, foi e é ainda muitas vezes avessa ao escrutínio - e isto tem como consequência que muitas vezes não diminui o grau de risco e que queda em novos erros. O autor faz uma abordagem muito interessante sobre as particularidades da medicina e do seu corpo profissional, que por razões de prestígio pessoal não admite pode cometer erros: basicamente uma pessoa que tem vocação para salvar pessoas e que o seu próprio amor-próprio está nessa função, dificilmente admi...